*

 

pontapé

as listras a pose

 

quinas arredondadas

nostalgia ou quando

estou farto

de chamar pelo telefone

a planície

carrega a transição o panorama

a cabeça inclinada a vegetação que te cobre a

cartilagem moldável da orelha a

retrospectiva

 

para mim uma edição limitada

submersa

essa época tem a 

inclinação da torre no telhado

foi o recado que deixou

dizia dos bichos infláveis do sofá

sua fala pra conter a

agressividade

 

fica tudo meio ermo

 

a proximidade com o inimigo

sobreposição de

ventilador flyers na mão dor muscular o

ponto cego da retina

 

acompanhado pelo horizonte

 

retrato para

em duas tomadas

 

sair de cartaz

adia antes de desmoronar

um ciao

é 1987, digo

 

 

 

 

 

*

 

descia pela calçada comportando

porções breves.

segunda-feira e mais algumas sardas.

 

absorve o risco, as batidas, fricção, abelhas.

 

cerca, perto demais.

ingressaria em qualquer rumo transitório.

um pouco se solta, o

pouco que se solta.

aproveitava a expansão supondo

que se acomodam os intervalos.

 

a mais, danças curtas.

montagens.

estamos ausentes sobre a margem estreita.

estamos mais ou menos

em todas as coisas como neon e menta.

 

 

 

 

 

*

 

remoto a partir dos passos cheios de fumaça. o suficiente para querer a saída de emergência e encontrar seus platôs.

 

fica parado, a um metro. deslizando pela fronteira, verde, prata

 

vão te ligar assim com uma bala japonesa de iogurte na boca. sem perguntar direito sobre o que tem brilhado na sua frente. e você se lembra da menina de óculos escuros dançando na luz estourada das duas horas. quando a poeira vira maquiagem e ela usa um mini short vermelho de boxe

 

 

 

 

 

*

 

pálpebras durante os minutos pm. dando ar displicente quando do nada se encontram quando pensava que estivesse afastada, pela circunstância de se fazer cheia de tormentas, de acrescentar isolamentos e levar pra depois. se o nome viesse da gravação. pois você, imersa, perecível. no rio em technicolor.

 

valeriana por duas vezes.

construções e vidros laranja fervem às 6 da tarde

 

 

 

 

 

*

 

lições de piano para clara e

voz captada com chiado

flexi digiti

trazia roteiros muita pressa

algo compulsivo.

em qual motivo revolve os milhares de versões

picotando nossa geografia

por coordenadas tão específicas

que dentro se prestam a não

ter vontade

 

a superfície móvel no interior das letras

fica o mapa ilhado

 

eu as trouxe. ouvi dizer que está por pouco

correspondência entre lugares comuns

 

inventa um rosto pra modelo

do cabelo ao secret cinema e ela me olhava

sem dúvida e pensava nos

clássicos mas de moletom

no balcão

com o relógio parado 9:20

de 3 dias atrás

 

 

 

 

 

*

 

as histórias da cleo que distribui em golpes pra não ter volta. desde cedo vira-se de costas e muda o esquema da investigação fazendo loops. e você joga pedaços de gelo nas pessoas. só nas que merecem. sob o globo de espelhos, uma vocalista lenta

 

 
 
 

*

 

por favor siga-me

esse longo esforço sem título

 

a que se deve acrescentar

nunca em contato

nenhuma delas parecia realmente

esperar que fosse 

alguma coisa

curta-metragem

lista de perguntas

pra reconstituir

 

respira esse trecho sob uns

filetes de umidade

 

sobe ao terceiro andar de andy compartilhamos a tv

tão somente

abra a casa ofereça chá o

recorte do queixo sempre

e esmiuçando sobre como melhor

ocupar as medidas

quadrado

 

all tomorrow's parties

os pontos de brilho do

rosto, a diferença no volume aproximado

 

sumido não por muito

procedimento: documentar o que pensa ter

a oferecer

só exercício de colecionismo

risco corrido por:

assombroso compêndio de inícios

 

 

 

 

 

*

 

com o breve arrepio de feltro,

revirando a bolsa. a tela

comentada. levam ao que conclui ser: esconderijo.

a única palavra que aprendeu

em coreano: pode. há sempre um

jeito de distribuí-la onde as árvores da ponte

 

 

 

 

 

12:51

tá bem, o sangue azul real e
os motivos são pra conduzir enquanto for,

como quando tinha conversas intermináveis,
cheias de códigos mais o
gosto recente pelas frases assim. e se desse um tambor de presente,
foi o que disse.

dormia de cachecol.

começa com pequenas saídas pela
área de escape. era uma
questão de fuga. talvez de pequenas fugas. ou tentativas de retomar
os lugares que apartam.

todas as estrelas dos seus pés.
aonde elas levam. ostras o las huellas.

pra te tirar do ar um satélite, outro soco.
menos excessiva mas ainda
estrangeira por aqui. além dos filmes certos, com pessoas vivas,
interior de cores garridas;
o aspecto em comum
diário ou a coleção de arrepios.

 

 

 

 

 

*

 

nosso itinerário, insônia
avenida.
folhear imagens tipo vogue 94.
um jogo material com o lado perecível.
ao armazenar esse terreno,
a série de acalmamentos.
saltos olvidados a
um plano de dispersão.

sabe, roubo tudo aquilo que podia emergir
quando a música continua e as mãos estão encostadas na vidraça.

amontoado de retículas, toques mínimos,
pancadaria na memória recente. a heroína no meio
do seu lamento infantil.
lágrimas postiças pelo canto.
tinha muitas restrições em vê-la

naquela época e quando ela entrou,
samples repetidos à exaustão.

vem a maior parte dos sons de um aparelhinho
à pilha que a gente encontrou.
eles tem alguns sons de animais e da
natureza mas sempre com um chiado próprio.

foram ficando duas
vezes
mais várias outras
e por fim já são o contrário mesmo.
se pudesse teriam
sido plantas sem rangidos.
teriam o holofote
mirado pro horizonte.

 

 

 

 

 

*

 

num estado simultâneo pra isso. com frases da decisão de anteontem por sinal ainda muito breve mas cheia de si

 

elas acabariam na autobiografia. e dela pro anonimato

 

ao contar o que teria sido

ficam aquelas células tão evidentes. no parapeito e dali pra ir adiante

nota que uma hora de nada adianta o fuso horário

 

 

 

 

 

*

 

estável a

mesma posição

por tantos minutos

seguidos

sob a onda de grave

então o som de

estourado em blocos de espaço que

não se faz idéia. uma

fase minimal

atravessa o

estacionamento

repetindo continuamente mais atrito

papel alumínio a calma

que suporta

se você tem pra perguntar

qualquer combinação

sem isso

nota

torna possível

um sincronismo

na altura

que esteve e

a exaustão pelo

fora de encaixe

seus ossos canais de vídeo ecrã

com a cabeça abaixo da torneira com o pulso

com o rosto colado no chão

o lugar molhado

corpo obedecendo posições iguais

lâmina verde

a água sob um flash

os remos sem escaparem

aos seus perseguidores

o local de passagem para ser

preenchido posteriormente ao ponto do

irreconhecível

a parte dos filmes quando

alguém convence outro

intensificada

e eu acho a

camada de betume

acima do adesivo, luz artificial

fizheuer zieheuer

ou era equivalente com a função de aterrisar

volta a tona

uma seqüência de ajustamentos

consumida por solvente

seu contracampo, intercambiável

em tantas

direções

uma hora

depois

umas faixas depois

e tem aproximado

as dobras

 
 
 
(imagens ©chagall)
 
 
 
 
 

Walter Gam nasceu em Belo Horizonte, em 26 de janeiro de 1983. É artista plástico. Em 2003, publicou Variações de um movimento íntimo (Lemos Editorial) como prêmio-publicação concedido pela revista Cult. Tem poemas incluídos nas edições 18 e 19 da revista de poesia Inimigo Rumor.