I:6
das andanças bem aventuradas
...quantos carvões cabem numa fumaça? quantos pulmões dividem oxigênio com balões? e as xícaras? de onde trovejam suas asas? as elucidações em massa destrancam vários coxins na nuca. à esquerda, de antemão, a cortina bate palma conduzida pela cornucópia rente à botija de zimbro. o colar preciso vai certeiro, esfregando os ombros em cima do dique. antes, não estivera a dizer um marasmo em papel parede enrolado no baralho. depois do longo suspense, um olho arregalado senta na poltrona, uma última edição sobra na banca. em dado momento a valva dispara inerme na mandíbula do inválido, afunda três — ou mais polegadas do sargaço. em média, as coisas são pequenos sopros que se desmancham em penugens...
I:7
covinhas
em um pedaço de pão, atulhado de prescrições, covinhas chegam cobrindo milhões de olheiras. suas fadas usam as meias com manchas das sapatinhas. estalos entre os travesseiros, o sofá de marroquim realça o forro grisalho, o casaco e o ralo ainda por fazer...
...todos os pilares param em diferentes pontos ao longo do curso, na escadaria, forçam os calcanhares — prosseguindo devagar, depois de algumas pausas- todas as claves, estrelas, bichanos e flores misturam na veneta o rompimento que deslinda convulsivamente os dedos maduros.
passa um segundo, custa muito, passar outro segundo. quando menos se espera o terceiro segundo vem, voa para longe e parece arraigar na orla das nuvens sentado no meio do sono do mundo atrás do souvenir...
I:8
Ileuthyeria
destinam o começo da avenida preconizada por um canto introdutório sem infâmia e sem louvor. uma parte da segunda cascata ganha escotilhas enquanto deixa escapar etólios das lanternas em outras vinirrubras. o endereço propriamente dito termina em sulcos. sendo assim, integra-se marulhos
numa alcova, do outro lado insondável da esfinge, tirésias nas varetas são naxos de luz ( em média meia vesta, não mais que isso) aquilo que se foi, sentia constrangimento quando encarava-se de esguelha. por certo, ideogramas à maneira moscovita
iluminação ávida na luz. seria nictélia¿
pavões despojados, com tintura tireoidiana, escrevem na borda dos tendões seus cordones perto dos quios
toscanas perfuram oceanos por cima do embornal. (.·.) a meu ver, sucedem pilhérias de coches. depois de breves intervalos, sob a quilha amontoada, estava lá, as gavinhas enrolando suas cordagens. enfim, a língua que ventila o ar subterrâneo poderia ser da iracema — a doçura do apetite sobre a mesa com fome ressequida, quieta como buracos moveis
..
I:9
mawilda von meysenburg-
[ a ponte que leva ao céu]
{Antes}
...nos primeiros dias de gestação o derradeiro som transpira sinais de vida
o vasto corpo de universos, composto por oito braços, revela siddhartha
contra déspota, crianças nepalesas fermentam oceanos...
uma cena bonita acontece: uma gueixa enche o incensário de fogueira
a fogueira queima os trovões (que culminavam numa porção de relva)
.
.
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em sânscrito!
através do mediterrâneo
turbantes esfriam boa parte do sol
. .
chove sobre o vapor do incenso amanohashidate
.
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heroikes
tukhes peristasis
{depois}
mawilda entra na trama...do seu amor - arrebatador de penhascos - nasce uma
figura pelo mando e desmando da realiza queneu ( formulação cronida dissociadora
da fertilidade). um tempo úmido se move espumando arbustos porejados.
tragicamente, na sua face o poder delegado ao monarca dinástico fustigou-a sem piedade...
{agora}
como prenúncio, ela reside em tribichen, alquebrada, onde dispensa serenamente sua
pelerine nec plus ultra na ponte rialto
nivelada em palavras, apenas murmuradas, no bafejo melífluo dos transeantes com
exangues imberbes. mawilda não é mais a mesma. lembra servilha- o barbeiro- alojando
algodoados impronunciáveis no couro da sua boca de onde apanha arrebaldes rachados...
nota:
este episódio, terre à terre, não contem nada de grandioso
um inverno enredado de iresinas de uma longa desventura nas frinchas
<acerbidade>
remira versículos, espalpas mosqueadas da serenidade
falda banhada pela asperidade
reitera
amena seu conspecto na fronte
&
culmina nas penínsulas honoríficas
.
.
.
vita nuova
[jâmbica, de maneira composta por epístolas
hiperbato
...celebra poltrôes em vez de nomos
________
[La mer, la mer, toujours recommencee
O récompense après une pensée
Qu’un long regard sur le calme des dieux]!
PAUL VALÉRY
I:10
prolegômenos por similitudes
fragmentos nova-iorquinos
interiorizam stanley
anedotas e lendas
(fora do pacífico
espraiando
no bronx)
onde formas em laranjas
se bifurcam
ruptura que suspira 01
codifica utensílios 02
linha transversal 03
sobre sua voz arquipélago 04
polaroides 05
porção de eflúvios 06
rareia-se
hemisférios em torno do fogo
de dentro para dentro da cartilagem
metáfora contínua de um sentimento
desordem na condição de fecundidade
odisseias pouco atrasadas, sacralizadas
I:11
ostras e lascívias
patíbulo fala pelos adágios
por alguma preocupação
como que interior
embrionário
enochiano
pouco expressivo
a certeza do olhar poda
(ele que o fazia como ninguém
esquecer as chaves girando números)
tranca o coágulo, amolece
quebra a mandíbula
prende a maçaneta, a vontade
ergue um portal, a travessia lateja
o nome afoga
assim como as pessoas
orquídeas esparradas
ostras, lascívias
canículas
I:12
crenaque
dobrei minha maloca numa fedora
na massa cinzenta onde
uma língua crenaque
esfola fibras
de mortiços poucos k/h
no oeste
do juazeiro
antônio francisco
.
.
nas fronhas do seu cordel
incidência em ziguezague
crianças complexadas
por fanfarrões
caudalosos
em cavalos
espadas
alijadas
gastronômicas
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Claudio Castoriadis (Mossoró/RN). Poeta, músico e professor. Tem poemas publicados na Mallarmargens — Revista de Poesia e Arte Contemporânea e outras mídias. Edita, desde 2011 o blogue de poesia [claudiocastoriadis.blogspot.com.br] eleito duas vezes consecutivas o terceiro melhor blogue na categoria arte e cultura do Brasil pelo Prêmio Top Blog — um sistema interativo de incentivo cultural destinado a reconhecer e premiar, mediante votação popular (júri popular) e acadêmica (júri acadêmico), os blogues brasileiros mais populares que possuam a maior parte de seu conteúdo focado para o público brasileiro, com melhor apresentação técnica específica a cada grupo e suas respectivas categorias.