Manual para estilhaçar vidraças é todo ele um livro muito inteligente e que, longe de qualquer mesmice, mantém linguagem construtiva, inusitada, enriquecido que é por imagens consentâneas à temática "manual".
Os versos são como alegorias de pedras de uma filopoesia calcada numa "metafísica existencialista" (G. Felicíssimo).
O livro é exemplo de expertise poética. Os poemas são às vezes doces, de uma lírica pura; de outras vezes, ácidos — em função de suas significâncias, cuja temática envolve pensares sobre "manual", "estilhaços" e "vidraças" — tudo capaz de envolver o leitor pela polifonia, compondo — endosso Ítalo Campos — o "aprimoramento de um sentido único".
Um livro que dá voz a um susto, a uma surpresa que embala o estilhaçamento de construções vorazes de sentido.
O poeta-estilingue usa as palavras para desconstruir a linguagem lúdica e construir o seu espelho-arapuca ou uma moldura vital.
Comunicação e prazer, consciente e inconsciente, estraçalham o sentido mínimo em função da convivência com o ser de uma coisidade reveladora.
Trata-se de um livro ímpar, que alicerça o posicionamento de Jorge Elias Neto um dos melhores poetas do país. Ele merece a distinção.
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O livro: Jorge Elias Neto. Manual para estilhaçar vidraças.
Vitória: Cousa, 2021, 130 págs., R$ 43,00
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junho, 2021
Márcio Almeida (Oliveira/MG). Professor universitário, poeta, crítico de raridades e jornalista.
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