*

falo pêlos cotovelos

& bocas

 

enquanto o sol

 

subjuga as palavras adormecidas

em algum canto escuro qualquer.

 

 

 

 

 

receita

 

um dedo de cachaça

dois dedos em paz e amor

três introduzidos

em forma de concha

batata!

 

 

 

 

 

 

bilhete a uma puta pobre

 

mãe, fui embora com zézão, o cafetão da gigi, cansei de ser chamada de fela-da-puta, ele disse que tenho uma bela bunda, um bundão, e que no rio posso ser atriz de novela, e desculpe de o bilhete não ser de loteria.

 

                                                                  ass. alminha

                                                                  um beijão

 

 

 

 

 

 

*

no gozo se extingue

toda fúria som sede rede

todo líquido

magma ardência aderência

& a fome do próximo gozo

& a fome do próximo

 

jonas na barriga da baleia

uróboro fênix quimera adormecida.

 

 

 

 

 

 

*

escancaro sua guelra fisgada

em anzol

com gosto de sal

pororoca de pererecas em

meu rio

avultado

amplo

comovente mastro em iminente

solidão.

 

 

 

 

 

 

âmbula

 

mandíbulas

& fíbulas

perfurando o sexo.

 

um gosto de óleo

singer

escorre por tua beleza

impermeável.

 

 

 

 

 

 

noite de são joão

 

seja a capela

a virgem

a fogueira

a novena

a pipoca

o quentão

 

acenda a vela

que te ilumina.

 

 

 

 

 

 

*

esfregou o clitóris

dela

com tamanha

rudeza

com tamanha

falta de jeito

que seu ah

coube

em uma

casca de noz

 

foi prazer?

 

 

 

 

 

 

tio zaqueu e o menino laiu

 

laiu menino malvado enfiou sem a chapeleta inchada uma naja vupt!

no fotoscópio de tio zaqueu

 

o olhinho de porco do tio zaqueu ficou em flor

mas pegou gosto

 

ô menino bruto esse laiu, que falta de respeito

 

indignou-se tio zaqueu com o olho em flor

piscando em outras paragens

 

 

 

 

 

 

divina canção

 

envolver sua vulva

volvendo profundo

válvula vibrante

clávula ardente

aquariando-se tal qual peixe

aquitandando-se tal qual legume

engaiolando-se tal qual pássaro

alface-do-mar

toque meu pistão

meu sax

até a úvula, meu amor

 

 

 

 

 

 

orgia

 

passivo ativo reflexivo auto-masturbação

ah interjeições interrogações reticências

reticências reticências

peco na primeira pessoa oh língua de camões

irregular & plural busco por ti para cair de boca

na solidão de suas páginas abertas

objetos diretos & indiretos nos entre parênteses

de seus colchetes sujeito que predico com meus

complementos ponto de exclamação em riste

revolução da ação verbal sobre o sujeito oculto

que revelo

 

conjugo todos os movimentos passado presente

& futuro frenesi perfeito mais que perfeito imperfeito

convoco todas as pessoas à minha orgia verbal:

 

 

 

 

 

 

*

hérnias e meninges

o mantinham na espinha

encurvado magro e pobre

 

um dia em suas andanças

encontrou uma lâmpada

tens direito a um pedido

 

quero ficar ereto

 

o gênio que não era do mal

um bufão

sequer vacilou

 

dias depois

o infeliz do encurvado

foi encontrado morto

com o pau duro enterrado

nas tonsilas.

 

(imagem ©bluajs)

 

 
 
 
 
 
 
 
 
Leonel Delalana Júnior tem poemas publicados na Agenda da Tribo 2004, 2005, 2007 e 2008, no Jornal de Poesia e na Conexão Maringá. O resto é fazimento constante.
 
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