DOR FÍSICA saudade tenta me trespassar como aquela borboleta não entende vidro e se choca com o ar TOM MAIOR cantarolando um blues viajando na janela na poesia concreta dos prédios da cidade enorme maior só a poesia secreta da montanha a cavaleiro de tudo do céu azul e este sol recriando a luz do mundo PAISAGEM são quilômetros competindo com minha miopia de repente no meio de uma massa de prédios eu sinto sua casa eu vejo sua janela eu quase percebo você IRMÃ uma lua diferente fugaz cadente bela bem podia se chamar estela SILÊNCIO escuto a moto secante a cento e vinte tentando ultrapassar o vírus o medo de morrer de  amar MULHER meu sol interno lua se chama no inverno POR ONDE PASSA UM BOI através da panorâmica janela me entrou no pôr do sol um raio que refletia no prédio lá longe consegui fotografar até skyline eu fiz tamanha beleza sem par por esta mesma fenestra que hoje me traz aurora tanta cor entrando tanto coração que vai-se embora PRIMAVERINHA as borboletas passeiam seu voo de manteiga pela garoa afora se se molham não contam alegres que são LE CHAT o gato se insinua olhos nos olhos pele que roça que afaga que ronrona e toma conta MELHOR VOLTA belo é o parto do dia que nasce são tempos invernos mirai a luz que vem vindo vem se desviando veloz dos pingos da chuva que cai JARDIM SECRETO cajá manga manga espada espada de são jorge bogari mato que cresceu borboleta flutuando afora amor amora sempre sempre fora de hora IS THIS LÖVE meu amor se levanta antes da primeira aurora bebe café, fuma depois vem pro quarto tira a roupa e doido de uns cigarros proibidos vem me amar como se nada tivesse acontecido

 

                  

 

 

 

 

 

 

 

 

Pedro Cardoso Neto, o Pedrinho, sempre foi o último da sala, mas começou a escrever poesia aos oito anos de vida. Hoje, passou dos 60. É tradutor de inglês e trabalha com alimentação viva. Tem três livros publicados, Meu Amor por Ela (2019), Zenza Blues (2020) e A Voz do Rio.