Renina Katz, S/Título, Óleo S/Madeira, 70 x 50 cm, 1960

 

 

 
 
 
 

 

"Não comprar pelo ouvido, comprar pelos olhos. Não comprar coisas que você não pode levar diretamente para casa. Por exemplo, um quadro de dois metros. Eu tenho, mas não aconselho a ficar comprando. Porque tenho uns três enrolados. Quadros bons! Tenho do Emanoel Araújo de mais de dois metros e está enrolado. Tenho um tapete do Delcio Uchoa de quatro por dois metros e não tenho lugar para pôr. Então, não comprar o que você não pode levar. É um conselho. Dar importância à trajetória do artista. Muita gente não dá! Fazer sucesso é fácil, manter é difícil. Não comprar obras atípicas de um artista. Um artista tem o seu estilo e de vez em quando ele sai do estilo. Então, não deve comprar, a não ser que você esteja apaixonado pela obra. Por exemplo, Volpi não é construtivismo? Você precisa ficar comprando estas paisagens de não sei onde? Eu não vejo o menor sentido. Compra-se construtivismo, de Volpi, que é dos anos 1950 para cá. Inclusive, em termos de mercado, aquelas paisagens valem pouco. Acho que o principal é isso. Cuidado com obras internacionais — isso valia até uns vinte anos atrás, mas hoje não vale mais. Porque você pode enrolar um quadro, levar para Nova York e vender. Antes não podia. Aconselhava-se não comprar obras internacionais porque era muito difícil de vender, mas hoje não. Eu comecei a ter coragem quando vi que era fácil transitar com essas obras".

 

 

Nelson Leirner, Homenagem a Lúcio Fontanna II, Alumínio, Zíper e Tecido, 180 x 50 cm, 1967

 

 

"Eu acho que arte é investimento. Para mim sempre foi. Por isso que nós — colecionadores de arte — não somos bem-vistos, de uma maneira geral, pela sociedade. As pessoas nos veem como mercenários, embora sejamos mercenários e mecenas. Fui mecenas várias vezes. Já paguei viagem para artista, já paguei catálogo, já fiz muita coisa... Com todo prazer, sem querer nada em troca! 'Eu te dou isto e você me dá um quadro'; não, nada disso! Fazia porque queria fazer, porque gostava. Acho que o artista tem que ter esta chance. Alguém tem que promover isto! Recentemente eu ouvi um colecionador dizendo: 'Eu não sei se sou colecionador ou marchand'. Na realidade as duas coisas estão envolvidas. Tem colecionadores que não gostam de contatos com artistas. Detestam! Mandam outras pessoas comprar para eles. O célebre Dr. Barney, que é uma pessoa lá da Filadélfia, ganhou muito dinheiro entre as duas guerras. Ele mandava gente em Paris comprar Renoir, Picasso..., mas ele mesmo não ia. E também não gostava de mostrar a obra e nem emprestar. Não é o meu caso, eu mostro e empresto. É diversão pra mim!".

 

 

Di Cavalcanti, S/Título, Óleo S/Tela, 63,5 x 54 cm, 1975

 

 

"Coleção pra mim significa ajuntar coisas. Então eu fiz um ajuntamento de obras de arte: esculturas, papel, óleo, objeto. A tela mais antiga que eu tenho data do século XIX e é de autoria desconhecida — eu a recebi de presente do Dr. Geraldo Parreiras. A segunda mais antiga é de 1909 e foi pintada por um artista do Rio de Janeiro. Depois destas duas vêm os modernistas, um núcleo dos anos 1970, um núcleo dos anos 1980, e já tenho um núcleo contemporâneo. Desta maneira, não existe uma linha específica em minha coleção. Eu compro o que gosto e para comprar eu tenho que sentir uma coisa esquisita... diferente! Tem que ter emoção! O meu colecionismo é dirigido, tem um sentido muito especial!".

 

 

Eduardo Sued, S/Título, Colagem de Metal, Óleo e Esmalte S/Tela, 19 x 24 cm, 1993

 

 

"Uma coleção é construída a partir de critérios pessoais. Todo colecionador tem os seus e, por isso, é muito interessante observar o momento em que alguém se dispõe a mostrar a sua coleção. É como se pudéssemos vislumbrar parte de sua personalidade, de seus gostos e de seu modo de viver. Eu posso dizer que a tarefa de se fazer um livro não é nada fácil, pois vários empecilhos surgem no meio do caminho. Eu gostaria de mostrar todas as obras que venho juntando ao longo dos anos, mas essa não é uma ideia viável. Não é viável por vários motivos, principalmente porque para publicar imagens de obras de arte é necessária a autorização dos artistas (autores) ou de seus herdeiros ou de suas fundações. Muitas vezes o conflito entre familiares e órgãos que cuidam dos direitos autorais dos artistas geram impedimentos para a publicação. Assim sendo, muitas obras foram excluídas do livro devido a problemas desta ordem. Quanto ao critério de escolha dos quadros, esculturas, objetos e fotografias que apresento, posso dizer que ele se baseou no meu apreço e no valor histórico-cultural das obras e dos artistas. Pensei que fosse mais simples, mas durante o processo de escolha os problemas começaram a aparecer. Fazer um livro em que participam várias obras e, consequentemente, os seus respectivos autores, é uma tarefa difícil. Somente o impulso de fazer e construir faz com que não paremos no meio do caminho. Uma equipe capaz, assistência jurídica e paciência são ingredientes fundamentais".

 

 

 

dezembro, 2009

 

 

 

josealoise@gmail.com