richard hamilton: o crítico ri
 
 
 
 
 
 
 

 

 

A MORTE DE DEUS, DE CRISTO E DO HOMEM

 

Márcio Almeida

 

 

Ai dos homens que matam a morte por medo da vida! — Vinicius de Moraes

 

A Semana Santa é o evento em cuja ocasião o ser humano se reconhece insignificante dada sua finitude. Se ao morrer Cristo desencarna a própria eternidade do homem, morrer é o sentido da vida. A morte do homem Cristo sacraliza a vida eterna. O homem é mortal, ou seja, o homem é a morte que se espera. Frente ao impasse apocalíptico de a morte ser inapelável, invencível, então o que resta ao homem é morrer em paz — livrar-se do inferno da vida, da angústia da finitude, do sentimento de culpa que condena a vida a ser para sempre um eterno castigo. Daí poder se perguntar: ser eterno para quê? Porque a eternidade é a "certeza inacessível", pois, pelo contexto religioso, a morte não deixa a vida para trás. Ela leva junto uma certeza: só Deus é insubstituível. Para haver eternidade é preciso crer na própria morte, pois para a vida eterna a morte é o próprio sentido da imolação de Cristo aos homens. Há que pensar, porém, em algo mais profundo do que a morte em função de uma "eternidade preguiçosa", incapaz de provocar transformação universal. Porque o homem não nasce para simplesmente morrer em meio a um círculo vicioso, ou para, após morto, ser sêmen de nada. A menos que se pense como Pascal, para quem a morte é "soberba potência", que "faz da eternidade um nada e do nada uma eternidade."

A fé tem que justificar a eternidade do homem enquanto o homem vive, tal como fez Cristo. Porque Deus nada faz para o homem ser eterno. A morte é a possibilidade desse privilégio. "O medo da morte é a origem de Deus" (M.Blanchot). Por isso é preciso morrer bem, com decência, com ética, fiel a si mesmo, com uma predestinação feliz. A mesma divinamente decantada com  perfeição poética latina pelo Doutor Angélico São Tomás de Aquino em seu hino entoado no Sábado da Aleluia: Oh culpa feliz que nos fez merecer tal e tanto redentor.

A morte de Cristo reafirma a grandeza da vida por superar a tragédia de tudo que limita e escraviza. Epicuro disse: "Se tu és, então a morte é". A morte é assim a "purificação da ausência". Ela é, a partir de Nietzsche, a potência do negativo, porque, ele diz na fala de Zaratustra, "o homem é algo que deve ser superado." A morte é a "profundidade hiante", de que fala Mallarmé, ou seja, a superação do que anula a resignação na luta do homem em meio às incertezas de sua vida ser um abismo para cima. Por isso Rilke escreveu ser preciso "reforçar a familiaridade confiante na morte a partir das alegrias e dos esplendores mais profundos da vida." Annie Rottenstein pontua que há cerca de 60 mil anos a.C nasceu o homo sapiens sapiens com dupla sabedoria: a de saber transmitir o seu conhecimento e saber que vai morrer. E que por essas razões a consciência da morte tornou-se, para sempre, o eixo civilizador da humanidade, sendo também o que justifica os mitos e ritos como busca de respostas para explicar a ânsia de sentido.

Os efeitos da morte de Cristo hão que suplantar a ingenuidade dogmática de uma salvação do pecado, ainda que, segundo Atos, 2:23, a morte de Cristo obedeça a um determinado conselho e presciência de Deus. Para ser perfeito e reinar absoluto, sustentava Perseu, discípulo de Zenão, Deus nem precisa existir, pois Deus não pode ser maniqueísta como os homens, porque Deus não condena nem absolve — essas ações são típicas da mesquinhez humana baseadas em leis transgredidas a todo momento. A deslegitimação é o que provoca o caos na ordem de Deus, mas antes, no cotidiano humano.

No culto hebreu, havia um lugar chamado de propiciatório, onde o sacerdote colocava o sangue do cordeiro para implorar a Deus perdão para os homens de má vontade. Hoje, o propiciatório está no sangue derramado pelos crimes que matam inocentes nas ruas, na violência doméstica dos lares, nas guerras étnicas e religiosas. Está na realidade de quem morre simplesmente de fome, na pressão psicopata dos suicidas, na corrupção sacana dos sanguessugas que vivem (bem) sugando o sangue alheio. Está na imagem mórbida das prisões, cuja superlotação comprova os reflexos das (in)diferenças sociais. "Cada qual morrerá por sua própria maldade" (Jeremias, 31:30). Ao se tornar Redentor, cuja palavra significa o que resgata a dignidade da vida, Cristo cumpre uma missão humana, antropológica — a de ligar o homem ao homem — soteriológica — a de salvar a humanidade do caos absoluto. E, ao fazê-lo, segundo reflexão de Rilke, Cristo torna real "realizar a maior consciência possível de nossa existência". 

É sagrado aquele que não se profana. Hegel tem razão: "Com a morte começa a vida do espírito". Sexta-Feira da Paixão: Deus está morto. Graças a Deus. Amém.

 

Ps.: além das Bíblias, quem estiver a fim de se enriquecer em nível de conhecimento a respeito da morte, recomenda-se ler: Como deixei de ser Deus, de Pedro Maciel; O espaço literário, de Maurice Blanchot; A morte do homem comum, de Philip Roth; Elegias, de Rainer Maria Rilke, Ecce homo, de Nietzsche; A morte de Ivan Ilitch, de Liev Tostói; História da morte no Ocidente, de Philippe Aires; Biotanatologia e bioética, de Evaldo D'Assumpção; Morte, de William Butler Yeats; Igitur, de Mallarmé, entre outros. 

 

 

 

CULTURA: do pensamento para o entretenimento

 

Almandrade

 [artista plástico, poeta e arquiteto]

 

 

Nada mais desprezível e repetitivo do que certas falas sobre cultura que jorram nos congressos, seminários, na mídia, hoje em dia. A impressão é que houve uma perda da capacidade de produzir pensamento e a ausência de plateias seduzidas pela reflexão. Não se interroga a produção simbólica, faz-se reivindicações, relatos, comentários para animar um auditório acostumado ao olhar da televisão. Se algum dia na história, o filósofo, o intelectual, o crítico, o artista, o poeta ocupavam o lugar privilegiado de formar opinião, hoje, esse lugar é ocupado pelo produtor, o empresário cultural, o profissional de marketing. E a cultura é vista apenas como um agente de estímulo da economia de uma sociedade em declínio.

 

O discurso fica na superficialidade. Que a cultura é um bem de consumo, ninguém duvida, gera emprego, garante retornos significativos para a economia de uma cidade. Mas os profissionais do marketing, os políticos e os empresários ignoram na cultura a sua lógica: a do sentido, que ela é uma dimensão da existência do homem. "O que chamamos 'cultura', portanto é a ciência e a consciência com que o homem ocupa o espaço e o tempo de sua morada histórica. E o homem culto é aquele que cultiva essa ciência e essa consciência" (Gerardo Mello Mourão). A cultura é um conjunto de práticas por onde transitam uma autonomia, a experiência de uma saber e uma política específica. O patrocínio, que substituiu o antigo mecenato, reduziu os problemas da cultura às leis da economia e o poder do patrocinador acabou decidindo sobre padrões estéticos ou linguagens. Há uma valorização arbitrária de um produto cultural em detrimento de outro e a divulgação fica submetida a um jogo de poder de quem manipula direta ou indiretamente com os mídias e o mercado.

 

Somente com talento e invenção é difícil competir no mercado. Os profissionais que ganharam celebridade através do marketing cultural animam o espetáculo que faz da cultura um supermercado de entretenimentos. "Nos meios de comunicação, a confusão que se estabelece entre o princípio tradicional de celebridade baseado nas obras, e o princípio midiático baseado na visibilidade da mídia é cada vez maior" (Pierre Bourdieu). A cultura passa a ser apenas o que ela representa no campo da economia e da diversão. Enquanto se discute as leis de incentivo à cultura, não se discute a idéia de cultura  e as instituições culturais não cumprem o papel de difundir um princípio de cidadania cultural. Uma política cultural indecisa, calcada em princípios pouco profissionais que desprezam ou desconhecem o fazer e suas materialidades específicas. E sem trabalhos, sem críticas, sem um suporte que sustente a formação e a divulgação da informação não vamos construir nenhuma credibilidade cultural. "A arte age e continuará a agir sobre nós enquanto houver obras de arte" (Merleau-Ponty). E não discursos sobre as obras.

 

Uma cidade, um Estado, um País passam a ter uma existência cultural e conquistam um reconhecimento no futuro quando aprendem a respeitar seus artistas e intelectuais, quando aprendem a conviver e garantir as disparidades culturais. Entendemos que as instituições culturais como fundações, universidades, museus etc. têm um papel importante a cumprir na produção e divulgação da informação dos produtos artísticos acima de compromissos pessoais e políticos que ignoram a  natureza das linguagens artísticas. "No curso de grandes períodos históricos, juntamente com o modo de existência das comunidades humanas, modifica-se também seu modo de existir e perceber" (Walter Benjamin).  A produção cultural participa dessas mudanças com a tarefa de transformar a realidade dentro de um território determinado da sociedade e do pensar onde a cultura age. 

 

 

Almandrade na Germina

> Poesia

> Eróticos&Pornográficos

 

 

 

TODO COMEÇO É INVOLUNTÁRIO: ADRIANA VERSIANI

 

 

 

 

UFO ABATIDO - Deserto do Kalahari, AFRICA, 1989.

Depoimento dado pelo Sargento de polícia diretor de investigação internacional Anthony Dodd em Kalahari, África, 1989, quando um OVNI foi abatido por um caça Mirage munido de um canhão lazer experimental.

 

 

 

 

 

CARTA DE APRESENTAÇÃO DA NOVA EDITORA EMOOBY

[Primeira editora portuguesa dedicada à publicação de e-books]

 

Prezados Senhores:

 

É com imensa satisfação que comunicamos a criação da EMOOBY, a mais nova e moderna editora Portuguesa.

 

O nosso escritório situa-se na ilha da Madeira, na morada acima mencionada. 

 

A EMOOBY é uma editora digital, onde as publicações, edições, serão efectuadas numa  plataforma digital, contendo um vasto e diversificado catálogo editorial, reunindo inúmeros autores nacionais e internacionais. Nosso objectivo é utilizar os avançados meios de comunicação como a internet, telemóveis de última geração para assim expandir e promover a literatura na sua máxima expressão, a edição de livros, como também proporcionar a todos os autores e escritores maior facilidade e rentabilidade na edição das suas obras.

 

A criação da EMOOBY vai ao encontro das novas tecnologias e do futuro, das novas plataformas digitais, abrangendo assim um vasto público. Com a criação da internet, o  mundo  tornou-se mais informatizado, podendo e devendo ser explorado nas mais variadas formas, na sequência desta informatização e com o numero infinito  de utilizadores que poderão usufruir das publicações da EMOOBY. Com uma via de comunicação tão  vasta e acessível a todos, devemos utiliza-la para também informatizar e reeducar os novos leitores e as novas gerações. Cada vez mais os jovens estudam em plataformas digitais, devendo as varias entidades reestruturarem-se  de forma a tirar o melhor partido desta informatização.

 

Um estudo recente vem revelar que podem ser precisamente as novas tecnologias que voltem atrair os mais novos para os livros,  sendo um incentivo  para as crianças regressarem à  leitura. Das crianças inquiridas, 57 por cento disseram até leriam um livro, se fosse no e-reader. Um terço das crianças disse mesmo que até leriam mais se tivessem leitores digitais. E a prova de que as tecnologias estão a atrair os mais novos aos livros é que 66 por cento dos inquiridos disse que continuaria a ler livros impressos, mesmo que tivesse um leitor digital.

 

Por isso, apostando nas novas tecnologias, pode-se considerar que os e-books podem ter um importante papel educacional.

 

A editora EMOOBY terá ao  seu  dispor:

 

·       maior facilidade na edição das obras literárias

·       maior rentabilidade nas vendas e as melhores estratégias de promoção  das obras

·       tradução em vários idiomas e de excelente qualidade

·       campanhas para fomentar e incentivar o hábito pela leitura

 

A EMOOBY se define como editora digital porque publicaremos livros em formato virtual através de processos digitais que logo podem ser armazenados e lidos a partir da rede e descarregados para o computador de uma maneira simples e rápida, assim oferecendo uma excelente oportunidade para incluir ligações a Internet, gráficos e hipertexto (o que faz dessa plataforma a escolha ideal para edição de obras e textos de grande referência. 

 

Com tecnologia de ponta, a implementação e posterior manutenção do banco de livros contará com os devidos processos de digitalização das obras. Com o auxilio de scanners com capacidade de captura de alta resolução e softwares de OCR, documentos e diversas obras literárias poderão ficar disponíveis para os leitores através da nossa plataforma digital.

 

O processo de digitalização obedecerá, rigorosamente, aos padrões básicos como também o processo de avaliação  das obras contará com instrumentos próprios de acompanhamento, seguindo os critérios de avaliação que levarão em conta os princípios de eficiência e efectividade.

 

Com prazer, apresentamos a EMOOBY, sendo a nossa maior satisfação poder tornar-nos  futuros aliados. Afinal, nosso principal objectivo é constituir-se como uma ferramenta de referência e auxílio à cultura, ao ensino e pesquisa, como  também atender às expectativas e satisfazer as necessidades, tanto dos nossos leitores como dos nossos parceiros, oferecendo as melhores soluções para todos.

 

A EMOOBY vem competir no mercado globalizado, querendo antecipar-se às novas tendências. Porque Transparência, Qualidade e Tecnologia são fundamentais para nossa editora.

 

Aguardaremos o vosso contacto para eventuais publicações e obterem mais informações sobre os nossos serviços.

 

Apresentamos a V. Exa. os melhores cumprimentos.

 

Atenciosamente,

 

João Faria

Sócio-Gerente

 

Erika Faria

Sócia-Gerente

 

Contato: emooby@gmail.com

http://www.emooby.com

 

 

 

 

 

 

A IMPORTÂNCIA DO CAFEZINHO

 

Dois leões fugiram do Jardim Zoológico. Na fuga, cada um tomou um rumo diferente. Um dos leões foi para as matas e o outro foi para o centro da cidade. Procuraram os leões por todo o lado, mas ninguém os encontrou.

Depois de um mês, para surpresa geral, o leão que voltou foi justamente o que fugira para as matas. Voltou magro, faminto, alquebrado. Assim, o leão foi reconduzido à sua jaula.

Passaram-se oito meses e ninguém mais se lembrou do leão que fugira para o centro da cidade, quando um dia o bicho foi recapturado. E voltou ao Jardim Zoológico gordo, forte, vendendo saúde.

Mal ficaram juntos de novo, o leão que fugira para a floresta perguntou ao colega:

— Como é que conseguiste ficar na cidade esse tempo todo e ainda voltar com saúde? Eu, que fugi para a mata, tive que voltar, porque quase não encontrava o que comer.

O outro leão então explicou:

— Enchi-me de coragem e fui esconder-me numa repartição pública. Cada dia, comia um funcionário e ninguém dava por falta dele.

— E por que voltaste então para cá? Tinham acabado os funcionários?

— Nada disso. Funcionário público é coisa que nunca se acaba. É que eu cometi um erro gravíssimo. Tinha comido o diretor geral, dois superintendentes, cinco adjuntos, três coordenadores, dez assessores, doze chefes de seção, quinze chefes de divisão, várias secretárias, dezenas de funcionários e ninguém deu por falta deles! Mas, no dia em que eu comi o que servia o cafezinho...  Estraguei tudo!!!

 

 

NOTAS

 

Tomara que volte logo!

 

A revista Caos e Letras [www.caoseletras.com], editada por Eduardo Sabino, deixou de circular. Era uma das melhores publicações virtuais do país. Conteúdo selecionado, colaboradores também seletos, muito bem diagramada, um primor em tudo pelo bom gosto. Eduardo Sabino é um que tem tudo para detonar carreira de escritor com competência. Escritor sério e consciente, tem um trabalho em construção merecedor da atenção dos mais exigentes leitores. E uma pegada para a ensaística que empolga a renovação de valores de Minas numa área onde não pode faltar oxigênio.

 

 

 

 

Livro de Márcia

 

Em breve, os leitores terão o livrestreia de Márcia Barbieri, que é hoje uma das melhores ficcionistas brasileiras. Linguagem sutil, elegante, Márcia pensa a narrativa como quem dá de mamar a um bebê faminto, melhor: guloso. Ninguém perde por esperar.

 

Márcia Barbieri na Germina

> Contos

> Na Berlinda [Contos]

 

 

 

Maria Bethânia & a poesia

 

A iniciativa da artista Maria Bethânia de gravar 365 vídeos de poesia é louvável em todos os sentidos. A poesia precisa mesmo de maior visibilidade. Dar à poesia um viés visual com exibições públicas, em escolas, feiras, entre outros espaços é, com toda certeza, atitude de que se deve orgulhar. Ela entrou na lei de incentivo para captar 1 milhão e 300 mil. Seu cachê será de 600 mil reais. Tudo bem. Joãozinho Trinta já dizia que quem gosta de miséria é intelectual. Só levanto uma questiúncula: e o poeta, não recebe nada? Cederá seu poema em troca somente de divulgação?

 

 

 

Edimilson de Almeida Pereira

 

Guardem esse nome. Professor doutor em Juiz de Fora, com estudos feitos na Europa, e um dos poetas mais eruditos e criativos, Edimilson de Almeida Pereira vem desenvolvendo um trabalho rigorosamente importante e necessário à cultura brasileira. Na próxima edição vocês lerão aqui entrevista e análise crítica do seu livro Homeless.

 

Edimilson de Almeida Pereira na Germina

> Poemas

> Entrevista

 

 

 

Adriana Versiani & o México

 

A ficcionista e poeta esteve recentemente no México. Ela bem que podia, com a criatividade que tem, produzir um texto inusitado sobre sua experiência na terra de Octavio Paz, Frida Kalo e das pimentas mais ardidas do mundo.

 

Adriana Versiani na Germina

> Poemas

> Eróticos&Pornográficos

 

 

 

FLIPERAMA

        

Como neste país para tudo se cobra uma taxa — até mesmo em função de se obter informação oficial, como é o caso de prefeituras — a FLIP [Festa LiteráriaInternacional de Paraty] também cobra a sua, no valor de R$60,00 para cada inscrição nos concursos de poesia ou conto. Se 500 concorrentes participarem em cada categoria, a arrecadação será de R$60 mil, quantia que pagará os dois prêmios de R$12 mil, estadia dos vencedores e a edição dos livros previstos. Com um diferencial: ainda sobrará um lucrinho amigo para a instituição promovedora, que tem apoios federais, estaduais e municipais. O esquisito nisso tudo é autor pagar para ter o direito de concorrer em concurso literário, a exemplo do que se faz hoje a máquina institucionalizada de vender concursos públicos através de apostilas e cursinhos. A sociedade do espetáculo cobra ingresso caro até em mictórios de rodoviária. No caso das estradas, no entanto, mesmo com o pagamento nos entrepostos rodoviários, em boa parte da malha está um cocô perigoso e recordista de acidentes.

 

 

                                           © Ricardo "DONGA" Freitas

 

SE ALGUÉM SOUBER EXPLICAR, PELO AMOOOR DE DEUS, ME EXPLIQUE!

        

Flerte de âncoras: que sentido faz jornalistas profissionais como William Bonner e Fátima Bernardes, ou de outra rede televisiva, flertar durante a exibição do telejornalismo? Locutores esportivos: sobretudo os do Esporte Interativo, deveriam vir a Minas aprender que quem fala muito dá bom-dia a cavalo. Eles, os locutores de TV, falam mais que puta que esqueceu de pagar INSS. A locução é cansativa, enervante, chata, improcedente. A transmissão não respira. Eles fazem de tudo para se tornar mais importantes que os eventos que transmitem. Monopólio de filmes americanos: por que as redes de TV raramente exibem filmes europeus e asiáticos? Que lei, que contrato, que monopólio justifica a TV brasileira aberta só exibir filmes made in Holywood? Piscação neurótica de repórteres: às vezes, ao transmitirem uma pauta, a impressão que se tem é de que terão um orgasmo metafísico ou óptico. Um horror! Eles piscam tanto, que se fosse no tempo da guerra fria seriam acusados de espiões por estar transmitindo mensagens em código Morse. Programação de fim de semana: por que as redes de TV programam o que há de pior nos fins de semana? Será para agradar o hello crazy people com os programas bagacinhos? Outro horror... show. Super repetição de programas nas TVs Escola, Cultura e Brasil: essas emissoras estão repetindo programas com intensidade maior do que a de gago à beira do abismo. Alguns programas são repetidos a semana inteira, pior, em horários diferentes. Refletem a má administração, a pobreza programática, a falta de opção, o dedo do governo. Horrorível! Espaço a políticos: mas não a ações políticas. Não se justifica o espaço que as TVs dão a políticos brasileiros para falar abobrinhas e tentar passar ao povão uma imagem que eles já não têm. Não se divulga o que o país vem tendo de benfeitorias, sobretudo, para grotões onde só chega a famigerada Bolsa Família — o banco da miséria do Governo Federal. Enquanto houver um político no mundo, a humanidade não será feliz.

 

 

VANITAS VANITATEM

        

Põe reparo o(a) leitor(a) deste minifúndio virtual na onda de egotismo e de vaidades avassalando a rede como um tsunami que talvez nem Freud explique. É pura lacanagem. O mercado de loas só pode ser comparado ao do bazar de Dubai: a troca de firulas, de elogios questionáveis, os incentivos à mediocridade e à decadência, a auto-promoção, a fazeção de média na mídia eletrônica, tudo concorre para a pulverização da mesmice, do déja vu, do qualquer-coisa-serve, do produto imediatista e da concorrência do cada um consigo mesmo. É sempre oportuno, pertinente e inteligente relembrar o velho Pasternak: "a fama é reles". Meu Deus! Será que os "clássicos" da pós-modernidade estão sendo escritos com Q-suco de uva? Pintados com lápis de cera de crianças que só fazem "arte"? Filmados com tapa-olho de piratas? Dançados com as malhas de fuga de tetraplégicos, que só dançam conforme a dança do mercado? Compostos com a pauta da polícia política que acaba sempre em pizza? Fotografados com o olho de Lopsang Rampa? Cantados com o coral do marketing e da apperance da televisão?

 

 

PENA DE MORTE AO VIVO

 

O Poder Judiciário, em parceria com a presidenta Dilma Roussef e o povo sacaneado do Brasil, ou seja, todos nós, devia instituir a pena de morte tupiniquim, que consistiria no seguinte: para moralizar o país contra a camarilha de Brasília e de todos os estados e municípios, os condenados, ao invés de pagar cestas básicas, seriam levados intactos para uma determinada região da Amazônia e ali deixados vivos com alguns víveres por um helicóptero da FAB, com direito a uma coleção velha de Playboys, um radinho de pilha  sem reposição, uma faca de açougue, uma capa de chuva, um maço de papel em branco e canetas esferográficas, fitas cassete com o melhor do Amado Batista, tops da música sertanoja, 1 repelente contra sucuris famintas, um fardo de papel higiênico, 3 anzóis, sendo um olho-de-mosquito, 1 caixa de cotonete, 1 baralho usado, monitoramento de segurança via satélite para que durassem no mínimo 30 dias "ecológicos." Primeiro da lista: Jair Bolsonaro — racista, antidemocrático, preconceituoso, homofóbico.

 

 

 

março, 2011