Água mestra, água furtada, sangria desatada

 

Não me estancam calhas

O sangue cresce d'um osso

E flui colostro

Gárgula

 

 

 

 

 

 

Marca.passo

 

Estou batendo

Tambores

Percutindo

Excursionando expressões

 

No timbresombra

Esticam-se lamparinas

 

Estou ancestralizado

Atraído por sinais son.hórus

 

ata.a.mão: baque ... ata.a.mão:baque

beat.box

mantra.so(u)l

 

Estou em guerra.

Estou em dança.

Estou em transe.

 

Mestre ar

Aprendiz terra

 

Viajo xamânico

Conduzo santerias

 

Ato a mão

Com o vento

E o pulso

Treme.luz

 

Ventoeste

Estou Todo Estar

Star

 

 

 

 

 

 

Voltas & Volts

 

De mãos dadas

Com o Mestre das Estradas

Levante selado

Em cada pegada

 

sigam-me os dons

os mésons

megatons

 

pois eu os sigo

os rictos

caminho éon

 

 

 

 

 

 

Especulares

 

No séquito das lamparinas

Pousamos

 

Como espelhos de sol

Nossas clavículas

 

Chave da noite

Clave lunar

Nossos olhos abalone

 

Oferendas da obscuridade

aceita

 

 

 

 

 

 

Bifocais

 

Seguirei o caminho escuro

Repleto de miraculosas libações?

 

Dar-te-ei a companhia

Vulto santo

 

Seguirei até

 

O ventre dourado

O ventre dourado

 

Em busca de teus olhos de nácar

No séquito das lamparinas

 

Precisarei vendar a serosidade das manhãs

Com tuas pétalas serigrafadas?

 

Contornar-te-ei

Até a porta banhada de luar

 

Estarás lá?

 

Ou precisarei bater uma terceira vez

Induzindo o vazio e seu cortejo incompreendido?

 

Vento, vento, vento...

Voemos, ciliados.

 
 
 
 

Luzerio

 

The electric chair

 

cadeira elétrica

para a caveira estética

 

o crime: confronto da luz

 

pelas vértebras

luz.e.rio

puz

 

 

 

 

 

 

Ecdise

 

rio . luminária

a cigarra

ri

ri

caligrafias de si

 

monossilábica . quase cai

muda

 

 

 

 

 

 

Astrologias

 

Bacio Bacilo

 

Pouso opaco

(morro do que me seduz)

Astrolábio

 

 

 

 

 

 

Crisálida

 

Ver-me

Na veia negra

Do verbo amarelo

 

Eclodindo

Galáxia

 

 

 

 

 

 

Hamadríade

 

Plexo de mariposa

aglomerando

Plêiades

 

 

 

 

 

 

Ossos do ofídio

 

De arrudas o cabaré

A duna de escamas:

Cripta maré

 

Oxum-oxum-oxum

Javeh

 

 

 

 

 

 

*

 

Na medula todo sigilo

Que possas vocalizar

 

Vem egun, vem exu

Vem tu

Vem espinho, frio, cio

Falange de ogun

 

Tudo em mim

É só um

É só um

Hino de olorum

 

 

 

 

 

 

*

 

Quanto mais magia

Mais relva contorce

Fogo de santeria

Meu terceiro nome

 

Canto caboclo

Atabaque mouro

Maçã, ave e louro

Crepitam em meu altar

 

Pitonisa:

Eclode, eclode.

 

 

 

 

 

 

Pagan Poetry

 

Athame e roda

A-tha-me e roda

Sol, o que querias. Musa sibila.

Sol, o que oravas. Gira, gira, gira.

 

Clave de lua, medusa.

 

Sua sexta seta: afluente.

Víbora, víbora, vida.

Ponto e vírgula

Sol ser ; ente.

 

[imagens ©jérôme]

 

 

 

Andréia Carvalho Gavita. Autora de A cortesã do infinito transparente (2011) e Camafeu Escarlate (2012), publicados pela Lumme Editor. Participa do corpo editorial das revistas mallarmargens e Zunái — Revista de Poesia & Debates. Escreve o Hábito Escarlate.

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