©kerttu

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



Entre as consequências da pandemia está o confinamento doméstico imprescindível, que nos obriga a pensar duas vezes em tudo, mormente porque, ao sair da doença (o que poderá demorar muito) já seremos outras pessoas-sobreviventes. Onde foram as coisas que comoviam? Onde estão as palavras que mudavam rumos incertos, que apascentavam as aflições, que removiam montanhas, que acalentavam sonhos de crianças? Por que hoje o que existe no diálogo é a comoção que apenas esboça certa cumplicidade sem consistência? O que levou o ser humano a desiludir-se tanto: a violência ou os políticos? Que fim levou o sentimento? Por que o comodismo diante da mudança? Em nome de que virtude baniu-se do mundo a palavra amor? Por que construir eternidade sobre areia movediça? Como aspirar solidariedade metido em pijama? Por que tanta coragem para combater só a fraqueza? Por que tanto espanto para nada? Por que tanta dor quando tudo é previsível, tedioso, igual em destino e sorte? Para que chorar se não há consolo? Edificar história se o futuro é a incerteza, se o paraíso da promessa é o inferno do cotidiano patético?

Por que o dom da vida tornou-se mais um castigo? Por que os exemplos mais dignos traem suas convicções? Por que se permitiu ser a metafísica um discurso sem sentido ao arrepio da fome, da solidão e do medo? Por que a ignorância perturba a chave do outro lado da verdade? Quem ainda quer saber se a verdade é a causa que engana? A máscara que xeroca rostos de pessoas rivais em complacência? Por que destruir a natureza, se depois dela tudo será nada? Por que tudo a menos? Por que tudo em vão? Quem ainda se vê livre da "sonolência dogmática" despertada por Kant, se preocupa em alcançar a "perfectibilidade infinita", se tudo se perde no próprio âmago, se tudo se reduz às fronteiras do eu, se tudo se limita ao pensar imediatista como solução para problemas que não vão além da materialidade de cada necessidade? Por que tanta festa ao niilismo? Por onde andaria a "coisa em si", a origem das origens de tudo o que incomoda? Onde está a esfinge senão no vídeo da televisão? Por que as ciências não conseguem promover a longevidade? Por que o tempo é o limite? Por que a dialética, mesmo quando séria, parece uma ideia de contrabando e toda investigação leva ao ceticismo e este à estagnação?

Todo passado não seria um totem marmóreo, nostalgia que descarta a possibilidade de o homem futurar sem os limites temporais? O que pode, hoje, ser de fato uma virtude, uma referência original, se o homem não se conhece para progredir sem atavismos e preconceitos? Mesmo o Oráculo de Delfos não se transformou nos templos dos dízimos, no comércio da fé, na sedução pela mídia? Os deuses não fracassaram por não conseguirem fazer dos homens deuses, impondo Cristo como compensação para o merecimento da república terrestre?

E se o Sol se apagar, se o Sol explodir, se o Sol incandescer a "coisa em si", imutável, hegemônica, contínua, ilimitada, infinita? E se um elemento cósmico tornar-se simplesmente finito, ou seja, reduzido aos limites do homem e à alegoria da caverna? Por que o materialismo sempre vence a filosofia pela necessidade? Por que a física, para provar suas teorias evolucionistas, omite Deus? Quem então criou o princípio de tudo, quem deu origem à vida? Seria o universo uma grande piada para o homem rir de si mesmo e anular-se no labirinto das dúvidas? Palavras, números, conceitos, valores, místicas, tudo seria apenas vertigens diante do racionalismo divino? Por que o homem tem necessidade de materializar o não-ser? Kant, Fichte, Hegel... seriam tão somente "uns pobres diabos metafísicos pertencentes ao reino das almas do outro mundo"? Almas?  E depois? Por que a luz desde o Verbo, quando não cega pelo "pecado original", define-se como "uma perturbação"? Seria preciso fechar os olhos para ver melhor?

A vida é o "fluxo perpétuo" de Heráclito? O "eterno retorno" de Nietzsche? "O animal metafísico" de Schopenhauer? A natureza não dá salto, mas voa? Quando chegar o juízo final, a psicanálise vai dar conta do inconsciente coletivo? A soberania humana é ser nada, porque, como afirmou Sartre "o nada não é, ele é tornado nada por um ser que o sustenta"? Não penso, logo não existo, como definiu Papini. Somos os peões da misteriosa partida de xadrez, jogada por Deus que nos desloca, nos faz parar, nos põe mais adiante e depois nos recolhe a uma Caixa do Nada? Todo pensamento é uma paisagem de ideias? Pensar é agir na contemplação?





Roberto Carlos fez 80 anos no dia 19 de abril. Carreira apoteótica, sucesso absoluto como cantor/compositor romântico, Quando esteve em Oliveira (e eu estava na plateia), na década de 60, no Cine Maracanã, recebeu uma forte vaia, talvez em reação de inveja do público. Ele deve ter mágoa até hoje. E não é para menos.

Estrela de si mesmo, até hoje mantém o mesmo modus operandi em suas apresentações cada vez mais escassas. Quem ainda consegue ver ao vivo o ídolo pode se dar por muito satisfeito. Seu repertório ainda agora é composto por um estilo romântico-conservador. O cantor nunca foi dado a excessos.

Todo brasileiro sabe cantar uma canção de Roberto Carlos. RC está no inconsciente coletivo do povo brasileiro. Avesso a abrir-se em sua vida pessoal, muito recentemente veio a público — por insistência da imprensa — para confessar: "Não estou totalmente curado do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). No conjunto, uma das coisas que tenho do TOC é a higienização, lavar as mãos, essa coisa toda. Estou lutando contra o TOC. Lido com ele até de modo exagerado". Em relação à pandemia disse que "a ciência é que realmente pode orientar o povo, o que deve ser feito em relação à vacina. Defendo a ciência e tudo que alguém diz em nome da ciência".

Depois de tomar a primeira dose da vacina, pediu que seus fãs sigam rigorosamente as recomendações sanitárias. E lembrou que não gostaria que esses fãs — que são muitos — programassem homenagens pelo seu aniversário: "o momento de aniversário é sempre um momento de muita reflexão. Brindo sempre à saúde, ao amor, à felicidade e às bençãos do nosso Deus de bondade, amém".

RC, fazendo uma concessão, disse em rara entrevista recente que é fã do programa BBB, que em sua geladeira não pode faltar sorvete e que sente falta dos palcos, ele que prepara show no ano que vem no país, Estados Unidos e Europa, a gravação de "Um lugar ao sol" em dueto com a cantora paranaense Liah Soares, tema da próxima novela da Globo, além de um filme sobre sua vida.

Aos 80 anos, Roberto Carlos "é o mesmo de sempre", inclusive sua voz ao afirmar que "esse cara sou eu". 

Juntamente com Chico Buarque, RC é considerado o compositor que mais conhece a alma da mulher brasileira, tendo construído um universo feminino ao longo de sua obra. E essa obra passou pela Jovem Guarda, simultaneamente ao movimento musical rival de "O fino da bossa".

"Namoradinha de um amigo meu", "O charme dos seus óculos", "Os seus botões", "Falando sério", "Olha", "Cavalgada", "Outra vez", "Detalhes", "A atriz", "Amada amante" e tantos outros sucessos ajudaram a consolidar o repertório do "bom rapaz", assim como "Coisa bonita", tudo em "tremenda" empatia nacional.

Simplicidade inteligente, fidelidade a princípios éticos, a shows sempre de "casas cheias" e a um fã clube que só aumentou com o tempo; a escolha seletiva do amor como mote da criação romântica; a defesa contra ações ecológicas predatórias e uma religiosidade popularesca fizeram de Roberto Carlos rei da música brasileira. Vida longa ao rei.




©aroeira


O substantivo "merda" faz parte do repertório vocabular do brasileiro. É designativo não apenas de matéria fecal, excremento, dejeto. mas também de porcaria, desprezo ou repulsão em conversações plebeias. "Merda" é um nome universal, dito em todas as ocasiões e circunstâncias. Por exemplo em "Ninguém escreve ao coronel", o Nobel Gabriel Garcia Márquez cria o seguinte diálogo entre dois de seus personagens: "O que nós temos para comer hoje, coronel?" E o coronel responde: "Merda". O professor de antropologia David Graeber, da London School, publicou inclusive uma teoria sobre a merda, distinguindo nela entre "empregos de merda' e as "merdas de emprego" para separar o que realmente precisa ser feito: levar as pessoas aos lugares, construir coisas, limpar a sujeira. Entre ambas há conceitos opostos com valores diferentes no dissídio entre a remuneração e a produtividade do trabalhador. Gabriel Peters sugere que para desbloquear o texto de uma tese ou para "abrir" a inteligência para encontrar solução para um dado problema, o melhor é começar mesmo com "um parágrafo de merda por dia". Quando se quer qualificar uma pessoa como sendo insignificante, diz-se que ela é uma merda. No contexto coloquial há significados específicos para palavras como merdalha, merdança, merdice, merdícola, merdilhão, merdibuca, merdívoro, merdoso. No teatro antigo, mas prevalecendo ainda hoje, merda era/é utilizada na linguagem entre artistas para desejar boa-sorte antes de entrar em cena.

Dia 21 de junho, em Guaratinguetá/SP, o presidente Jair Bolsonaro enfurecido, fora de si, praguejava para todo mundo: "Essa Globo é uma merda de imprensa". E a merda se espalha: existe a canela merda, nome popular da nectandra megapotamica; tem o antúrio-merda, e musco della merda em barracões industriais e artísticos na Lombardia, Itália. Dom Dinis (1261-1325), rei de Portugal, impôs pena de morte para "homem ou mulher que a outrem meter merda em boca ou mandar meter". Caetano Veloso compôs "Merda" em 1986. Entre os poetas a palavra é predileta: Gregório de Mattos escreveu: "se não merda com mais merda". João Cabral de Melo Neto: "a merda, o lixo, o corpo podre, os humores". Ferreira Gullar: "explodo o meu sonho em merda". Paulo Leminski: "não há merda que se compare à bosta da pessoa amada". "Vão à merda" foi o despacho do presidente João Figueiredo (1979-1985) no telegrama de protesto que recebeu do reitor da Unicamp pela expulsão de um professor. No livro de memórias de Saulo Ramos aparece a expressão "juiz  de merda". O jogador de futebol e hoje político Romário retrucou sugestão de Pelé sobre sua aposentadoria, dizendo: "A gente já sabe que ele só fala merda". Em 2019, Milton Nascimento reclamou que "a música brasileira está uma merda". O desabafo da presidenta Dilma Roussef (2011-2016) faz parte dos bastidores da época da Lava Jato: "eu não vou pagar pela merda dos outros". Em discurso na cidade de Feira de Santana/ BA, Lula disse: "este país tem jeito. Não nasceu para ser a merda que é". Paulo Guedes se refere às transações econômicas como "impostos de merda".

O advogado criminal Luís F. de Carvalho Filho escreveu na Folha de S.Paulo que "o manejo da merda, ainda que em xingamento, vulgaridade ou escatologia, não costuma ter o cheiro podre de destruição que a boca de Jair Bolsonaro exala. O mesmo que governa é o que acelera o morticínio na pandemia. Merda de presidente, presidente de merda".




©rosalina brito | abaporu [releitura]


Um conceito musical


"Jazz é uma árvore que abre seus galhos à direita, à esquerda, para cima, para baixo, permitindo todos os estilos e oferecendo todas as possibilidades, cada qual buscando seu próprio caminho. Esta é a riqueza infinita do jazz, de sua criação espontânea e total" (Julio Cortázar).



Politiquês


Para entender popularmente a linguagem da política é preciso forjicar, ou seja, manipular, forjar a altercaçã0 da retórica dos "representantes" do povo nos poderes públicos. Eles têm um modo próprio de dizer as coisas, chamado "jargão", como o impoluto senador Collor de Mello. Ao se referir a um telefonema dado à sucursal da revista "Isto é", o ex-presidente, reunindo palavras ofensivas, disse que os brasileiros são apedeutas (burros, sem instrução, ignorantes), sicofantas (patifes), cáftens (gigolôs), provocadores de doestos (insultos). Por estas e outras Collor foi cassado.



O curioso Abaporu


Símbolo da Semana de Arte Moderna de 1922 e do Movimento da Antropofagia criado entre outros por Oswald de Andrade, Graça Aranha, Raul Bopp, o quadro Abaporu, pintado por Tarsila do Amaral é a pintura mais cara já vendida no Brasil (US$1,5 milhão). Abaporu significa "antropófago" em tupi-guarani: é o retrato do brasileiro de pés avantajados e cabeça miúda.



Pixinguinha


Neto de africanos, Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha, nasceu em 1897 na Cidade Nova, Rio de Janeiro, bairro que concentrava a maioria da população negra da cidade. O nome do músico surgiu da união de dois apelidos: Pizindim "menino bom" no dialeto africano falado por sua avó, e Bexiguinha, que recebeu quando ele foi vítima de varíola, popularmente conhecida por "bexiga". Para evitar esse nome depreciativo passou a atender como Pixinguinha. Aos 13 anos, compôs ”Lata de leite", seu primeiro choro; em 1917, a primeira valsa. Em 1937, o choro "Carinhoso", que se tornou grande sucesso do conjunto "Os Oito Batutas", criado por ele naquela década.



Lúdico e curioso


Assim é o livro Isso é isso, de Selma Maria, inspirado em Ou isso ou aquilo, de Cecília Meireles. O livro traz um desfile de expressões em ordem alfabética, com homônimos perfeitos que desvelam seus duplos sentidos em versos, rimas e trocadilhos, tudo para permitir melhor saboreio da linguagem e se conhecer a graça da linguagem, além de ser um exercício dos usos denotativo e conotativo. É o caso, por exemplo, de "conversar com meus botões", "fazer um galo na cabeça", "dar uma fita durante o jogo", "entrar em parafuso", "pegar no pé do texto", além da busca de novos sentidos e aplicações dos vocábulos.



Deus é 9 trilhões


O escritor Arthur Clarke (1917-2008) escreveu o conto "Os nove trilhões de nomes de Deus", editado em 1953, recebendo duas traduções brasileiras pela mesma Editora Nova Fronteira, a de Mário Morina Caetano, em 1978, e a de Jorge Luiz Calife, de 1985. A história narra uma confraria de lamas nos confins do Tibete que se dedica à recitação dos nomes de Deus, certos de que, quando o último nome for pronunciado, a vida no mundo acabará. Como a tarefa durará séculos, a missão contrata os serviços de um poderoso computador da IBM. Assim, em poucos meses os 9 trilhões foram declinados. Em todas as línguas onde foi traduzido, o trabalho de transcriação fez coautores. E se concluiu que Deus não é só um nome.



"O louco pode perder tudo, menos a razão"


"Por que me definir, me desenhar, me pintar, já que estou em vossa presença e me contemplais com vossos olhos? Como vedes, esta verdadeira dispenseira da felicidade que os latinos chamam "stulticia" e os gregos "moria" (...), eu, a Loucura, acho que quanto mais se é louco, mais se é feliz, contanto que nos limitemos ao gênero da loucura (...) já que não há, por certo, na espécie humana um só indivíduo que seja sábio em todas as horas" (Erasmo de Roterdam, Elogio da loucura).





Perguntar por que Batista, o andrógino, só sai publicamente quando faz barba, e pelos mendigos catadores de guimbas como sonâmbulos falantes. Plugar firulas picantes sobre personas freaks do Bar Travessia, preferencialmente ao som vocal desarmonioso de travestis sertanejovens com suas vozes magras e frouxas.

Esbanjar esgares perdulários no jardim da Praça XV, enquanto anedotas emilianas corrompem com gargalhadas o momento dominical pós-missa. Escrever com bisnágua algum propósito transcendental, e urinar em cima antes que o sol kantiano o seque. Tentar um teletransporte à moda do Spot para o quarto da adolescentow-of the-down. Repetir três vezes: "a ciência é a inteligência do mundo, a arte, o seu coração". Imaginar um affaire entre Carson McCullers e Camille Paglia. Pensar com os botões se Deus faria de novo o mundo. Filosofar sem compromisso teórico sobre hábitos, o alheamento da preguiça, o futuro pós-alienígena em minifúndio de Morro do Ferro. Pensar inseticidamente sobre a clandestinidade das formigas e, eticamente, sobre a política médico-hospitalar da esperança terminal. Guardar de memória o quadro dominguante do peão de touros e ensalivar um sopro ácido no pescoço sem pérolas da moça do parque. Imaginar a mão trêmula e gulosa adentrando as diferenças que tornam igual o prazer virginal em pânico.

Ouvir como um apelo intraduzível latidos de cães nerudianos. E de uma sala ensobradada o treino pianíssimo de uma "Pour Elise" cheia de espinhas no rosto. Conferir joaninhas numa folha de futura alface e abelhas felpudas disputando zangadas a rigidez rubra de um antúrio. Tentar adivinhar de quem são os cascos de ferradura que descem para o Cerradinho, e o que motiva tamanha eloquência dos cavaleiros madrugadores que até riem entre relinchos. Ou de quem é a voz de folha-de-flandre esmaltada que discute sobre a dúvida da classificação do país de chuteiras na copa de tio Sam, Sentir no nariz a poeira de julho secando a paisagem, o espirro transeunte, o pigarro tabagista velho e renitente, a garganta arranhando o alvorecer desatado em choro de nenê de bairro. E aquele foguetório fora de hora, meu Deus? Nas grimpas da noite será o marido festejando "mais uma"? Algum transeunte telúrico com todo ceticismo espantando disco-voador? Apostas de carteado entre compadres provocando a polícia? Aviso entre pescadores de que o caminhão para Iguatama já está recolhendo a turma do Funil? O Pity v-indo cantabile e sem camisa em sua carroça-mustang pela cidade entregando utensílios domésticos consertados pelo Zizi? O Joãozinho da Acinol com jeito de quem vai trocar a roupa e virar o Super Homem? A fila na Barraca do Mantega para pegar ficha pra comer torresminho sensual.

Perguntar a si mesmo quase sufocado: quem soltou o pum ardido durante a exibição do filme "O silêncio dos inocentes"? Estaria o marinheiro-filósofo Zinho, hoje, mais para Parmenides ou mais para rua do Sapo? O Lalau ainda sabe a escalação do Flamengo de 1959? Que fim levou o Arlindo entregador de leite do Sô Paulo Rocha? As partituras dos motetos de João da Matta — com quem estão? Cadê o Volks do tio Nelson Leite? O canecão do Marra Égua? O cavaquinho do Zico Cego? O silêncio periclitante do Uso Branco? As balizas do Vicente Avião? O legado do Múcio Lo-Buono? O sobrado da Figuinha? O busto do cai-n'água? A lagoa do Catiguá? Os colares da Sá Biquinha? Arievila é mais o que se perdeu, o que se lastima, o que se guarda de memória?

Pôr reparo na mulher de botas polichinelo, calça jeans abóbora, camisa verde, gorro gringo a la Guevara e aquela bolsacola a tiracolo ensebadíssima: o mistério é saber se ao abri-la, o dia poderá desaparecer, ou se um fogo-fátuo irá tragá-la em plena rua Direita. E vai por aí a dentro.


 

 

setembro, 2021

 

 

 

CORRESPONDÊNCIA PARA ESTA SEÇÃO

Av. Américo Leite, 130 – Centro

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