©marco semprini
 
 
 
 
 
 

Teoria das cores

 

Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranqüilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar-se negro a partir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nó desenvolvia-se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.

O problema do artista era que, obrigado a interromper o quadro onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabia que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Os elementos do problema constituíam-se na observação dos fatos e punham-se por esta ordem: peixe, vermelho, pintor — sendo o vermelho o nexo entre o peixe e o quadro através do pintor. O preto formava a insídia do real e abria um abismo na primitiva fidelidade do pintor.

Ao meditar sobre as razões da mudança exatamente quando assentava na sua fidelidade, o pintor supôs que o peixe, efetuando um número de mágica, mostrava que existia apenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Era a lei da metamorfose.

Compreendida esta espécie de fidelidade, o artista pintou um peixe amarelo.

 

 

[Conto da coletânea Os passos em volta, de Herberto Helder, publicada no Brasil pela editora Azougue]

 

 

 

 

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Viajar e explorar: na época das grandes navegações esses vocábulos significavam quase a mesma coisa. Na virada do século XV para o XVI Portugal viajou e explorou, e com isso conheceu o período mais fulgurante de sua História. Mas logo tudo se perdeu e o que era riqueza e glória virou apenas histórias, narrativas, poemas, lendas, boatos, casos. Logo tudo virou saudade, que por sua vez virou melancolia. Se o povo português é por excelência o mais melancólico do planeta, Herberto Helder é certamente o escritor luso que maior intimidade tem com esse estado mórbido de tristeza e depressão. Mas o desgosto, o pesar e a languidez expressos principalmente nas suas narrativas — especialmente nas vinte e três ficções d’Os passos em volta — não são reflexos da perda do interesse pela vida, situação tão característica do estado melancólico.

Os protagonistas de Helder são peregrinos cultos, muitas vezes poetas, embriagados pelas grandes descobertas espirituais. São homens que viajam, exploram, saqueiam e escravizam, no sentido literal e mais ainda no sentido figurado. A melancolia que preenche essa prosa é a do indivíduo supersensível que, pleno de vida e de amor pela existência, não encontra companhia neste nosso mundo povoado de cadáveres ambulantes que procriam. A maioria absoluta das narrativas d’Os passos em volta é do tipo passional e confessional, como se cada narrador-protagonista fosse compelido a manter, para uso próprio, um diário de bordo onde pudesse registrar sua adesão solitária e incondicional à vida. Aliás, apesar de preferir falar no plural, não descarto a hipótese de que todos os narradores dessa coletânea são na verdade um só. Todos eles — mesmo os dos textos narrados na terceira pessoa ou apenas dialogados — apresentam o mínimo denominador comum que, na prosa de ficção contemporânea, sempre reduz a variedade à sua essência. Esse narrador único é o poeta nômade que vagabundeia pelas muitas paradas do circuito circular que o título da coletânea já antecipa, título que também sugere, além desse movimento de partida e regresso próprio dos viajantes, mil outras metáforas circulares: do célebre uroboro, serpente que morde a própria cauda, à curvatura do universo descrito por Einstein, passando pela jocosa Viagem à roda do meu quarto, de Xavier de Maistre.

Herberto Helder nasceu em Funchal, na Ilha da Madeira, em 1930. Sua vida nunca foi pautada pela disciplinada rotina dos funcionários públicos ou dos professores universitários. De temperamento irrequieto, jamais se sentiu confortável pertencendo a determinado grupo literário ou morando durante muito tempo na mesma cidade. De Funchal mudou-se para Lisboa, de Lisboa para Coimbra, onde freqüentou a universidade, sem chegar a terminar nem o curso de Direito nem o de Filologia Românica, nos quais matriculara-se. Em meados da década de 50, de volta a Lisboa freqüentou o célebre grupo do Café Gelo, influenciado pelos surrealistas franceses e capitaneado pelo poeta e agitador Mário Cesariny. Logo depois de publicar seu primeiro livro de poemas, O amor em visita, passou a viver na França, depois na Bélgica, na Holanda e na Dinamarca. Manteve-se longe de Portugal com o salário de empregos precários: garçom numa cervejaria, cortador de legumes numa casa de sopas, enfardador de aparas de papel, policopista, operário no arrefecimento de lingotes de ferro numa forja, carregador de caminhões, ajudante de pasteleiro e guia de marinheiros em bairros de prostituição. Essa errância de mais de dois anos, empreendida entre o final de 1958 e o de 1960, foi fundamental para a cristalização da experiência exploratória fixada em vários poemas e nas narrativas d’Os passos em volta, coletânea lançada em 1963.

(Interrompo aqui, de propósito, a biografia do autor português. Por duas razões. Primeiro porque só me interessam os fatos que possam ter influenciado diretamente a elaboração d’Os passos em volta. Depois porque a terapia de grupo da qual Helder participou, os empregos que teve, as mulheres com as quais viveu, as revistas que ajudou a fundar, a antologia da moderna poesia portuguesa que organizou, as traduções, a viagem à Inglaterra, a Angola e aos Estados Unidos, o sucesso absoluto de público e crítica que teve a reunião de sua obra poética, sob o título de Poesia toda, os polpudos prêmios e as homenagens oficiais que se recusou a receber e a sua atual reclusão sabe-se lá onde em Lisboa, tudo isso, se enumerado, só faria confirmar o que a primeira metade de sua vida já deixou bem claro: Helder é um espírito errante.)

A condição do estrangeiro pressupõe o estranhamento. O estrangeiro está sempre fora do contexto, os movimentos de sua sombra ou de seu reflexo no espelho nunca são os seus movimentos. O estrangeiro não é o turista que vaga, com sua sonâmbula filmadora japonesa, por ruas e ruínas mudas e artificiais. O estrangeiro é o arqueólogo que arranca, quase sempre à força, a fala antiga dos artefatos e dos edifícios sempre cheios de histórias surpreendentes. Quem busca experiências novas em terras pouco familiares busca em verdade a surpresa, a quebra da rotina, o susto visceral. O cultivo da surpresa e da quebra da rotina fez parte do ideário surrealista, que prescrevia aos adeptos do movimento os exercícios de escrita automática e de livre associação de idéias. O sonho, o erotismo, a loucura, o humor negro, o acaso, as velharias encontradas no mercado das pulgas: todos esses temas também foram incorporados à arte e à poesia por André Breton, Louis Aragon e pelos demais fundadores do surrealismo. O auge do surrealismo durou quase duas décadas, fato inédito na história da arte e da literatura modernas. O intervalo que separou a Primeira Guerra Mundial da Segunda foi o período triunfal desse importante movimento de vanguarda.

Quando Herberto Helder entrou na cena literária, o surrealismo já estava morto havia muito tempo. Então, se sentirem o impulso de associar o hermetismo, a coleção de imagens bizarras e a superfragmentação da sua literatura à poética surrealista, é melhor pensarem duas vezes. O próprio Helder repudia furiosamente essa associação reducionista e pouco original. Para o poeta português, Breton  envenenou o surrealismo, ao curvar-se servilmente à doutrina freudiana e ao marxismo, transformando-se em um sargento de regimento, em um comandante autoritário e irascível. Para Helder a sua própria arte, mesmo tendo em comum com o já mumificado surrealismo a celebração dos nexos entre o real e o onírico, o repúdio ao racionalismo e ao utilitarismo, é avessa a cartilhas e grupos. Daí o seu caráter solitário. Em suas próprias palavras, essa arte assenta "no exercício do poder de decompor e recompor a realidade em palavras, embora não saibamos o que seja isso: poder e realidade" (revista Luzes da Ribalta, 1987).

Apesar de as vanguardas européias também terem bebido na fonte de muitas tradições pagãs, Herberto Helder identificou primeiro nas tradições ancestrais, como o orfismo, a alquimia e o xamanismo, o poder mágico de decompor e recompor a realidade em palavras, não nas tradições modernas, como a psicanálise, a filosofia e as vanguardas literárias do início do século XX. Como é sabido, o orfismo, na antiga Grécia, era o culto secreto relacionado ao deus Dioniso, adoração cujo nome derivava de Orfeu, figura mitológica que, ao receber a revelação de certos mistérios cosmogônicos, transmitiu-os a vários iniciados sob a forma de poemas musicados. Orfeu é o arquétipo do poeta-mago, originador de uma rica literatura esotérica e hermética, e os adeptos do orfismo, partindo de certa visão muito particular sobre a origem do universo e do homem, acreditavam na imortalidade da alma e na sua transmigração através dos corpo. Não foi à toa que a revista que em 1915 deflagrou o modernismo em Portugal, editada por, entre outros, Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, chamava-se Orpheu.

E a alquimia? Que é a alquimia? Resumindo o verbete do Dicionário de símbolos, de Chevalier e Gheerbrant, a alquimia é a arte hermética da transmutação dos metais com vistas à obtenção do ouro. Mas essa transmutação é simbólica, pois o ouro dos alquimistas é na verdade algo mais raro e sutil: a imortalidade. "Sob outro ponto de vista, a alquimia simboliza a própria evolução do ser humano, a sua passagem do estado atual, em que predomina a matéria, para o estado puramente espiritual. Transformar em ouro os metais é o equivalente a transformar o homem em puro espírito." O conhecimento alquímico baseia-se na crença de que há quatro elementos básicos — o fogo, o ar, a terra e a água — e três essenciais: o sal, o enxofre e o mercúrio. Grandes sistemas simbólicos e metafísicos foram construídos sobre esses sete pilares do conhecimento alquímico. A literatura oculta chinesa e a egípcia antigas são consideradas os alicerces sobre os quais a alquimia se apóia. Um dos livros fundamentais dos alquimistas medievais fora escrito, segundo eles, pelo deus egípcio Thot, também conhecido como Hermes Trismegisto (três vezes sagrado). Hermes, de cujo nome deriva o adjetivo hermético, era o deus grego criador das ciências e das artes, que também servia de mensageiro e muitas vezes de guia para as almas no reino dos mortos.

E o xamanismo? Que é o xamanismo? Em linhas gerais, o xamanismo é a prática de certas técnicas arcaicas do êxtase, técnicas estas vinculadas à magia e a religião. O xamã é o perito nas artes mágicas que, além de curar, interpretar sonhos e conversar com os espíritos da natureza, ao entrar em transe abandona o próprio corpo para subir ao céu ou descer ao inferno. Os xamãs são especialistas eleitos que conseguem viajar espiritualmente, razão pela qual têm acesso às zonas sagradas inacessíveis aos outros membros da sua comunidade. Como escreveu Mircea Eliade, "a técnica xamânica por excelência consiste na passagem de uma região cósmica para outra, da terra para o céu ou da terra para o inferno" (O xamanismo). Até mesmo as mutilações e os desmembramentos que dão à literatura de Helder certo caráter grotesco, bizarro, escatológico — como se tudo não passasse de uma seqüência de filme B de terror, cheia de membros e órgãos exangues —, têm valor positivo. Eles são da mesma natureza que as mutilações e os desmembramentos das cerimônias de iniciação dos novos xamãs. Nessas cerimônias o futuro xamã é simbolicamente destrinchado e cozinhado pelos espíritos que, além disso, inserem pedras e metais preciosos entre os seus ossos. Tempos depois, os espíritos reconstroem o corpo do neófito, que renasce mais forte, mais sábio e mais tolerante.

Como podem ver, a correspondência possível, metafórica, entre o sacerdote do orfismo, o alquimista e o xamã, de um lado, e o poeta hermético, do outro, está mais do que clara. Todos os quatro são viajantes que, de maneira mágica, abandonam o território conhecido e confortável no qual nasceram, desligam-se de seu grupo e saem em busca das faces ocultas da realidade. Anos depois, quando decidem retornar à terra natal a fim de dividir com os antigos companheiros as novas e grandiosas descobertas, já não há mais possibilidade de diálogo, simplesmente porque já não falam mais a mesma língua. O vocabulário e a gramática do senso comum, em que cada palavra, cada frase, cada oração, cada período e cada parágrafo são utensílios literais, de sentido único, são muito diferentes do vocabulário e da gramática do hierofante, do alquimista, do xamã e do poeta hermético, em que cada palavra, cada frase, cada oração, cada período e cada parágrafo, por terem sentido duplo, triplo, quádruplo, são ferramentas figuradas a serviço de algo que extrapola a rotina da comunicação objetiva.

Herberto Helder, ao se dedicar apenas à transmutação alquímica da matéria poética, chegou a resultados nunca antes vistos. Por ser radical, sua poesia é também obscura, difícil, dissimulada. Daí a relação complicada que com ela mantém o leitor impaciente, o mesmo leitor que, chocado com o hermetismo dos versos estilhaçados, simplesmente dá-lhe as costas e parte em busca de poesia mais convencional, na qual os pontos de referência estejam em locais precisos. Na poesia de Helder a reorganização inusitada dos objetos e dos seres vivos obriga-nos a rever o nosso modo de enxergar a realidade. "Quem se dispuser a enfrentar o desafio de ler Herberto Helder deve se entregar de corpo e alma a seu mundo alucinado, cujas convenções, nada claras, modificam-se a cada instante, iluminando e ao mesmo tempo confundindo o leitor", alerta-nos Álvaro Cardoso Gomes em artigo sobre o poeta. Mas atenção: a sua poesia é obscura, não incongruente ou ilegível. Diferente de uma colagem absurda e sem sentido, diferente da mera justaposição de palavras pegas ao acaso, uma vez conquistada a chave de interpretação que a poesia de Helder oculta em si mesma todo o seu obscuro universo se ilumina. O mesmo pode ser dito sobre a sua prosa. Com a diferença de que a chave de interpretação da prosa de Helder é, por razões estruturais, levemente mais prosaica, e por isso mais visível, do que a da sua poesia.

Muito já se escreveu sobre essa obra-prima da literatura contemporânea portuguesa chamada Os passos em volta. Os seus aspectos mais relevantes e sutis já foram comentados por dezenas de críticos. Das análises disponíveis em livro, gostaria de destacar duas: a de Maria Estela Guedes, apresentada em Herberto Helder: poeta obscuro, trabalho publicado pelas Edições Moraes, e a de Maria de Fátima Marinho, presente em Herberto Helder: a obra e o homem, biografia publicada pela editora Arcádia. Até mesmo as mutações sofridas pelo livro de Helder ao longo do tempo — as quatro edições portuguesas e a primeira edição brasileira apresentam todas elas diferenças substanciais — já foram cuidadosamente analisadas por ambas as estudiosas. As mudanças no DNA das reedições se não são o fulcro da arte de Helder, refletem-no muito bem, tendo em vista que esse autor sempre procurou representar em prosa e em verso a eterna metamorfose, princípio que alicerça todo o universo. Porém, apesar dos inúmeros estudos sobre esse e outros aspectos, disponíveis inclusive na internet, sabe-se lá por quê, até agora pouco se falou na sólida sensação de solidão que atravessa as vinte e três narrativas d’Os passos em volta.

Solidão que se instaura, absoluta, na deambulação do estrangeiro inominado (a maior parte dos protagonistas de Helder não tem nome) que vagueia pelo labirinto que é Antuérpia, no conto Descobrimento. Solidão que lança os tentáculos e espalha dúvidas topográficas, pondo em xeque a real existência de cidades como Antuérpia, Amsterdã e Singapura, nos contos Os comboios que vão para Antuérpia e Como se vai a Singapura. Solidão que se espraia pelos melancólicos pastos holandeses, enquanto um poeta pensa na tradição e pede piedade para o demônio, no conto Holanda. Solidão que se esfacela no quarto alugado por outro narrador inominado, que fala consigo mesmo, sozinho com os seus sonhos sombrios, no conto Escadas e metafísica. Solidão que rumina sobre a arte da poesia, nos contos Estilo, Vida e obra de um poeta e Poeta obscuro. Solidão que brinca com a natureza dos seres vivos: o casal de cães que tem um marinheiro enfeitando o jardim de casa, do conto Cães, marinheiros; o peixe que devagar vai mudando de cor, para a tristeza do pintor realista, do conto Teoria da cores, presente apenas na edição brasileira (essa narrativa veio da coletânea Retrato em movimento, de 1967); o imponderável celacanto que transtornou a cabeça de um velho funcionário do ministério das finanças, d’O celacanto; o prodigioso menino mutante de Aberdeen, que dá choques, do conto Coisas elétricas da Escócia; o narrador cujo corpo vai paulatinamente sendo consumido por uma mancha branca, do conto Doenças da pele. A solidão extrapola todos os limites principalmente nos contos em que há duas pessoas conversando, mas a segunda voz não tem presença ativa, pois as falas desse interlocutor foram excluídas, como em Brandy e no já citado Estilo.

Mas é no conto Aquele que dá a vida, rico em simbolismo, sobre dois homens que, excitados pela tauromaquia, tornam-se rivais mortais, e no conto Teorema, sobre a punição de Pero Coelho, assassino de Inês de Castro, e a deglutição antropofágica que dom Pedro faz de seu coração, os meus contos prediletos, que a solidão vaza da narrativa, mancha as mãos que seguram o livro, sobe pelos braços e pelo pescoço do leitor, entra na sua boca e nas suas narinas, invade sua mente e revela a mentira que, produzida pelo próprio tecido social, encobre os muitos modos de alienação, reificação e fetichismo que nos rodeiam. Contos como esses, longe de simplesmente entreter e deleitar, provocam e inquietam, revelando o triunfo até então invisível e silencioso da solidão de que somos constituídos, nós, os nômades e os sedentários.

 

 

 

 

 

O livro: Herberto Helder. Os passos em volta (Rio de Janeiro: Editora Azougue, 2005).

 

 

 

 

 

outubro, 2005

 

 

 

 

 

 

Nelson de Oliveira nasceu em 1966, em Guaíra, SP. Escritor e mestre em Letras pela USP, publicou Naquela época tínhamos um gato (contos, Cia. das Letras, 1998), Subsolo infinito (romance, Cia. das Letras, 2000),  O filho do Crucificado (contos, Ateliê, 2001, também lançado no México), A maldição do macho (romance, Record, 2002, publicado também em Portugal), Verdades provisórias (ensaios, Escrituras, 2003) e O oitavo dia da semana (romance, Travessa dos Editores, 2005), entre outros. Em 2001 organizou a antologia Geração 90: manuscritos de computador e em  2003,  Geração 90: os transgressores, com os melhores prosadores brasileiros surgidos no final do século XX, ambos para a editora Boitempo. Ainda em 2003 editou com Marcelino Freire o número único da revista PS:SP. Colabora regularmente com o jornal Rascunho (PR) e com o caderno Idéias & Livros, do Jornal do Brasil (RJ). Dos prêmios que recebeu destacam-se o Casa de las Américas  (1995), o da  Fundação Cultural da Bahia  (1996) e  duas vezes o da APCA (2001 e 2003). Mais, aqui.