DELICATESSEN

 

preciso de um doce

que me dê prazer

e me preencha a boca

com furtivas de anis

prefiro saborear

provar sal nas costas

derreter chocolate na tarde

pra esquecer do frio da vida

dá-me muitos e faz-me pouca

a avalanche de abraços apertados,

cura-me esses choros suspirados

de quem ama e nunca diz.

 

 

 

 

 

 

ENCONTRO DE POESIA

 

ele era poeta

escrevia como se pudesse tê-la

sentindo a vontade no seu olho ao lê-lo

como se ela ousasse ser a única.

 

ela era poeta

escrevia arrebatada, incompleta

e lia, e mais avidamente o lia

como se ainda pudesse

despir a vida

entender o silêncio

pesar sussurro.

 

 

 

 

 

 

TANGO

 

ainda guarda distâncias

a boca ainda se reserva

como se houvesse algo a desvendar

ela é involuntária, hesitante, arisca

a desconfiança a deixa arredia

apesar de tanto carinho

a despeito de tanto cuidado

ela come na mão dele

mas não sem rodeios.

 

 

 

 

 

 

QUASE

 

o sorriso dela foi largo

cheio de certezas

dessas que voam leves no vento

sentiu o aconchego na distância de seu abraço

a ansiedade apertada de um beijo

sempre soube agradar com poesia

não, não era amor

mas era quase.

 

 

 

 

 

 

CATECISMO

 

inferno é perder a vida por medo.

o paraíso é presente.

te convido para o fogo.

 

 

 

 

(imagem @czek)

 

 

 

Paula Cajaty. Carioca, nascida em 1975, iniciou a carreira no Direito, mas encontrou na literatura o caminho para alcançar os próprios sonhos e prazeres. Em 2008, lançou o primeiro livro, Afrodite in verso, que tem como principais componentes a sensualidade, o romantismo e a poesia. O livro ganhou orelha do poeta Fabrício Carpinejar, e elogios de diversos escritores já consagrados por crítica e público. Outras informações em seu site (clique aqui).
 
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