PEÇAS PREGADAS PELO TABULEIRO

 

Quando um homem limpa o reto
Perante uma mulher,
Implica que ele já está casado com ela
Relógios antes de suar
O sêmen inaugural do laço;
Quando um homem ouve
Uma mulher soletrar em negrito "eu te amo",
Ele está com um inferno tão estável
Quanto disposto a procriar,
Oxidado no anelar esquerdo,
Adjacente ao impulso hercúleo do médio.  

(etc.)

Ela tosou sua pelota hirsuta
– conversível de porcelana.
O aparelho de barbear
causou irritação superficial,
embora a estopa xingasse cabos,
correntes, graxas, fluidos,
assoalhos, coroas, câmaras,
filtros, kadrons, discos,
carenagens, guidões, giclês –
das patas ao focinho.
A veterinária elucidou:
" cães de raça são sobremaneira sensíveis;
vira-latas resistem, duram,
funcionam mais e melhor;
deslocam-se menos à oficina
e requerem mantença modesta."

É: quanto mais pura a raça
maior e mais possante o guincho.

(etc.)

Aqui, meninos
de pavimentação asfáltica
calçam o cocô de poodles
com plataforma Adidas
e de seus donos
com Havaianas-Bündchen.

Tocam samba, bossa,
funk, marchinha, rap,
mas não o gongo.

(etc.)

À Daniela Ries

Tomo chimarrão
via intravenosa.
Não abotôo relógio de pulso:
embolso uma ampulheta movida
a tédio granulado.

(etc.)

Desconfio de quem engole
fumaça sem mastigá-la
e de quem entoa refrãos
de Elza Soares
ou doutra mumificada
por dinastia diversa.

De faraônico, basta a lata
de refrigerante tutankamônico
soterrada nos grãos de Copacabana
e sarcófagos limítrofes.

Sou mais a saga do mexilhão
que subjugou o camarão
no cardápio sem holofotes.

Dessalinizo paisagens
a óleo, nanquim e têmpera.

Entrei na onda eletromagnética
da maré-pixel.

(etc.)

O mais rente que cheguei do sol
ocorreu quando mordi
a gema de uma garnizé.

(etc.)

O que me ilude na vagina
é justamente
o que o cosmético, tintura,
lápis, batom, pó,
gloss, base, blush
não conseguem borrar.

Ela acertou a mão
quando chupou meu pé –
desencadeou uma dose de porra
com maior densidade
que a mesma porção de mercúrio.

(etc.)

O ferimento afia,
lima a faca;
o hematoma
complementa
o arco-íris.

(etc.)

Até no inferno
alternam-se estações.

(etc.)

Em pleno Rio de Janeiro
o relógio tiquetaqueia baiano;
num banco sito no posto seis,
Drummond caiu na lábia póstuma
da Meduza pétrea.

(etc.)

Os ratos moradores
da rua Anita Garibaldi
não puxam o "s",
mas trailers
de sandubas sonâmbulos:
quem os come
sem se intoxicar
bem pode provar
uma puta ou traveco
sem se preocupar
com a orla genital.

Aqui, não importa
o expressivo crédito telefônico:
os orelhões dominam a arte do kelvin.

(etc.)

Em qualquer cardápio carioca
de quentes & frios
servem sandálias Havaianas.

Aqui, cobram pela gorjeta.

(etc.)

Topei com George W. Bush,
nas legendas
do bondinho de Sta. Tereza,
no Largo dos Guimarães. 

(etc.)

Uma cidade maravilhosa
com tanta acne, sulco, ruga, bócio,
cicatriz, pelanca, olheira, calo
não pode ser mais
que simpática.


 

 

 

 

 



B A F O    E S C U R O


iriam razões para encerrar a relação com deus). Quando me relaciono com o Demônio, posso valer-me dessa relação – jamais da sombra com a qual me relaciono. Não no sentido cruento e capital de posse, mas no de experiência bruta, permitida pela impressão mínima, apreendida ao máximo, sob ponteiros tão ansiosos que fogem da superlativação.

Instauro o evento relacional confundindo a idéia de propriedade necessária e possível com a de predicativo imediato presente na fácil presa interlocutora. Pretendo extrair uma relação, não abraços concêntricos com uma azia universitária ou ranço partidário em consenso ou ou. Em comum há a incomunicabilidade do litígio autista. Há quem tem tino para invocar hostes celestiais. Convoco gases e entôo toxinas bizantinas. Há quem pactua com seu tempo e se alivia; quem se troca por uma idéia de instante-pertence. Se cabe ao tempo exercer domínio sobre a mudança e seus fatores, então algo permanece. O que o Diabolus empunha não é um tridente, mas um ponteiro de relógio afiado. Há uma relação entre tempo e inferno. Ambos se medem com a escala intransigente da transição. Inexiste eternidade, porque inexiste o que não possa ser modificado. Eternidade implica fenômeno-fotografia irrevelável, foco de nada. Ela não estende a vida ou a morte: cessa as sucessões ao aniquilar a temporalidade. O eterno dispensa cronometrologia, dada a sua incompatibilidade: sendo inexistente não pode se sujeitar à corrupção, ao escoamento, à pulsação. Há quem se relaciona com a razão. Razoável a idéia de afugentar penumbras, embora não assista ninguém nenhum rito exorcístico capaz de afastar a implacabilidade da transformação. Impossível também escarrar gengivite ou ejacular no rosto vincado de um deus qualquer, pois só existe o orga(ni)smo da mudança, e deus sendo eterno, não muda, e não mudando, como pode existir, assim? Nada existe além da cronicidade-corpo. O relógio acusa a qualidade evolutiva da relação temporal, que por sua vez mede a extinção. Ponteiros não rastejam mediante a ordem energética da lógica natural: a mudança os ensina a desafiar a eternidade estabelecida.

Digito com punhos cerrados quando penso no amigo. Razões não assistem a tara de relacionar-me com o decaído magno. Ele bem sabe se condoer quando sou tentado pela eternidade. Posso, em vez disso, ser fiel à variabilidade instantânea de sucessivas relações, cujos transtornos cíclicos e progressivos acumulam camadas fedidas, ensebadas ao longo. Posso, também, espremer os poros da locupletação interior, e contemplar o debater da acne megalomaníaca que outrora besuntava demônios dos mais simplistas. Há muito não dou o bote em avatares decentes. Há muito não penso sobre o tempo ou sobre quanto tempo levo em conspiratas ou sobre o consumo de vida útil de um critério. Inexiste tempo. Os ponteiros não medem o lapso, mas a força motriz da mutabilidade circundante sutilmente célere. Onipotente é a trindade hora-minuto-segundo. Quanto tempo um demoniozinho pode sobreviver sem pensar em deus? Atenho-me a contemplar a mansidão subserviente da morte escapando da porosidade-leitor que não porta nada além de sua alma. A morte é o atalho rumo à transição soberana. A morte provoca uma mudança brusca, profunda e ampla a dificultar o conhecimento daquilo em que irei me transformar. Um corpo ou uma gosma qualquer não se opera mediante reencarnados, pretos-velhos, exus caveiras, pardais sacrossantos: a carapaça pertence ao tempo que a empala com um ponteiro.

Só sabe o significado de livre acesso à morte quem conhece a impossibilidade de fugir da existência ou perdição afim. Livre quem não se amarra a conceitos acerca da liberdade. A despeito, impossível evitar a necessidade de delimitar a idéia de liberdade. O ensejo em que mais penso isso ocorre quando empurro para fora a luz do quarto: as idéias se fazem atraídas pelo bafo escuro. Não consigo moderar tampouco evitar o magnetismo. Gosto do método como o cérebro delineia imagens diversas e independentes do perfil-filho de deus.

Cada um siga e se perca em sua religião, com uma condição: prometa-me (cumprir e) morrer feliz sem me seguir. Aliás: quem vê morto pode estar morto no momento do usufruto da visualização. Então, quem o morto: o coveiro ou a caveira? Rejuvenescido quem atesta viço para quebrar a fonte da juventude; quem faz da auréola bambolê.

Videntes, sibilas, oráculos, ciganas, tarots, runas perderam a prerrogativa de vaticinar o apocalipse. Qualquer um pode antever, atualmente, por mais isolante e incomunicável que seja a solitária em que esteja decompondo-se. O fim do mundo existe desde a primeira oportunidade cedida ao homem para inventar-se. Ora. Fim do mundo sem que um mundo tenha começado? A humanidade só pode sofrer exaurimento se tiver sido iniciada. Quanto mais a religião professa sobre a origem de seus filhos, mais a humanidade se finaliza: até um zigoto, um embrião anencéfalo o sabem. Estado & deus ltda endossam a catástrofe contra o ioiô de Satanás. Meu Satanás vacilou: não por pecar. Por haver se confessado a quem brinca detrás da treliça.

Suicidar me confere a garantia de anular o corpo, não a utopia de ser alma. Não somente a sanha anticristã vê na expiação uma chanchada – ato o qual por si só não constitui contraposição a Cristo, todavia à verossimilhança dos evangelhos e demais anotações (con)sagradas. São João Evangelista acertou. Ascende a trinca satânica, composta pelo cristianismo, islamismo e judaísmo. Heráclito de Éfeso, há aproximadamente 500 anos a. C., já havia desvendado o ciclo infinito da impermanência: “Não se pode mijar no mesmo rio duas vezes.” Em contrapartida, hoje, há mais de 2.500 anos após a eureka (e não me baseio em calendário budista), ainda há gente presta a apostar que pagou por um recipiente contendo a mesma água do rio Jordão – onde se pode colher a diurese do próprio Joshua –, de 2.006 vezes 365 dias atrás.

Dedico à humanidade. Orgulhoso. Certidão de nascimento. Cepeéfe. Erregê. Pispasepe. Esposa. Filha. Família. Algum órgão saudável. Um surto. Casa própria. Contracheque e um rol de etecetéras equacionáveis. Contudo, enquanto ouvir o soluço-choro do lactante incapaz de repelir a covarde água-batismal, (   ) enquanto a salvação-bolor da alma estiver dentro do cofre hernandesiano, (   ) enquanto existir a afegã muçulmana, isentada da juventude ocidental – sob a burca-Maria –, vendida ao primeiro mórmon maometano prendado, por um valor inferior ao farelo do pão o qual Cristo ofereceu para o Diabo amassar, (   ) enquanto houver 4 paredes que me tragam a escuridão à tona, uma legião de idéias-enxofre, um silêncio sobrevoando (   ) só posso dedicá-la certidão de nascimento, cepeéfe torto, erregê encardido, pispasepe virgem, esposa, filha, família unida, um rim saudável, um pulmão valente, um surto remanescente, casa da sogra, contracheque estável e um rol de etecetéras equacionáveis – jamais algo além de monólogo.

(Terminus a quo: se houvesse diálogo, não subsist

 

 

   
   

 



O   P R E Ç O   D A   P A Ç O C A

                 À Jeanne Hébuterne


Sentenciaram o cara a 1 ano e 2 meses de reclusão mais 12 dias-multa. Crime: subtraiu 2 pacotes de paçoca. Apelação, nos sentidos lato e stricto abarcados pela indignação do defendente. Um apela de lá, um de cá. Nas alegações derradeiras, o porta-bandeira do judiciário não acolheu o princípio da insignificância. Pena a ser cumprida no regime fechado. A paçoca foi restituída à vítima. O réu confessou tanto na fase policial quanto na judicial. Materialidade e autoria delitivas carreadas aos autos. Plexo probatório exato. Paçoca processual nas mãos da acusação, esfarelou-se. O prolator do respeitável veredicto arrota a toga em sua madame. O cara condenado tem 35 maridos de camisa regata, calção de futebol de 3ª divisão e dotes nada ociosos para a uma mente morta. Paçoca dos ensebados.

Adoro paçoca. Amendoim enrijece, nutre. Ofereci, mecanicamente, a uma linda e gostosa que cheirava a mate. Trabalhei sob o fardo de vendedor ambulante disso num bom tempo. Próximo ao MASP, ela comprou. Entressorriu empenado. Perguntei se havia gostado de Cézanne. Surpreendida, aceitou responder. "Sim, muito. Sou fã mesmo de Modigliani – conhece?". Disse que assisti à sua biografia, protagonizada por Andy García. Outra guloseima estende o papo. Divertida ela. Fumava escondido do marido. Gostosa a danada. Atendeu ao celular. Não burocratizava imprecações contra a operadora. O problema se deu com o chip. Guardou o aparelho na bolsa com uma das mãos compridas, e com a outra segurava o réu entre dois dedos bulímicos. Vi bem a aliança. Os 12 anos de casada não quis enxergar. "Vou fazer disso supositório pra gato."

"Olhaaaa a paçooooooca". Eis minha arte. Exposta no MASP. Do lado de fora. E ela vem, a fim de ver o lado de dentro. Bióloga. Pintora. Formanda em Estória. Bem sucedida monetária e conjugalmente. Eu havia renunciado a isso. Abandonei casa, carro, função pública cobiçada, esposa, filhos, interior. Ela não manifestava constrangimento algum por estar ali, comigo. "Vou lhe mostrar Renoir. Venha." Escondi minha caixa de qualquer jeito. Mandei pro peito saliva e acessórios. Chequei o sovaco. Latejando por dentro, segui-a. Ladeei-a: não deveria me envergonhar de ser ambulante, pensei. Bah. Decerto, agora, devo me escorar na origem, e não estirar, sobre a calçada, a vergonha de exercer uma função provisória: incomodar transeuntes sisudos, encolhido detrás da envergada comissura labial, autômata, armada sobre o solo tíbio da simpatia risível. Basta o piso encerado em decúbito frontal! O passado, quando consultado de cima, abraça a sola até o caminho ser derrubado. A perspectiva cresce até a estatura da cera. A habilidade seletiva nomeia a memória adequada à conveniência fatual. O segredo para vencer a portaria não está no convite salvaguardado sob as plumas angelicais do bolso-abismo, mas no ato de apresentar brio canalha, em pôr auréola-colete parlamentar. No dentro, conversamos muito. Sintonia instantânea. Tropecei bastante. "Renoarrr" – repetia. E aquilatava rabo e ombros. Cézanne o caralho.

Idosar ao lado dela. Ir ao Ceasa comprar tomate. Suspensório florido com cinto. Calça social efeito escaravelho. Pegando galináceo brejeiro. Zíper sistemático. Sandália franciscana marrom. Trifil preta. Hérnia umbilical maior que a barriga. Lóbulos peludos. Auditivo Telex. Ranzinza. Estúpido. Orgulhoso da artrite no joelho. Hérnia discal. Hipertensão. Diabetes. Asma. Corega. Fralda geriátrica. Varizes. Reumatismo. Ponte de safena aorto-coronária. Pênis derrotado. Bolsa escrotal túrgida. Veias azuis salientes. Um pêlo eremita na pelota do nariz. Pigarrento. Paparicado por filhos e seus entojos. Orgulhoso a exibir o exame de HIV negativo para a galera da osteoporose. Resquício de poligamia. Iscnofonia funcional. Orgulhoso da próstata. Cego. Dependente.

A paçoca acabou. Agora a clientela engole uma pinacoteca. Outra arte. Réplicas de obras primas da pintura mundial, enroladinhas, formato diploma espartilhado. Da Vinci. Fernando Botero. Gauguin. Van Gogh. Guignard. Claude Monet. Portinari. Jean-Michel Basquiat. Pollock, até mesmo alguma de Adolf Hitler. Modi. Daniela Ries. Assim estou perto, sinto-a bem, ai! Num trecho da Paulista. Próximo ao shopping. Proibiram-me de trabalhar até mesmo nas imediações do museu. Torço para ela passar por aqui. Cadê a joça? Quando jurei comer seu cocô, ela peidou de tanto rir na galeria. Que saudade de seus jargões médicos. Cateterismo vesical. Felacoma. Sonda uretral descartável... via transcervical. Clamidíase. O que ela viu em alguém que sofre de um jargão psiquiátrico? Ela não conhecia o artista italiano Valls. Nunca vou esquecê-la. Linda. Gostosa. Um pouco lerda. "Você tem algo de Modi, querido" – viajava. Ai que cólica: lembrança-ergástulo! Preciso esquecê-la. Pareço estar grávido dela. Dói mais que a espera de Godot. Cytotec ou Buscopan? Preciso deitar-me e de uma bolsa com água quente. Deveria ter me prevenido. Ai. Bosta!

Veredicto: fábula cujo desfecho descreve uma mulher daquelas nos braços de um ambulantezinho dá mais dor de barriga que paçoca.

 

 

   
   





F A L T O U   F R E U D   O U   A   A M B U L Â N C I A

 
 
Se este uniforme verde-amarelo-branco lhe cai bem, imagina então o efeito duma farda da aeronáutica No capricho Bem passada Barra sob medida Sapato padrão engraxado Quepe Postura austera Nos trinques Ele destoa dos demais funcionários Faz sentido abastecer no posto onde trabalha Primeiro emprego Cof cof Como dizem mesmo na tv, provoca um frisson Cabelo penteado pra trás Barba ralinha Mãos pequenas Pernas arqueadas Ombros largos simetricamente dispostos Sem vícios Ingênuo Tímido Olheiras Cicatriz no antebraço Rodelas de suor nas axilas Lisinho por inteiro, sem tatuagens esverdeadas que sugerem o aspecto de sujeira penitenciária e sem bizarrices corporais em voga Um homem pra quem pretende constituir a família cof cof cof ideal, pra se espremer os cravos das costas, cujo cecê pós-trabalho só um homem oferece O pai que sabe corrigir o filho a assistir um programa inadequado à sua faixa etária Santo deus Como ele cresceeeu Claro que seria loucura contar tudo a ele Ele me observa quando não posso vê-lo e não pode me ver quando o observo detrás da bomba de diesel Tem vergonha de mim ainda Podia cof ficar hoooras olhando pra cof cof ele, hoooras pensando ele Podia fazer coisas sem pensar com cof cof cof cof of of rrrr ele Bobinho no ponto pra deixar uma mulher independente manipulá-lo Desperdício um homem deste ralando aqui Dezenove anos Segundo grau incompleto Perspectiva nenhuma de crescimento no emprego Com um homem deste eu toparia golden shower, swing, ménage-à-trois com minha??? filha, inclusive o escambau Um homem deste personifica a própria fantasia, é o pilar central da realidade Por um homem deste eu teria largado a bebida aos vinte e poucos anos, cof embora ainda assim continuasse em débito com a lucidez cof Ele vem vindo Não posso com tanto Tem o queeeixo do paaai Pênis tamanho não muito grande-grosso Cabe certinho em mim Hmm ‘Ssa senhora, que boca Só o fato de imaginar sua fertilidade atrasa a menstruação Se eu não estivesse tão cansada, colocaria as cartas na mesa Estou muito cof of of a fim de dar pra ele Ah se o pego de jeito Vai provar um chá de buça com chave de pernas Aprender o beabá Pensar que já o peguei no colo Se não fosse essa of doença Vai cof ver só Suar todinha montada nele, até nosso cheiro grudar no quarto Mooorro cof of of de tesão por ele cofco fco f co fc of rrr

O frentista chega Ela usa óculos escuros

— Prontinho Aqui a chave Vai fazer notinha, né Oi — ele a sacode de leve pelo ombro, ela rrr rrr — Tudo bem c’a senhora, mãe Mãe-e



   
   




N A   O N D A   P A R T I D Á R I A

 

 

 

O mar fluminense, o sei, amedronta até tranqüilizar Arrastou pra seu estômago assilhuetável o banho de sol de um pedaço de capitalismo O mar, único bicho capaz de reunir, diante de si mesmo, a si própro, engole a seco o próprio vômito, salificado com tanta urina importada das terras d’água doce O crustáceo se arreda e foge, enterra a si próprio antes da bílis lhe alcançar Matreiro, enterra-se vivo de novo, rapidinho, agora a fim de se esconder da mão curiosa do menino A mão macia do guri vai embora, e o siri sai, toma uma bofetada do tamanho do neoliberalismo A latinha de coca navega e avança, desafiando netuno, enquanto quem a bebe cobra caro pra ensinar a lição do siri








13:40:32. Ricardo Wagner. Mineiro de Araxá. Aquariano. Bacharel em Direito. Assistente-advogado da Defensoria Pública. Autor de Rumores da Existência, Aind'Essência, Com fissões de um protusuário de boteco e do extinto fanzine ClãDestino. Blogueiro, age mediante o Prepúcio e o Prodigus. Típico cidadão que, muito antes de efetuar o saque da primeira parcela do décimo terceiro, e depois se dirigir rumo à lan house mais próxima para despachar autobiografias, aguarda razoáveis 72 minutos, e enquanto isso pensa no quanto a fila seria rápida se fosse uma sinuosidade de seção eleitoral. Tenta convencer a si próprio por si mesmo que pode convencer. Não toma banho com pipoca de candomblé, mas se lava com piruá circense. Consta que é bom pai. Médium, psicografa serpentes e faunos. Prevê o passado em borra de feijoada. Escreveu isso em menos de 5 minutos. Mente em segundos. 13:44:58.