Um carretel de linha vermelha esquecido no fundo da minha caixa de costura. Era Aracne. Era Ariadne. 


A Aracne capaz de proclamar que seu talento vinha de si mesma e que ousou bordar as traições de Zeus, imputando as falhas da maior deidade do Olimpo. A Ariadne que entregou um fio de lã para que Teseu pudesse encontrar o caminho de volta no labirinto do Minotauro. 


Essas mulheres mito-simbólicas da cultura ocidental estão presentes. 


Continuamos segurando a ponta do fio de Ariadne, atando e desatando nós, carregando em nossas costas o peso dos crimes de Zeus, bordando caminhos de denúncias de violações inenarráveis contra as mulheres, usando arte para chorar e cicatrizar, fazendo o fio vermelho pulsar como artéria carregada de sangue, como o cordão umbilical que um dia alimentou cada ser humano na face da Terra e como o fio da vida, movimento contínuo e incessante.


Eu sou Aracne. Eu sou Ariadne. [Margareth Laroca]






 

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