Fade out

 

 

I

 

 

vai

 

vai

 

vai

 

Verbo irritado

Curva de suspiro e barro

 

 

II

 

 

Rio que desboca agora

Carrega de mãos dadas

Dois bocados de silêncio

 

Não por saber que a fala

Fraco borbulhar de gênio

Tenta irromper na trova

 

Vão pensamento

 

 

 

 

 

Implícito

 

É preferível guardar

Silêncio

Ser nada e apenas nada

Ainda que não ou sim ou seja

 

 

 

 

 

 

 

 

Solução

 

As inomináveis mergulhadoras

Calam.

 

Absortas,

Recobram o que não sabem. Mais uma vez

Anunciam do objeto narrado a

Inútil enunciação

Ab-

Surdos.

 

 

 

 

 

 

 

 

Naquela janela

 

 

E daí o juízo

 

(suspenso)

 

 

Glossário de apreensões sensíveis

reconsultado às quatro

e trinta

puníveis tensões se dão

pensáveis no que esgoela tantíssimas

 

 
 

 

Cinco retalhos

 

a Meu Abstrato Mestre

 

 

 

 

II

 

 

Ali está

Junto ao meio-dia

No fundo largo e solitário

Da basta melancolia

 

 

 

 

III

 

 

Ali está

Uma alma ainda

Reside mansas nuvens

Ainda sombras de mergulho

A imagem a imagem

Sono este

Sonho branco

Estranhíssimo marfim

 

 

 

 

IV

 

 

Mole floresce (folhas)

Sombreia sombras

(ali estão)

Aranhas bebem

Porção de cores

Dormem tranqüilas

Escuras

            (poças)    

 

 

 

 

V

 

 

Luz que brisa

Nenhum

A

paga

Que espelho

Nenhum

Que

brado

(Só uma

Palavr

A

vara)

Que afund

A

Funda

 

 

 

 

 

 

O oposto

 

 

Sombra

Caída

De luz

Na ultrapassagem do dia

Bocas comidas de pus

Ao relento

Um barco vazio

Estanca e

Retoma

O

Triz

O

Cimento

O

Soluço de um rio

Que tanja um cílio um garf            O      

Voltado para dentr  

 

 

 

 

Thiago Ponce de Moraes estuda Letras na UERJ e Filosofia na UFRJ. Pesquisa alguns pontos de convergência entre as obras de John Milton e Fernando Pessoa. Tem poemas publicados na Máquina do Mundo, no Papel de Rascunho, no Cantar a Pele de Lontra e em antologias da CBJE e da Scortecci.