Conheci Marcel durante as eleições para a nova formação do Conselho Municipal do Meio Ambiente de Valinhos (CMMA), em 2015. Assim que o vi, pensei: esse jovem, tão sereno e quieto, certamente, não combina em nada com a combatividade que se exige de um membro de conselho com tamanha visibilidade e questões essenciais a serem resolvidas.
Enganei-me redondamente. E redondamente, diga-se de passagem, é pouco, porque a essa altura da vida, eu deveria saber que toda primeira impressão deve ser mal acolhida. Tinha de ser um engano, porque por trás da quietude e mansidão de Marcel o que há é um cidadão interessado e sensível a tudo o que deveria interessar e sensibilizar a todos: a proteção e preservação do que é nosso, do que nos foi dado como dádiva, e do que amealhamos com as mãos de nossos ascendentes.
Marcel, há de se destacar, herdou do avô, o grande fotógrafo Haroldo Pazinatto, o talento para as lentes, mas além disso, a enorme vontade de manter viva a memória de Valinhos que, nessa exposição, se confunde com a trajetória dos trilhos da Companhia Paulista de Estradas de ferro há 145 anos.
Sob as lentes de Marcel Pazinatto o que se vê, além da engenharia maquinária, é o amor à história correndo sobre trilhos.
Em cor, preto e branco ou sépia, as imagens se misturam, fundindo passado e presente: a placa perdida da companhia inglesa, o menino brincando em casa com o trem, o munícipe e sua marmita. Imagens bucólicas. A saudade. E a realidade bonita do mesmo jeito.
[Preciso confessar que sou absolutamente favorável ao transporte ferroviário como alternativa ao deslocamento rodoviário e para o carregamento de mercadorias, o que reduziria o valor do frete e a poluição das cidades brasileiras.]