I
Acaricia
meu rosto com teu rosto
meu sexo
com teu sexo
Ondula
meu mar, me salga,
me trespassa,
reinaugura
a aurora entre meus seios
Venta em meus cabelos
Chove no meu
peito
Semeia e colhe
Acolhe
minhas mãos, meus olhos,
faz-me ser
tua
Porque eu desejo o teu desejo
Porque eu só me
encontro quando me procuras.
II
Tua língua
é chama e
pétala
na minha boca
Uma orquídea
rósea e fulva
se alastra no
meu ventre
Selvagem e pura
no meu corpo
te
enraízas.
III
Pões no meu lábio a cor escura das cerejas
Eu
coloco a língua purpúrea nos teus lábios
para colher a fruta
oculta no teu ventre
embebedar-me da doçura do seu sumo.
Então derramas vinho em minha boca
depois
lambes o rubro dos meus seios
e há um roçar de pétalas
vermelhas
transmutando seu perfume em chamas lentas
Até que irrompa o incêndio na penumbra
e suba,
incontrolável, um grito ardente.
Depois, tudo serena em meio às cinzas
e
mergulhamos no sono oloroso e fundo
com que os deuses
presenteiam suas fênix.