Mark Rothko, Untitled (Violet, Black, Orange, Yellow on White and Red), 1949

Oil on canvas, 207 x 167,6 cm. New York, USA, The Solomon R. Guggenheim Museum

Gift of Elaine and Werner Dannheisser and the Dannheisser Foundation

 

 

 
 
 

 

 

 

O retângulo é um quadrilátero que possui quatro ângulos internos retos. Um paralelogramo, ou seja, seus lados opostos são congruentes — mesma medida — e paralelos. O quadrado é um retângulo com quatro lados iguais. Uma das figuras simbólicas mais freqüentes, estático e antidinâmico; quase sempre está relacionado ao seu oposto, o círculo. O quadrado simboliza a Terra em oposição ao céu, ou o limitado em oposição ao ilimitado. Além disso, simboliza os quatro pontos cardeais. Foi usado geralmente como forma básica de templos, altares, cidades ou como unidade arquitetônica; por exemplo, no sistema simétrico românico. Na China, consideravam-se o cosmos e a Terra como sendo quadrados. Os pitagóricos viam no quadrado um símbolo da atuação unificada dos quatro elementos e, portanto, das potências de Afrodite, Deméter, Héstia e Hera, cuja síntese era personificada por Réia, a mãe dos deuses. Segundo Platão, o quadrado encarna, ao lado do círculo, o belo absoluto. No islamismo, o quadrado desempenha um importante papel em diversos contextos; por exemplo, o coração dos homens comuns era quadrado porque esses homens só têm quatro possibilidades de inspiração: divinas, angélicas, humanas e diabólicas (o coração dos profetas, ao contrário, é triangular porque está fora do alcance dos ataques do demônio). Na iconografia cristã, o quadrado é muitas vezes um símbolo da Terra em oposição ao céu. As auras quadradas de pessoas ainda vivas (antigamente) indicam, portanto, que sua forma exterior ainda faz parte da Terra. C. G. Jung vê no quadrado um símbolo da matéria, do corpo e da realidade terrena. O retângulo desempenha um papel particularmente importante na simbologia maçônica, sob o nome de quadrado longo. Nos templos maçônicos, encontra-se colocado quase no mesmo lugar que os labirintos ocupam nas igrejas. É calçado com lajes pretas e brancas alternadas, constituindo-se o piso de mosaico (BOUM, 94). Ele poderia ter três proporções (3x4; 1x1; 1x2). A segunda, que é a do número de ouro, assume geralmente todos os prestígios atribuídos ao "segmento áureo", e tais retângulos, chamados também de quadrado-sol, serviriam às evocações. Simbolizariam a perfeição das relações estabelecidas entre a Terra e o céu, e o desejo dos membros da sociedade de participar nessa perfeição. (Fonte: Rosan Marcos Bahia, professor, matemático e pesquisador; Dicionário dos Símbolos, Herder Lexikon, Tradução: Erlon José Paschoal, Licença editorial para o Círculo do Livro por cortesia da Editora Cultrix Ltda., 1985, São Paulo, SP, Brasil, e Dicionário de Símbolos, Jean Chevalier, Alain Gheerbrant e a colaboração de André Barbault, Tradução: Vera da Costa e Silva, 2ª. Edição, Livraria José Olympio Editora S.A., 1989, Rio de Janeiro, RJ, Brasil)

 

 

Mark Rothko, Nº 61 (Rust and Blue) [Brown, Blue, Brown on Blue], 1953

Oil on canvas, 294 x 232,4 cm. Los Angeles, USA

The Museum of Contemporany Art, The Panza Collection

 

 

"Talvez senhores, pensem que enlouqueci. Permitam-me fazer uma ressalva. Concordo: o homem é um animal predominantemente construtivo, destinado ao esforço consciente em direção a um objetivo e dedicado à arte da engenharia, quer dizer, à eterna e incessante construção de uma estrada — não importa para onde ela vá. E que o ponto principal não é para onde ela vai, mas que vá a algum lugar, e que uma criança comportada, mesmo que deteste a profissão de engenheiro, não deve se render àquela desastrosa indolência que, como se sabe, é mãe de todos os vícios. O homem ama a construção e a abertura de estradas, isso é indisputável. Mas como explicar que ele seja tão apaixonadamente propenso à destruição e ao caos? Digam-me! Sobre esse assunto tenho algo a dizer, ainda que breve. Não será seu apego apaixonado à destruição e ao caos uma conseqüência do seu medo instintivo de alcançar o objetivo e completar a obra em construção? [...] Mas o homem é uma criatura volúvel e de reputação duvidosa e, talvez, como um enxadrista, esteja mais interessado em perseguir um objetivo do que no objetivo em si. E, quem sabe (ninguém pode ter certeza), talvez o único propósito do homem neste mundo consista no processo contínuo de perseguir um objetivo ou, em outras palavras, de viver, e não propriamente no objetivo, que, é claro, tem de ser algo como duas vezes dois são quatro, ou seja, uma fórmula, algo que, não é a vida, mas o princípio da morte". (Dostoievski, 1864)

 

 

Mark Rothko, Untitled (Blue, Yellow, Green on Red), 1954

Oil on canvas, 197,5 x 166,4 cm New York, USA

Whitney Museum of American Art

 

 

"Aquilo que um homem diz, promete e decide na paixão deve depois sustentar na frieza e na sobriedade — tal exigência é um dos fardos que mais pesam sobre a humanidade. Ter de reconhecer, por todo o tempo futuro, as conseqüências da ira, da vingança inflamada, da devoção entusiasmada — isto pode suscitar, contra esses sentimentos, uma irritação tanto maior por eles serem objeto de idolatria, em toda parte e sobretudo pelos artistas. [...] Por termos jurado fidelidade, talvez até a um ser apenas fictício como um deus, por termos entregado o coração a um príncipe, a um partido, a uma mulher, a uma ordem sacerdotal, a um artista, a um pensador, num estado de cega ilusão que nos pôs encantados e os fez parecer dignos de toda veneração, todo sacrifício — estamos agora inescapavelmente comprometidos? Não teríamos enganados a nós mesmos naquela época? Não teria sido uma promessa hipotética, feita sob o pressuposto (tácito, sem dúvida) de que os seres aos quais nos consagramos eram realmente os mesmo que pareciam em nossa imaginação? Estamos obrigados a ser fiéis aos nossos erros, ainda percebendo que com essa fidelidade causamos prejuízos ao nosso eu superior? — Não, não existe nenhuma lei, nenhuma obrigação dessa espécie; temos de nos tornar traidores, praticar a infidelidade, sempre abandonar nossos ideais. Não passamos de um período a outro sem causar essas dores da traição e sem sofrê-las também". (Nietzche, 1878)

 

 

Mark Rothko, Nº 6 (Yellow, White, Blue over Yellow on Gray), 1954

Oil on canvas, 240 x 152 cm

Collection Gisela and Dennis Alter

 

 

"Basta que [os alvos dos esforços e desejos humanos] sejam alcançados, e já não nos parecem os mesmos. Por conseguinte, logo são esquecidos, tornando-se antiquados, e inevitavelmente, embora nunca se admita, sempre são postos de lado como ilusões passageiras. Portanto, será felicidade suficiente caso reste algo para desejar-se e pelo que se esforçar, para que o jogo de transição contínua entre desejo e satisfação, e desta para um novo desejo — cujo curso rápido se chama felicidade e o lento se chama sofrimento — seja jogado sem resvalar naquela imobilidade que mostra como tédio horroroso, paralisante, anseio incolor sem objeto determinado, langor mortífero". (Schopenhauer, 1819)

 

 

Mark Rothko, Nº 19 (?), 1956

Oil on canvas, 162,5 x 147,5 cm. New York, USA

Robert Miller Gallery

 

 

"Não importa o que digam os relógios ou as atitudes e labores dos homens. De manhã é quando estou desperto e há uma alvorada em mim. A reforma moral é o esforço de se desvencilhar do sono. Por que razão dão os homens um balanço tão pobre do seu dia, senão pelo fato de que estiveram atordoados pelo sono? Eles não são tão mal calculadores assim. Se não estivessem tomados pela sonolência, eles teriam realizado algo. Os milhões estão suficientemente despertos para o trabalho físico; mas somente um em um milhão está desperto o suficiente para um trabalho intelectual afetivo, e só um em cem milhões para uma vida poética ou divina. Estar desperto é estar vivo. Nunca até hoje encontrei um homem desperto o suficiente. Como eu poderia olhá-lo de frente? [...] Afetar a qualidade do dia, eis a mais elevada das artes. Todo homem recebe a tarefa de tornar a sua vida, até mesmo nos seus detalhes, digna da contemplação de sua hora mais crítica e elevada". (Henry Thoreau, 1854)

 

 

Mark Rothko, Untitled, 1956

Oil on canvas, 124,5 x 78,7 cm. New York, USA

Knoedler Gallery

 

 

"É necessário estar sempre bêbado. Tudo se reduz a isso: eis o único problema. Para não sentirdes o fardo horrível do tempo, que vos abate e vos faz pender para a Terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar. Mas — de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor. Contanto que vos embriagueis. E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que hora são; e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de responder: — É a hora de embriagar-se! Para não serdes os martirizados escravos do tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor". (Baudelaire, 1869)