Eu canto do Soriano o
singular mangalho!
Empresa colossal! Ciclópico trabalho!
Para o
cantar inteiro e para o cantar bem
precisava viver como
Matusalém.
Dez séculos!
Enfim, nesta pobreza
métrica
cantemos essa porra, porra quilométrica,
donde pendem
colhões que idéia vaga
das nádegas brutais do Arcebispo de
Braga.
Sim, cantemos a porra, o
caralho iracundo
que, antes de nervo cru, já foi eixo do
Mundo!
Mastro de Leviathan! Iminência revel!
Estando murcho foi
a Torre de Babel
Caralho singular! É contemplá-lo
É vê-lo
teso!
Atravessaria o quê?
O sete estrelo!
Em Tebas, em Paris, em
Lagos, em Gomorra
juro que ninguém viu tão formidável porra
É
uma porra, arquiporra!
É um caralhão atroz
que se lhe podem dar
trinta ou quarenta nós
e, ainda assim, fica o caralho
preciso
para foder a Terra, Eva no Paraíso!
É uma porra infinita, é um
caralho insone
que nas roscas outrora estrangulou
Laoccoonte.
Oh, caralho imortal! Oh
glória destes lusos!
Tu podias suprir todos os parafusos
que
espremem com vigor os cachos do Alto Douro!
Onde é que há um
abismo, onde há um sorvedouro
que assim possa conter esta porra do
diabo??!
O Marquês de Valadas em vão mostra o rabo,
em vão
mostra o fundo o pavoroso Oceano!
— Nada, nada contém a porra
do Soriano!
Quando morrer, Senhor, que
extraordinária cova,
que bainha, meu Deus, para esta porra nova,
esta porra infeliz, esta porra precita,
judia errante atrás
duma crica infinita?
— Uma fenda do globo,
um sorvedouro ignoto
que lhe dá de abrir talvez um dia um
terramoto
para que deságüe, esta porra medonha,
em grossos
borbotões de clerical langolha!
A porra do Soriano, é um
infinito assunto!
Se ela está em Lisboa ou em Coimbra,
pergunto?
Onde é que ela começa?
Onde é que ela termina
essa
porra, que estando em Braga, está na China,
porra que corre mais
que o próprio pensamento
que porra de pardal e porra de
jumento?
Porra!
Mil vezes porra!
Porra
de bruto
que é capaz de foder o Cosmo num minuto!