A descoberta, acompanhada do fazer poético, tem um ponto de partida e chegada que é a liberdade, e nela as impressões marcam a tomada de consciência pelo risco. Todavia, é sempre bom lembrar que o traçado alarga o horizonte, contaminando as inquietações, e insiste em seguir em frente com a experiência.

 

Seguir em frente com o que importa: na diversidade apresentada, entre resistências e preconceitos estabelecidos, temos um projeto que rompe em definitivo com a visão na qual a poesia é algo "difícil" e "elitista". Também desmistifica, no presente, outro tipo de visão arcaica de que esta maneira de transcendência sempre se apresenta de modo "hermético" e "intangível".

 

Na realidade, ao admirarmos a simplicidade do livro, encontramos singularidades que desafiam os riscos. Potencialidades contra qualquer tipo de preconceito. Perfazendo letras como traços, remoendo fricções e sentidos diversos nos espaços das páginas e imaginações dos leitores.

 

Ao mesmo tempo, o fluxo da edição bem elaborada demarca também um percurso coletivo e atinado por vozes líricas, sintéticas, prosaicas e visuais.  O eco transfigurado em visibilidade remete ao brilho e engrandece na fluidez das linguagens, nas quais a ressonância do silêncio encontra sua expressão nas curvas das linhas e alternâncias temáticas. Radiações e sinais na sensibilidade do olhar que olha, repara e acentua poemas para serem lidos e vistos.

 

O processo começa a partir do lirismo na procura das origens da criação poética. Seja uma procura consciente ou inconsciente, regida por um fantasma, pela moça desconhecida ou o desespero de um suicida, as relações se desdobram em artimanhas de uma travessia que arrisca sempre na experiência do verso que dá nome ao livro. 

 

Por outro lado, seguindo a rota do encontro, o sintético gira o relógio da primavera à espera do verão. E o prosaico alterna cristalino portal de reflexão, uma chave para a vida. Por fim, as palavras-imagens resplandecem lembranças que nunca se acabam. 

 

De Onde vem o Poema (Coletânea de Poesia, Alunos do 8o. Ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal  Agenor Alves  de  Carvalho, Bairro Nazaré, Belo Horizonte/MG. Organização e Coordenação de Teoria/Criação Poética do Professor de Língua Portuguesa Marcos Grassi. Belo Horizonte: Universo Paralelo Produções Editoriais, 2015) é uma obra eterna e plural.

 

 

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O livro: Marcos Grassi (org.). De onde vem o poema.

Belo Horizonte: Universo Paralelo Produções Editoriais, 2015.

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dezembro, 2015

 

 

José Aloise Bahia (Belo Horizonte/MG). Jornalista, escritor, pesquisador, ensaísta, colecionador e crítico de artes plásticas e literatura. Estudou Economia (UFMG). Graduado em Comunicação Social e pós-graduado em Jornalismo Contemporâneo (UNI-BH). Autor de Pavios curtos (Belo Horizonte: Anomelivros, 2004). Primeiro lugar na "Primeira Mostra de Vídeo-Poema Londrix 2012", 8º. Festival Literário de Londrina/PR, Brasil. Participa, dentre outras, das antologias O achamento de Portugal (Lisboa: Fundação Camões/Belo Horizonte: Anomelivros, 2005) e H2HORAS (São Paulo: Cronópios/Dulcinéia Catadora, 2010), dos livros Pequenos milagres e outras histórias (Belo Horizonte: Grupo Galpão, Editoras Autêntica e PUC-Minas, 2007), Folhas verdes (Belo Horizonte: Edições A Tela e o Texto, FALE/UFMG, 2008), Poemas que latem ao coração! (São Paulo: Editora Nova Alexandria, 2009), Rodrigo de Souza Leão: tudo vai ficar da cor que você quiser (Rio de Janeiro: Edições Pinakotheke, 2011), Literatura Futebol Clube (Rio de Janeiro: Editora Multifoco, 2012) e Revista Eletrônica Internacional de Poesia Intersemiótica FFOOOM Nº 2 (São Paulo, 2013).

 

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