Silvana Guimarães

 

Tiro ao alvo

 

todo ano tem campeonato:

ganha aquele que acertar

no pombo da paz

 

 

 

 

 

Simone Magno

 

Angústia

 

no meio da desordem

um grito

uma gota, um brilho

um sorriso

vida que segue torta e inútil.

 

difícil recomeçar agora

buscar a palavra certa no escuro.

 

 

 

 

 

Teresa Tudela

 

Profunda a morte da paz

 

O olhar incrédulo alberga

gestos desferidos em treva

 

profunda a morte da paz

 

na vida e sua notícia

em insustentável abundância

difundida

em insustentável opacidade

de imagem

em insustentável clamor

dos sentidos

 

profunda a morte da paz

 

em qualquer lugar onde

da mais obscura verdade

maior densidade é gerada

maior tremor e raiva avultam

mais alheada se propaga

a colossal ilusória imagem

amplificada à perfídia maior

do sangue em cegueira total

de si

 

contudo

bem dentro

em verdade

em silêncio

 

é nascida a madrugada

uma nova era é chegada

 

de dar à terra nova água

tomar sementes eternas

dar ao chão a inteireza

da nossa legítima paz

 

colher enfim os frutos da

inequívoca verdade

brotando luminosa

das mãos

do peito

simples

em claríssima humanidade

 

a paz

do ser total enfim desperto

de uma longuíssima fábula

enfim em comum enjeitada

para a arqueologia

dos anais da história

 

a paz

sobrevinda e inabalável

antiquíssima e nossa

como um regaço de mãe

 

 

 

 

 

Therezinha Mello

 

Quadro-negro

 

A giz desenhavam-se futuros.

Sonhos eram escritos no quadro-negro.

 

Anjos em algazarra,

entre livros, cadernos,

amores e segredos.

 

Queriam apenas seguir.

 

Anda, corre, deita, chegou o medo!

Ligam-se as sirenes.

O amanhã agoniza!

 

Depois, silêncio.

E lágrimas apagando esperanças

desenhadas a giz.

 

Anjos emudecem

entre susto e espanto,

amores e segredos.

 

Queriam apenas ficar.

 

Depois do assombro, desejos de paz.

Escritos a giz,

em quadro negro.

 

 

 

 

 

Wellington dos Santos Pereira

 

Caminho da luz

 

Chove, e o solo fértil

procura a força do sol

da chuva, do vento e do

rebento de amar vindo pelas águas

 

O sol agora é novo e reforma

todo um ciclo de entendimento

entre os homens. Um novo tratado

de luz, união e prosperidade de amor

carinho e compreensão

 

O vento renovará as folhas

das árvores dando uma melhor sombra

para os peregrinos das estradas

que passam, e um pouco confusos

param e seguem adiante.

Mas fazem o caminho da luz.

 

Agora chove e na calmaria do

coração o espírito se veste de caridade.

Evoluído, ajuda e oferece sua casa

no reino de Deus.

Semeia um jardim de grandes

rosas e belos pássaros.

 

Somos peregrinos do amor

e da bondade, estamos de passagem

fazendo o caminho trilhado pelo

Espírito Santo.

Semeamos para todos

a esperança do encontro com Deus

em sua morada.

 

 

continua >>>

 

 

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