1.

A palavra insiste, escorre
escreve errante
........retorna o tempo
........irrita a infância
...................
........diverte
........fascina
..........
Estar no mundo
........e viver os vícios.
Almandrade (Antônio Luiz M. Andrade), artista plástico, arquiteto, mestre em desenho urbano e poeta. Participou de várias mostras coletivas, entre elas: XII, XIII e XVI Bienal de São Paulo; "Em Busca da Essência" — mostra especial da XIX Bienal de São Paulo; IV Salão Nacional; Universo do Futebol (MAM/Rio); Feira Nacional (S.Paulo); II Salão Paulista, I Exposição Internacional de Escultura Efêmeras (Fortaleza); I Salão Baiano; II Salão Nacional; Menção honrosa no I Salão Estudantil em 1972. Integrou coletivas de poemas visuais, multimeios e projetos de instalações no Brasil e exterior. Um dos criadores do Grupo de Estudos de Linguagem da Bahia que editou a revista "Semiótica" em 1974. Tem poemas publicados em revistas especializadas. Publicou Poemas (Ed. do autor, 1988), Suor Noturno (Ed. Fator, 1993), Arquitetura de Algodão (Ed. Letras da Bahia, 2000), Textos Sobre Arte (Ed. Museu de Arte Moderna da Bahia, 2000). Mais aqui.

2.

Um ponto de vingança
um fio de fadiga
fuga do tempo.
É impossível vencer
o fracasso.
3.

A orquestra respira
respira fundo
desperta os ouvidos
toca sem fazer barulho.
4.

Acuidade de sábio
disseca a imaginação
.

...
depois
desorganiza o panorama
e a economia do visível.
5.

Vejo uma superfície,
um espelho,
onde minha imagem
se esconde.
...
Olhos de vampiro
que sugam a libido
de quem os observa,
enlouquecido
pelo fantasma do belo.
6.

Um oceano
calmo e mel
doce
mar e mais
azul erótico
absolutamente
feminino.
7.

Pesada solidão
esperar
é mais que
um verbo
um mar
de sentimento
e letras
a canção
navega sem
sair do lugar.
8.

A presença serena
do mar
entra pela janela
do décimo andar
a moça nua
e solitária
pinta um barco
se mostra para a baía
namora com as águas
do velho oceano
de Lautréamont.
9.

A fama engana.
Tudo que vejo
é o mundo,
menos a escuridão
que trapaceia o infinito.
Há muitos séculos,
o vento sopra
no mesmo lugar.
E o mar,
com a ternura do horizonte,
seduz a infância
dos sentidos.
O acaso traz o imprevisível.
10.

Uma pausa.
Longe, muito longe
apenas um piano.
A moça desenha
um real
com uma partitura.
Ela e a paisagem
fazem do poema
uma arquitetura.
vacila
vasculha