©fernando laszlo

 
 
 
 
 


 

Uma das queixas recorrentes sopradas pelas mulheres, sejam raparigas em flor ou lindas afilhadas de Balzac, diz respeito à pratica milenar do sexo oral por parte dos homens.

 

Além de displicentes e pouco devotos, os rapazes, em particular os da novíssima geração, não estariam voltados para tal cerimônia como necessário. "Ou como antigamente", suspira o bloco da saudade.

 

O protesto do megafone do mulherio faz lá o seu sentido. Maria do Carmo, aquele rapaz que comprei do escriba Tarso de Castro e infiltrei nos banheiros femininos, anda espantado com o volume de reclamações neste tema tão nobre. "Os cabras estão chegando aos 30 anos sem saber sequer dar um bom dia a uma mulher", diz o meu assessor esquisitão.

 

Foi ai que lembrei de uma lição das antigas: a pedagogia da manga. Os mais velhos, sobretudo nas cidades e vilarejos do interior, aconselhavam os mancebos a chupar a fruta da mangueira como educação sentimental para o futuro homem na alcova. Além de saudável, o exercício evitaria queixas femininas como as que hoje reverberam nas nossas oiças atentas.

 

Outro dia lembrei do conselho e o retransmiti, rapidinho, no programa de rádio "Trip Eldorado", comandado por Paulo Lima, SP. Foi um estrondo. O que devo ter vendido de manga nas feiras do dia seguinte não está no gibi. A produção em Petrolina, terra que exporta a danada para servir de pedagogia além-mar, também foi nas alturas.

 

Olha a manga, olha a manga!

 

Chupar manga com gosto, lambuzando-se todo, como nas descrições feitas por Gilberto Freyre.

 

Não como o cão chupando manga, feio, mal-assombrado e sem jeito.

 

Jamais com assepsia ou nojo, como um "mauricinho" diante da vida. Como o medo do goleiro diante do pênalti.

 

Chupar manga com a devoção que devemos às mulheres.

 

O "amarelo manga" tingindo, tingindo de cor a face pálida dos amores.

 

 

 

 

 

novembro/dezembro, 2006