©T- Square man ray.
o real
com seu ar espesso
suas sobras (dobras) do corpo
o incesto
o enxerto
com tiros à queima-roupa
este real te provoca
ferve teus nervos

o real
com seu inseto de luz
abre-se em pedra
com seu faro nos conduz
com sua fúria nos enreda

.......o real — crês? —

...............res
...............ist
...............e

este real
deserdado de toda palavra
com seu olho gordo
seu assombro de pérola
coisa em si
— promessa de gozo?
sempre adiada

cego de tanto céu
seco de tanta água

o real
entre teus dedos
ofertado
fincou
de azul
este osso
teu almoço
farto
este real com suas ranhuras
de sonho e vidro
sem sombras ou senhas de acesso
duro, seco, abstrato

esquecido de todo peso
vagando
em direções desiguais

este real é um alerta
onde o jogo
se descoberto
se expressa
em rosto, em sombra
em luz
em cor
que o poeta
agora leitor
completa

o real
sem pedras no caminho
sem retinas
fatigadas
esquecido completamente
Nonada

o real
com suas partículas de afeto
múltiplas capturas
incêndios de silêncio, de verdade
e de loucura

sempre fora
e entre

o real
em núpcias
permanente
Herbert Emanuel é amapaense, nascido no dia 20 de Fevereiro de 1963, do signo de Peixes e, dizem, do início da Roda do Zodíaco. Daí ser chegado a recomeçar sempre, do zero ao erro, do erro ao raro acerto de tudo. Publicou, em 1997, seu primeiro livro de poemas, Nada Ou Quase Uma Arte, com apresentação do poeta gaúcho Carlos Nejar. Em 1999 lançou — em parceria com o artista plástico e mímico Jiddu Saldanha — Cartões Poéticos. Possui três livros no prelo: Res, Isto e Desasperezas.
Poemas do livro Res.
é preciso
ter paciência
tu dizes

palavras não caem
como chuva

não se deixe
molhar
impunemente
o coração na boca
e o amor se roendo
atento
agora
ao que vibra
dentro do peito:

a cavidade da palavra
seu incêndio
antes do silêncio
talvez
não importe
tanto azul
assim
para que dezembro
te encha

vale esperar
pelos dias
de sol

na calçada
a noite
se acende

dentro
o branco
hálito da cor
pálpebras:
ondas sobre
o mar de vidro
aranhas tecem
ao relento
arames de vento

©T- Square man ray

©T- Square man ray
há possibilidade
de escuta
antes que o céu
se eclipse

um sol tênue
se disputa
a meia-lua

há silêncios
sexo
& enseadas

você diz coisas bobas
tipo
não há amor sem verdade

eu escuto
e arrisco outra

tatuagens
não se dissipam
com a idade
Poemas do livro Desasperezas.
Autobiografiazen:

não sendo bom de bola
dei de chutar palavras