©sguimas
 

 

 

 
 

 

 

 

Lírica

 

 

agora o espaço

do mundo infletido

toca o corpo todo

frêmito

outro sopro

em redor.

A luz que se apaga

sem recomeços

 

a terra desolada

nos cartórios ilusórios

do mundo.

Só o drama

é intervalar.

 

 

 

 

 

 

A delicadeza foi ontem

 

 

Na superfície frágil

um soco atravessa a fala

cabeças interceptam-se

numa bandeja.

Os olhos

límpidos banham-se

de sangue

no dia civil

 

Não há metáforas

luzes acesas.

 

Toda evidência se perdeu.

O rastro outrora codificado

em branco.

 

Sinto a carne viva

por trás da epiderme.

 

A imagem da beleza

sonda a perscrutar

intestinos.

 

 

 

 

 

 

Outro céu

 

 

de minhas ilhas

mínimas

qual bandoleiro

quero tomar

de assalto

o amanhã

 

 

 

 

 

 

Por razões de segurança

(meu computador só não processa)

 

 

Você não é um autor.

Então você não escreveu este texto.

 

Os textos sempre existiram.

Mas talvez isso nunca tenha sido escrito,

talvez seja só um caminho de sua imaginação.

 

Isso ocorre com frequência.

Se você quiser arriscar

quando a página se abrir…

 

Mas não aceitamos submissões

feito a metade de outra pessoa.

Você tem de mudar.

Por razões de segurança.

 

 

 

 

 

 

Um vírus urbano

 

 

Para Laís Ferreira Oliveira

 

 

Nesta casa vazia não mora ninguém.

Um pixel esvaziou-se no cluster.

 

A aposta se perdeu na senha adulterada.

O insensível vírus quer cerrar o labirinto.

 

Refaz-se o caminho na trama codificada.

Onde se descortina a vida sob a retina?

 

Subo Bahia e viro a esquina. Não é sempre

mas hoje o inesperado supera a rotina.

 

Oxumarê um arco-íris serpenteia. No corpo

a sede cessa, mas o sangue flui em lavas.

 

O que me espera? Rubra e luminosa luz

o leito macio o fogo em brasa o ás de copas.

 

 

 

 

 

 

Anagrama ou quase

 

 

lúcida lúdica

cálida

cilada

um amor

 

 

 

 

 

 

Lunar

 

 

Sob a luz

escoa a noite

esta criança

ou dogue

a brincar

no sono

de outrem

 

 

 

 

 

 

Entusiasmo

 

 

ela lúcida

cálida

mente

sorri

 

 

 

 

 

 

Dois poemas encontrados

 

 

BRANCO

 

 

L

U

Z

U

V

E

A

I

M

 

 

 

VERMELHO

 

 

M

A

R

E

Z

A

U

R

B

 

 

 

 

 

 

livro letra

 

 

a letra por vir

o tempo por vir

a alma por vir

 

a vida por haver

o dia por morrer

o sol por nascer

 

a água por cantar

a lágrima por secar

o gozo por amar

 

o sexo por gozar

o sal por sabor

a vida por saber

 

a senha por outra luz

a sanha por outra cruz

a luz por outra luz

 

as horas por amor

a luz por calor

o sonho por favor

 

 

 

 

 

 

Amarelinha, o jogo

 

 

cartas de amor

drible de ator

voo de condor

 

maldade de atriz

jogo de meretriz

cicatriz de purpurina

 

sina de remix

coragem de asterix

trama de matrix

 

 

 

 

 

 

Baila o pensamento

 

 

os passos na retina

a fuga contínua linha

nos espaços

o pensamento dobra

ante o corpo da bailadora

móvel esférico

assintático

porque a palavra não sai

quando a fala sussurra

 

olho o corpo ao vento

pena que escorrega no toque

natural no passear

leve salto

ritmo sincopado

 

sopro um compasso outro

o coração evapora, baila

sob o ouvido musical

 

123 567 123 567 1

 

o mundo agora acontece no gesto.

 

                  

 

 

 

 

 

 

 

 


Rogério Barbosa da Silva é poeta e professor de literatura e de estudos de edição no CEFET-MG. No campo da pesquisa, tem interesse por poéticas experimentais, tecnologia e poesia, poesia digital. Coordena o Grupo Tecnopoéticas. Na arte e cultura, integra o conselho editorial da Scriptum Livros. Coeditou a Revista Ato (2004-2006) e o Jornal DezFaces, em Belo Horizonte. Coordena o projeto POEMAPS (poesia georeferenciada).Tem poemas na Revista Zunái e Germina (edições especiais), Jornal DezFaces (2006-2011) e projeto POEMAPS. Coautor do livro Boca na palavra (poesia, Impressões de Minas, 2019). Participou das antologias Entre o samba e o tango (Museu Nacional da Poesia, 2018) e Corpoafeto (e-book, LED-Cefet-MG, 2021). Participou também do Projeto #arteliberdade (coletânea de vídeos e exposição, realizada em 2017 na fachada do Museu do Conhecimento, Praça da Liberdade, BH).

 

 

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