giro
 
pelo centro histórico de
joão pessoa
veneráveis
velhinhas
levam
piegas
seus
preconceitos
em
andores
católicos
com a pia ajuda do padre
pio
no puleiro
de galho de goiabeira
um pinto se constrange
pacaralho com a voz
de ave que tem
nesta idade
verde
 
 
 

volta por cima 1
 
preterido
o namorado
ia dar um tiro no ouvido
mas
descolou outro
namorado
&
continuou
gato
feliz
&
invertido
 
 
 

destino
 
ele ia fuder
com
a própria
vida
 
mas mas mas mas mas
 
foi pra sauna
arrumou
trabalho
casa
comida
 
voltou
sarado-ado-ado-ado
 
&
com
gato
malhado
 
 
 

 
 
 

teu pau pelo meu             meu pau pelo seu

teu pau pêlo meu             meu pau pelo seu

teu pau pelo meu             meu pau pêlo seu

teu pau pêlo meu             meu pau pêlo seu

teu pau                            meu pau

teu        pêlo                    meu        pêlo

      pau                                   pau

             pêlo                                   pêlo

               ^                                        ^

                 ^                                    ^

                    ^                               ^

                       ^                         ^

                          ^                   ^

 

 
 
 
volta por cima 2
 
deu
volta por cima
por baixo
de lado
atrás
entre
 
deu
até
parar
de
querer
dar
e
ter
vontade
de
recomeçar
 
 
 

o cinema de almodóvar
 
delícia mornardente
tua pombinha
estremecendo crescendo
na lenha serpente de meu pau
da minha língua bocafome
 
danação
do
cão
escarlate

hôme
 
 
 

e-mail
 
adoça o cazzo o cacete o caralho a porra desta saudade
amor
 
 
 

radiação
 
ah
 
amor-humor
 
me
ligou
 

ah
 
amor-homem
 
me
plugou
 
 
 
 
dádiva
 
                                           para adélia prado
 
 
      É

 

 

 

 

                                                 U

 
 
 
 
 
2 amores muchos mios
 
1. puttana mangiare mio cazzo
mangiare
pacaralho
 
& adespois mangiame plus
plus
 
io ti voglio tanto bene giulietta
 
          2. puttino
             ó puttino mangiame
             mucho
             mangiame
             tutto
             tutto mio maluco
 
& adespois mangiame plus
plus
 
putamerda yo soy loco por ti américo
 
 
 
 
 

meu cachorrinho

   
[            ] até que um dia  [         ]
 
     havia por natural um acorde
           [entre]
 
& os lençóis
& o tênis daquele cara [ara sô]
[naquela cidade]
 
então o e-mail  sul-mineiro 
foi frescal parar em gênova
 
tinha mesmo o mesmo destino
teus olhos de monotipias sépias
& garrafas garrafas champanhes
gelados
 
[ouve por hora estes violinos] 
          [agora as violas]
[este oboé]
          [& agora as guitarras estridentes]
[os clarinetes em uníssono]
 
& os metais & as cordas &
os sopros nos varais cheiram
a saudade de tua(s) língua(s)
em meu sexo
                                                 [
]
 
no pequeno dark room
ele aquele daquele  lounge lounge lounge
 

ô maluco lembra disto cara
puta prazer
lembra disto ô meu
lembra lambe lambe lambe  [
 
                 ]
 

ô meu cachorrinho

 

(imagem ©gal oppido)

 

Amador Ribeiro Neto é poeta, crítico literário, contista e professor. Barrocidade é seu livro de poesia (publicado pela Landy Editora, São Paulo). Organizou e participa da antologia Literatura na universidade — ensaios literários (Ed. Idéias, João Pessoa). Tem um conto em O amor com olhos de adeus — antologia do conto gay brasileiro (publicada pela Transviatta Editora, São Paulo). Incluído na antologia Na Virada do Século — Poesia de Invenção no Brasil, organizada por Frederico Barbosa e Claudio Daniel (Editora Landy, São Paulo). É Doutor em Semiótica: Artes (pela Pontifícia Unversidade Católica de São Paulo) e Mestre em Teoria da Literatura e Literatura Comparada (pela Universidade São Paulo). Professor de Teoria da Literatura dos cursos de graduação e pós-graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba. Tem inéditos dois livros de temática homoerótica: Agora É Que São Eles (contos) e Cara Vara Pau (poemas).