©alexandre albuquerque
 

 

 

 
 

 

 

 

ABECÊ... NOTAS

 

 

Récua

Mítica

Fábula

Sol lá si dó.

 

Adágios

Aluás folias

Arrelias sanhaças

Ouvir.

 

Ouvir...

As notas, a natureza

a correnteza

o coração baticum.

 

As notas...

A harmonia

Flexão de sons e silêncios

As essências orfeônicas

A pastoral, a prima redenção.

 

 

 

 

 

 

BAILADOS, PASSOS

 

 

Milongas

Caxambus

Capoeiras

Bambolês.

 

Bamboleios

Requebros

Saracoteios

Viver.

 

Viver...

Os passos, os movimentos

os de angola

ritmados.

 

Os passos...

As valsas

As compassadas

As lambadas, os lundus

Os espaços demarcados.

 

 

 

 

 

 

CROMOS, TRAÇOS

 

 

Zahi

Prateada em cheia

Kwarahi

O sol amarelo.

 

Omi, as ondas marolas

Minguante

Crescente

Inspirar.

 

Inspirar...

Os traços a tela, a terra

o pastel

o atrito.

 

Os traços...

As matizes

A sombra, o risco

O calafrio, o vento

O eterno quadro, o grito.

 

 

 

 

 

 

 

DOSE, DIMENSÃO

 

 

Argila, madeira

O bronze

A pedra tosca

A fosca.

 

Uma obra um tratado

Um relevo

Uma ilusão

Afagar.

 

Afagar...

A dimensão, a essência,

o céu, orum

a obra sutileza.

 

A dimensão...

A forma

A poliforma

A metaforma

O produto poliedro.

 

 

 

 

 

 

 

ESSÊNCIA, REPRESENTAÇÃO

 

 

As arenas

Oficinas

Os autos

Os mamulengos.

 

 

Lágrimas, risos

O oprimido

O augusto palco

Sentir.

 

Sentir...

A representação, a ideia

a proposta

a dinâmica.

 

A representação...

O dito

O ato suassuna

O drama, o tablado

A encantação, a revolução.

 

 

 

 

 

 

FASCÍNIO, ENREDO

 

 

Mesmo abruptas

Amargas

Assadas

Enfezadas.

 

Zangas casmurras

Severinas

Vidas secas

Sorver.

 

Sorver...

O enredo mundo, o graveto

o chão freiriano

os riscos rabiscos.

 

O enredo...

O mote

O contexto

Esmiuçá-lo sabê-lo vivê-lo

O poema a prosa o cordel, o texto.

 

 

 

 

 

 

GRANDEZA, SÍNTESE

 

 

Movimento cor

Volume

Som

E texto.

 

A terra em transe

O sangue

O sol contestado

Ver.

 

Ver...

A síntese, o espaço paradiso

a tela encantada

o rito.

 

A síntese...

A imagem

A cena, a ação

A alma grandeotelina

A senha o mito, a consumação.

 

 

 

 

 

 

VERSO... VEEMÊNCIA

 

 

Verso

Cada uma das linhas

Além da folia dos sanhaços

Das linhas que alinhavam os poetas.

 

Verso

Alinhavado do outro lado

Arremesso oposto ao sistema

Poema, para além do sol sangue poente.

 

Ver... só

Versar e sentir solidão

Alheio à forma lugar e tempo

Sofrer a imensidão da existênci'azul anil.

 

Universo

Multiverso, o corpo da terra

Água fogo vento, sua intrínseca relação tátil

Pulsações galáctico-auditivas, sua sublime estrofe.

 

Travesso

As travessuras, verso

Avesso em pranto desvario, verso

O elo martelo-mito-bigorna o trilho, verso

Tosco inverso em perpendicular oblíquo, verso

Não verso... fuxico, a alegria arrelia heresia de versar.

 

                  

 

 

 

 

 

 

 

 


Ijail Francisco Amaral é poeta experiente, mas inédito em livro. A convite de Almir Zarfeg, marcou presença no volume IV da antologia ATL em Verso e Prosa!, editada pela Academia Teixeirense de Letras. Os poemas que ilustram esta página foram extraídos de Cacos de vidro, areia: abecê acidental, especificamente da 3ª parte intitulada "O Tecer", a ser publicado em breve. De um lado, o alto grau de experimentação e, do outro, a tocante consciência política marcam a poética de Ijail.