Insaciável

 

 

deus tem sede de nós

eu sinto

eu vejo.

 

deus sangra os passos da dúvida

adestra campos minados

eletrocuta a linguagem

 

diz o nosso nome

quando afundamos o corpo no mar

 

estende os dedos escorregadios

com eles construímos jangadas

atravessamos a noite

despojamos o tempo.

 

seus cabelos rasgam a pele da morte.

 

deus:

onda batendo nos cascos da barca

farol escondido na névoa

luz bruxuleando distante.

 

há uma enxada encostada no tempo

um canteiro rachado

uma flor galgando os degraus na alma

uma voz sumindo no silêncio. 

 

sou o exílio da noite

a casa vazia

o quarto onde deus se inclina

adormece a solidão.

 

na rua que atravessa o coração

deus brinca com bolinhas de gude

dança ciranda

joga amarelinha...

 

deus:

cidade despovoada

asilo para o cansaço

garça despontando no sorriso

 

deus tem asas feridas

remendadas com o pano da terra.

 

 

 

 

 

 

Oração

 

 

descalçar os passos da linguagem

é sagrado entrar no poema

galgar degraus oceânicos na palavra

dissecar o verbo

 

o fogo ardendo no sangue

vértebras incendiadas dançam.

é outono sobre os corpos deitados na grama.

 

deixo escorrer dos lábios uma canção

recolho os passos,

contemplo a raiz da vida ferida na luz

nada além

as paisagens extinguindo os olhos.

 

eu rezo

tento rodear de portas a tua ausência

inflamo uma lâmpada no mundo

qualquer coisa para descansar a realidade.

 

Rezo à tristeza

inalcançável estrela acesa em teu coração.

 

meus olhos se afundam em mim

o sangue tinge os lírios.

sinto um berço balouçando a cabeça ferida

a luz triturando os campos de sombras

a palavra suja de mundo

os espelhos

rastros enferrujados se abrigam no poema.

 

debaixo da pele dos guarda-chuvas

mãos trêmulas afagam a morte.

as formigas abrem um desvio na garganta da gruta

asfixiando a realidade.

 

a vida refugiada em goles de esperança

corpos simbióticos perpetuam a criação

cordas de violinos atravessam a solidão

musica do gênesis.

 

a noite encostada na flauta

rompe os coágulos do silêncio

rezo, morro, queimo

é inútil erguer uma prece dentro do poema.

 

 

 

 

 

 

Mística

 

 

mãe

dá-me a tua mão

estou trêmulo

 

agacho a voz no teu silêncio.

desisto de falar aos deuses

desconheço a linguagem das cacimbas

 

os místicos são fundos demais

impossível alcançá-los

não me foi permitido uma ponte,

tento uma corda

algo que torne possível a ascensão.

 

tenho um corpo

estou exausto de agasalhar silêncios

grito alto na cisterna seca

galgo as paredes rodeadas de lodo.

 

busco a chave

os dedos escavam a flauta soterrada

espero cair a chuva

ascender boiando junto às águas sujas.

 

Fora da cisterna o deserto,

prenúncio do encontro.

os místicos embriagados de deus

devoram os nós

trincada na alma a carne é flor.

 

tenho medo

os jardins nunca foram externos

estão dentro e sufocam-me

tudo é tanto que não caibo em tudo.

 

As margens enforcam-me

as canetas me escrevem no mundo.

 

sentado no umbral

contemplo a vela descosturar-se

acolho as cinzas no sepulcro

de joelhos espero os ceifeiro,

 

não há medo

há calma em ansiar as fontes

o corpo pesado degola o tempo

me faço regresso.

 

 

 

 

 

 

Ancestral

 

 

regresso agora à minha solidão

 

ergo monastérios

escavo templos

dissolvo relíquias em minha boca

visto um hábito costurado com a terra

adornado com ervas e pedras

 

os astros pronunciam meu nome

me faço luz

irradio poeira cósmica

 

regresso agora,

não há nada a dizer

contemplo os planetas possíveis 

me abismo no sorriso das crianças

 

em mim os deuses dançam

sentam-se a mesa da ausência

para comer os meus galhos apodrecidos

devolvem-me  ramos novos

depois regressam ao silêncio.

 

regresso cansado

adormeço aconchegando palavras

sonho uma luz bruxuleando nos quartos náufragos.

 

Alfonsina me chama

mas não posso partir

peregrino no instante

ainda tenho círios por acender.

 

os leões rugem em meu sono

não sei decifrar o canto dos lobos.

 

há tempos não sinto a angústia das pequenas coisas

apenas a alegria,

verbo conjugado no encontro.

 

às vezes grito,

não mais os arames farpados

mas as harpas

o fluxo continuo da solidão.

 

sou uma igreja arcaica

minhas paredes murmuram cantos gregorianos.

 

regresso agora

trago o tempo enxugado,

alguns poemas.

o efêmero sentido de estar aqui

 

despenco dentro de outra solidão.

 

 

 

 

 

 

Crepúsculo nas varandas interiores

 

 

                        "Anoitece, não há dúvida, anoitece".

                                              Eugénio de Andrade 

 

estou sentado nas varandas interiores

enfio meus dedos na garganta do violino.

 

a cidade teceu o pensamento do século 

atravessou com fibras de aço o coração das aves

ficou cinza o fundo da vida.

 

trago o pouco que me resta grudado nos olhos

os copos vazios deitados na mesa

a casa da infância poluída.

 

era sublime sentar-me no umbral

ouvir o córrego escorrer pelas encostas

desaguar em meu peito.

 

a memória emerge do fundo da saudade

o jardim onde crescem os retratos

comendo os instantes.

 

terrível solidão sente os rastros paralisados,

trago os olhos machucados de tanto carpir o tempo.

 

nos jardins da mente

as flores de arame cresceram

encobrindo os olhos do crepúsculo.

 

na casa da infância

os corredores escuros são atravessados por ponteiros

estacas enfiadas no corpo.

 

dói lembrar as outras mortes

prenúncio antecede a última morte

na qual não estarei presente.

 

espero chegar a criança

que há muito tempo regressa do deserto

desde que a abandonei sem provisões.

 

tantas margens a engoliram

hoje regressa

semeando lírios no coração dos anos.

 

ontem me olhei no espelho

encontrei duas facas cravadas em meus olhos,

descendo pelo corpo

abrindo os meus passos

 

enxerguei as calças sujas de barro

os olhos de terra molhada

os lábios madurando uma lâmpada

 

nada foi dito

esfriou-me a linguagem

foi um espanto a minha solidão.

 

faz tempo que eu parti

a criança ficou

 

jamais invocou os deuses

eles fugiram dos seus ombros

o cosmo lhe foi indiferente

não soube invocar o homem

desfez-se de toda revolução

 

os sonhos lhe escaparam

flutuando nas chuvas

a natureza agarrou as patas do seu cavalo.

 

defronte à janela escrevo

tentando encontrar outra paisagem.

as palavras,

arquitetos trabalhando em mim

 

já não posso dormir

a cidade consome os meus órgãos.

 

quero ir ao deserto

juntar as minhas mãos às mãos daquela criança

regressar

 

os meus olhos têm fome do sol.

quero entardecer rasgando miragens

descansar a sede em alguma fonte.

 

 

 

 

 

 

Completas

 

 

amanhã morremos

desabrochamos no presente.

compramos, sonhamos, amamos, rezamos 

mas amanhã morremos. 

 

abril parte em asas descosturadas

deixando apenas um nome branco

descemos todos ao ventre da angústia. 

 

dentro dos claustros abertos no silêncio

um monge queda de joelhos

sem conseguir se acasalar com o mistério.

 

o corpo, meu deus, é uma cruz pesada.

 

ficamos por conduzir as ovelhas  perdidas,

aos vales descemos iluminados

estavam secos os ciprestes 

 

regressamos engravidados pelo crepúsculo.

as ovelhas adoecem de tédio

ficou impossível amar os campos de trigo. 

 

ninguém ouviu as gotas de chuva soterrar a noite 

 

dias houve para acender o círio

mas a porta do espírito se encontra trancada

de nada adianta bater com as mãos fechadas,

só os lírios podem apontar a chave.

 

 

 

 

 

 

Casa em dezembro

 

 

A saudade queima os campos interiores

crepúsculos ardem na garganta.

Minhas paisagens estão ficando para trás

as cinzas do ontem transpassam-me

 

o tempo tem fome do meu corpo

fontes soterradas me gritam

as cadeiras pairam no pensamento

esburacando o enxame de ausências.

 

Acendo o fogão a lenha

o rio em meus olhos ficou poluído

dentro os corpos apodreceram

 

os rostos límpidos fecharam-se nos espelhos

doem-me os passos encravados no antes.

 

 

 

 

 

 

A menina de azul mastiga os espelhos fraturados

 

Regresso aos domingos
nenhuma casa para o descanso
xícaras podres exalam infância
habitam-me cozinhas vazias
córregos soterrando o nada
o mundo desfigurado.
A noite alça minhas âncoras
preservo as crianças interiores
essa espécie em extinção
de alguma forma
quando desce ao meu corpo
a menina de azul salva-me
mastiga os espelhos fraturados.
Descalço as sandálias
sagrado é entrar no coração
o amor
apascentar os pássaros
emergir nos corpos simbióticos
entrelaçados aos dedos de Deus.

 

 

 

 

 

 

Celebração do exílio

 

a mesa posta aguarda

chegar os passos cansados da longa travessia

os ramos da videira antes cortados

agora brotam lentamente

a vida cresce em meu jardim.

 

o sol seduz-me

farol sugando os olhos do girassol,

depois a chuva umedece os lábios do fogo

cristais de gelo rasgam o coração das nuvens.

 

nada importa

é o bastante ter vida.

 

cansei de inventar aquários vazios

ferver o sangue no caldeirão de espelhos

drenar as mãos escavando a melancolia

agora escrevo

o pensamento se inclina à morte

as pálpebras se abrem sob a solidão.

 

ouço tua respiração exalar rosas no inverno

atravesso contigo o passo do sol

adormeço em  teu colo

sonho uma casa no interior das romãs.

 

entretanto,

não posso situar os passos em teu mundo

devo regressar

enlaçar as mãos calejadas

arar a terra ainda inacabada

transfigurar os espelhos destilados.

 

nos límpidos lagos do tempo

cardumes de crianças nadam

segurando a flor luminosa da infância.

 

cai uma borboleta na folha branca

transforma-se em ácido

corrói a estrada da fonte

fica acesa na palavra silêncio

palavra estrela palpitando no infinito

um corpo apodrecendo no nada.

 

arde o sangue coagulado na ausência.

miragem alguma afoga a realidade

estou dentro do teu sonho

não há morte

as estradas não definham na boca dos calendários

o poço não se afasta dos lábios

tenho a sede agasalhada em grãos de areia.

 

 

 

 

 

 

Lar

 

 

                        "o que a memória ama, fica eterno"

                                                        Adélia Prado

 

as ruas estreitas, mãe, meio-dia 

por trás das montanhas regressam os automóveis 

entre eucaliptos, cipós e córregos 

 

papai carpindo a boca das ervas 

seu ventre rachado amargando correntezas.

 

quintal em minas,

as amoreiras se expandem lentamente 

seus galhos secos rasgam a memória 

debaixo delas estou sentado

 

as raízes cresceram por dentro dos meus olhos 

uma videira antiga, cortada. 

 

minhas irmãs estão colhendo mangas 

meio-dia, as amoras pesam em meu corpo.

 

entro pela porta da cozinha

contemplo a chaleira sobre o fogão a lenha,

a felicidade fervendo.

 

minhas irmãs trazem uma floresta de cactos na língua

as mãos impossíveis de alcançar o antigo. 

 

as ruas estreitas, mãe,

estão todas à mesa acolhendo o crepúsculo 

os pães famintos por olhos tristes

a esperança velada com cânticos e salmos. 

 

as cadeiras exalam amor

aquecendo a insônia ainda por vir. 

 

as crianças pulverizadas jogando futebol 

as ruas estreitas, meio-dia,

atravesso as varandas exclamando saudade 

saio para o terreiro

as abóboras dependuradas 

loucamente rodam os cabelos do milho 

 

de mãos dadas os amantes andam 

sustentando no beijo o cansaço dos homens 

as ramas ressurgem entre os corpos enlaçados.

 

os sinos se dobram no naufrágio das aves 

por dentro das flautas erguerei as moradas 

estou cumprindo a amarga liturgia

morrerei deitado na memória ferida.

 

 

 

 

 

 

Infância

 

 

há canções mortas grudadas no corpo

domingo nunca mais.

 

as roupas sujas de barro

araras, andorinhas, canários

fios elétricos cantando na solidão.

 

as aroeiras cresceram na ausência

seus galhos tortos ferindo os abraços.

 

as grotas invadindo o amor,

estranha saudade costurando a existência

os arames farpados esticados na linguagem.

 

mangas maduras esperando ser colhidas

mas outro é o alimento dos olhos.

 

aconteço dentro do suicídio cotidiano

os cadáveres gritam por dentro da angústia

estou por ser engolido pela fome.

 

 

 

 

 

 

Liturgia do exílio

 

 

há uma estrada irrompendo no encontro

anunciando a aurora

uma aurora além de toda aurora

uma possibilidade aberta ao infinito.

 

há uma porta fechada no poema

as chaves perdidas no rio

as fontes sumindo no tempo.

 

há uma mesa colocada no silêncio

uma cadeira vazia

uma flauta enterrada no peito.

 

há pássaros morrendo no canto

uma barca indo e vindo

levando os mortos

atravessando o silêncio dos vivos.

 

há malas vazias 

paisagens áridas habitando os olhos

rios secos 

mãos escavando a solidão. 

 

há rostos ardendo na saudade 

incendiando paisagens ausentes

apodrecendo dentro dos retratos.

 

há homens habitando as pedras 

esperando a chuva bater levemente as gotas salgadas 

sobre os seus olhos petrificados 

 

eles agacham o corpo 

afogam a voz

dobram os joelhos no silêncio

 

aquecidos nas grutas interiores 

afagam o cansaço do mundo 

acendem um círio na eternidade.

 

 

 

 

 

 

Os homens anoitecidos

 

caem da árvore da vida os homens anoitecidos

consumam-se na terra

são frutos maduros desesperados da vida.

pétalas molhadas na luz da solidão

esperando a noite despir a melancolia.

 

derrama a escuridão pelos lábios das grutas

miram os bosques

trazem os olhos segregados nos crepúsculos.

 

os cipós amarram os passos as águas da memória

as pernas rasgam as folhas da noite

misturam-se na tigela onde é sorvido o pão.

 

as laranjas crescem como balões assoprados

as sementes misteriosas batem contra os gomos

desejam romper as cascas e passar

contemplar as matas além das cercas de arame

desvelar as paisagens na ceifa das fontes

ouvir os canários domando o vento.

 

as formigas circundam à língua dos deuses

tapam com retratos os faróis

já não há olhos para alumiar as florestas.

 

eles sonham uma tenda em outras galáxias

um tenda remendada com o pano da terra.

insistem nas passagens

enquanto varas são enfiadas em formas de muro

impedindo os olhos de alcançar outras paisagens.

 

encostam os ouvidos nos lábios dos violinos

cantam uma música de sedas amassadas

contemplam o pensamento invertebrado,

o pensamento embriagado nas chamas

destilados na solução de minerais e álcool.

 

estão fartos de aquecer espelhos

cansados da inútil metafísica dos cosméticos

das formulas dissecadas em bulas farmacêuticas

das mascaras talhadas com bisturis.

 

os habitantes dos troncos chamam seus nomes

e o nome é o primeiro assassinato da solidão.

 

eles saltam os mares e afundam nas dunas

enquanto os estiletes perfuram a garganta dos poços

e as tardes vestem de chuva os corações ensolarados.

 

sabem estar enclausurados na felicidade

trazem partículas do mar grudada em seus olhos

despem as palavras

afundam no vazio dos vocábulos

recuperam as chagas abertas no tempo

espantam-se com os poemas em aquários de nuvens.

 

explodem à beira do vácuo

desvelam os olhos cansados do infinito

morrem abandonados à margem da ausência.

 

 

 

 

 

 

Amanhã, o retrato

 

 

os sinos dobram dentro de nós

suavemente anoitece

de alguma forma sempre fomos eternos

entre a exclamação e a vírgula nadamos.

 

hoje nos abraçamos

amanhã o retrato, empoeirado.

Tanto mato cresceu por cima da infância

fechando todas as portas da casa.

 

as ruas existem

perdidas entre as árvores

as ruas existem e dizem o nosso nome.

 

grita por dentro da casa uma criança,

canta embriagada

entretanto

os dedos não sabem alcançar as chaves.

 

andamos muito

meio-dia

sentamos à beira do poço

de nós só temos o caminho.

 

algumas malas esperam ser arrumadas

no pensamento,

um vento forte balouça a nau

 

aos nossos pés acorda o talvez

suavemente levanta,

estendemos as mãos para apanhá-lo.

desde cedo temos sorvido a possibilidade.

 

gelados espelhos

túmulos para descansar o tempo

a lápide, saudade

de alguma forma sempre regressamos

os pingos de café no fundo sujo das xícaras.

 

bebemos as últimas gotas de orvalho

sentados junto ao fogão

olhamos arder a lenha

a vida arde alto, queima, depois fumaça

de nós algumas cinzas restaram.

 

temos medo de não ter estado conosco

por vezes sentimos a vida como uma prece silenciada

talvez a existência nos tenha pronunciado.

 

ninguém sabe por que estamos aqui

por que rasgamos ondas

por que lavramos o coração nas águas do mar

ninguém sabe se estamos aqui.

 

 

 

 

 

 

Juliana

 

 

é incrível a simbiose da solidão

o encontro

desaparece as estradas em só caminho

o mistério dos abraços.

 

o silêncio cobre os olhos da aurora

desce pelos passos cansados

se estende ao chão.

 

viajamos

enlaçamos as almas

ferimos o tempo

galgamos as montanhas interiores

 

sonhamos um farol

uma mala para esquecer o cansaço

uma casa no centro do mar.

 

não vale a pena correr

temos apenas uma possibilidade.

devagar,

o crepúsculo adestra nossos olhos

ondas quebram as paisagens interiores

moem as flores.

 

somos a comunhão das estradas

conjugamos o infinito em um instante,

no vazio mergulhamos

plantamos os olhos na eternidade.

 

somos uma janela no deserto

em nós a noite,

o desaparecimento do instante.

 

a poeira agasalha nossa garganta

não importa

nossas mãos simbióticas escavam a noite,

rasgam o mar

inauguram um poema onde as palavras repousam.

 

habitamos a mesma praça

do coração.

dançamos enlaçados à musica da vida.

 

viajamos sem destino algum

é possível não chegar a lugar nenhum

importa o caminho

essa música decompondo os tijolos

 

os corpos cansados boiando nos instantes.
 

 

[imagens ©kate thompson]

 
 
 
 
 
 
 
 
Sandrio Cândido (Minas Novas/MG, 1991). Poeta e seminarista no Instituto Missões Consolata, em Curitiba, onde reside e estuda Filosofia. Tem poemas publicados na Revista Zunái, Mallarmargens Poesia e Diversos Afins.