Fome
teus
olhos
são duas lamparinas
enriquecidas na
dinastia
dos
açudes
teu
sexo
também digo
cuia de precipício
ou
estrada de buquês
inesgotáveis
redime
o meu humano alvoroço
tua
pele
flora mais florida
carrega os mandamentos
da terra
morena
teus
lábios
talismãs acesos
tem as escrituras do vinho
e
aqui
começa o reino do poema
sem cabresto
teus
seios
pérolas
de mil sóis enfurecidos
alumiam as
antigas
cantigas de ninar
teu
nome
verbo soberano
porque é fogo solidário
lúcido
como
o princípio da chuva.
PUTA, por um segundo
e os seios
ali
pedindo um batismo
febril.
e que uma boca, mesmo desconhecida,
pousasse insana sobre aquele
aluvião
de carnes.
queria
naufragar. arrebentar toda
castidade
imposta
Primeiro incêndio
em
janeiro o nascimento
da chuva
liberta a angústia
do
camponês.
O vagido da fome vai
embora quando o pendão
do
milho verde se reacende
A esperança
se torna
húmus abençoado.
O sertão se torna
uma articulada
pátria
de serenatas.
em
janeiro
busco a oferenda
dos teus seios
(maçãs
conservadas
na oitava sinfonia do fogo).
AO PRONUNCIAR TEU NOME AMPARO O QUE
RESTA DO FOGO
quando digo
carne
trago
a
lembrança
dos
teus pés
transportando
a rotina do mel
quando digo
pérola
teu riso
é
mangará
se
abrindo na
queimadura
da terra
quando digo
cama
entenda
priquito
em relincho.
fôlego
em fenda
apartada
no pau