pagopagu

 

pago pau pra vida

pago sarro careta

toda vez que amo

pago caro

no meio do caminho

pago pedágio

creio em deuses

a cada um deles

pago dízimos de meus eus

nas horas de esculachos

pago saco

cresço e relaxo

pago pelos pecados e sonhos

pago meu ópio

pago mico

E todas as contas do mês

 

 

 

 

 

 

Cê ené pê quê

 

Academia é o lugar onde o poeta chora

e a mãe não vê

escrever sangra e tudo que ele quer

é escrever para não morrer

 

 

 

 

 

 

Sortilégio

 

você vem sem promessas

como um paliativo

compressa

ansioso e com pressa

eu te benzo

com mel do meu vasum naturale

eu lhe lambo as pernas

o sexo

os olhos

o nariz

abraço seu poema

durmo na filosofia de sua noite

curta

floreio os seus sonhos

e no pôr do sol meu amor

pobre de ti

me amarás mais do que a ti

 
 
 
 
 

Cicatriz

 

Como poeta ninguém me quer

Como atriz ninguém me quis

Vou me aposentar meretriz

 

 

 

 

 

 

*

 

Ménage ao molho

Minha namorada me consola

Meu namorado consolo

 

 

 

 

 

 

Videbula

 

Mente sã corpo sã

não bula comigo

o espírito é de Iansã

 

 

 

 

 

 

*

 

nasci pele cor de ameixa

serei(a) sua escrava

sem cor(rente) e sem queixa

 

 

 

 

 

 

On brow

 

A vulva viúva fica off em vão

vibra e vela noite e dia

por ventríloquo varão

 

 

 

 

 

 

palavras da salvação

 

nossa senhora da poesia

que cada verso seja

um pedaço de pão

um corte para camisa

e o troco de orgia

 

 

 

 

[imagem © silverfuture]

 

 

 

 

 

 

Patrícia Giseli e Patrícia Giselia Batista fazem coisas diferentes e juntas compõem uma terceira pessoa que vive de cochichos com palavras. Como são duas, às vezes, quatro, é poeta, musa e cuida de todas as tarefas domésticas. Graduou-se em História e especializou-se em "Sociedade e cultura no Brasil". Tem alguns trabalhos teatrais e atua como voluntária na elaboração de projetos socioculturais, faz intervenções poéticas com bandas musicais e grupos de arte contemporânea. É sócia-fundadora da Associação Sociocultural Igor Vive (ACIV). Compartilha do Salão Nacional de Poesia Psiu Poético há quase duas décadas expondo seus poemas. Publicou poemas avulsos em coletâneas com outros poetas: Amar é abanar o rabo, org. Jovino Machado (2009), Antologia poética Psiu Poético (2010), Livro Diário do Escritor, da Litters Editora (2011-2013), Livro da Tribo (2012 e 2013). Foi premiada pelo Concurso de Contos, Crônicas e Poesias da Unimontes (2012). Atualmente é mestranda em História Social/UNIMONTES e prepara a publicação da plaquete Há uma flor no meu sapato.

Mais Patrícia Giseli em Germina
>
Entrevista