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riverside

 

 

riverside nós entretanto

tínhamos alguma coisa de velhas

joelhos funcionando até

primeira ordem ; [ano] da praia

de areias até um rio, não forçaremos

mais.

visões, não andaremos, terão sido levadas

às esgueiras

como se fossem entrevistas

o que fazem todas aqui à dar as mãos

em roda

perguntam em concordata,

responderemos que sim

e as cabeças afirmam

como à reforçar

uma negação

não estamos mais aqui

não saímos

dali

não foi

essa

a pergunta

 

 

 

 

 

 

produtos de caça. mira

 

 

viaja por hemisférios

que são

dália, três mil variedades

você, uma

calosidade perdida

e creolina 

— não justificam a espécie —

ajuda à destra

luneta c/ miocárdio

luneta c/ rifle

não faz tempo

que saí para ver

os animais noturnos

imitando o eclipse

às 6:30

e no verão

às 5:00

 

 

 

 

 

 

(sem título)

 

 

muito acima e provavelmente

de um lugar risível (até ontem)

que passassem de patins

peixes, você sabe

como me sinto, morrendo

de brilho e hoje o brilho

quica nas lonas

de tinta, você mira, você recua

e alguém agora é seu (próprio) espelho que se dobra

(até o futuro): saudações até quando?

quem pode ver isto, seu ingrato, caio

valério, a praia é uma divisa do seu

mundo com o nosso.

 

 

 

 

 

 

laura louch

 

 

laura louch entrará por esta sala

empurrando o queixo em dó menor

e constituirá estas coisas de sentido:

coqueluche ou raiva

essapulseiranomeiodobraço

coqueluche ou varinha de condão

aureola real segura seus dedos, tijolo

duro, escolhendo palavras, à maneira

de senha de cadeado;

surge a observação

:elas encaixam perfeitamente

com a figura tapa:

vão te dar

todos os motivos

vai ver o dia antiquado do tu

em suas palavras

vai de encontro

com um zunido

vai entrar por estas portas

um aviso no

jornal.

 

 

 

 

 

 

karaokê

 

 

enquanto no piano

alinha em uma nota

o linho da camisa

(sprechgesang)

que maneira de nomear

onde todos os idiomas se encontram

rendez-vous de línguas algo amplia

as salivas quando eu reafirmo

com um cochicho que amar

não basta encrava no meu quadril

e no teu um rodapé

ou traremos aceleradas as torrentes

e as carpas. (carpas:) esses calos das mãos

que vão se descascando

endurecendo a música,

todos os músicos tem dedos duros

de músicas matando a pele,

as notas feitas com as digitais

, mais maduras, mais maduras,

junto, um tapa

na cara de um violinista imaturo

que gritou quando o interromperam

de                 atingir                  o

 

(nosso rendez-vos de salivas o violinista

some com as borboletas as borboletas den-

tro do buraco do violino algum buraco de-

ve ter o violino eu sei que o violino tem

buracos as cordas do violino fiam as bor-

boletas os bichos de ceda colocam-nas

em 9.9 da escala Richter as asas se des-

fazendo fazendo o ouvido do violinista

escutar aquele zunido do mi menor

dos gritos de borboleta que ele diz

elas nascem        elas (se) partem).

 

 

 

 

 

 

(sem título)

 

 

estribilho oblivion

ou afastando ritornelo

amalgama

carrilando

suas memórias em

  em bolero

(uma pulseira em neon hospitalar)

confuso desconforto

é preciso sua presença

figurada de sossego

uma representação de cena

(que) ocorria

e se eu pegar este e(n)xcerto

de algum lugar bem escondido

vocês não vão nem notar

já os dias tem se interposto

entre o que vem se sucedendo

sem ser chamado ou até que baste

: o sr. de rollebon me basta

 com sua dondoquice

   após matar a facadas

sua amante

 

 

 

 

 

 

rinocerontes

 

 

o rinoceronte

entra e pede um café

no bar como se fosse

domingo ele entra pela

esquerda sai pela direita

entra

pela direita sai pela

esquerda hora entra e sai do

mesmo

lugar. as escadarias

ruindo, o rinoceronte

rumina

à sua esposa para

fechar

a porta, invadiram a

cidade mataram o gato da

vizinha, os rinocerontes

vem

vindo vestidos de

azul.

 

 

 

[imagens ©trent parke]

 

 

 

Stefano Calgaro nasceu em Porto Alegre (1991) e mora em São Paulo (pode-se considerar radicado em). Escreve no lerfamu.wordp ress.com.