Gaspard de La Nuit: livro citado por Baudelaire.

 

Gastos: os governos sempre enterram o dinheiro público naquilo que chamam obras, i.e., cimento, metal e ricas empreiteiras; educação e cultura não podem ser gastos: para se ter alguma boa-vontade das autoridades com isso é preciso antes provar que ambas não custam nada.

 

Gesto: em Camões, o rosto.

 

Gibi: pejorativo para HQ.

 

Glamour: significava uma elegância pessoalíssima e sem compromisso, aérea e estilizada, na época de Marlene Dietrich. O termo recebeu uma bela enxugada, e passou a englobar quase que apenas dinheiro + personal stylist.

 

Gíria: a linguagem das ruas. O equivalente intelectual é jargão (v. Jargão), muito mais restrito e menos inventivo, entretanto.

 

Goliardos: clérigos medievais que, percebendo a natureza da Igreja, e qual o destino que teriam se permanecessem por lá, se tornaram andarilhos, beberrões, vadios e galanteadores.

 

Gosto: divide-se em bom e mau. O bom é o meu; o mau é sempre o dos outros.

 

Gramática: tortura vernácula aplicada em crianças em idade escolar, pelas próprias escolas ou por grilos-falantes da tv; não se aprende lendo e usando, mas através de análise lingüística, esquemas arbóreos, modelos caducos, e a praga soporífera dos didáticos; o latim em relação às línguas neolatinas (cf. De Vulgari Eloquentia, tratado de Dante Alighieri).

 

Grandiloqüência: obesidade mórbida da literatura; pensa parir uma enorme montanha/ sai só um ridículo rato: nesses versos mal traduzidos da Arte Poética de Horácio, a definição da mentalidade grandiloqüente. Jeronymo Côrte-Real foi indizivelmente grandíloqüo quando compôs um longo poema épico sobre o naufrágio de uma pequena família portuguesa.

 

Guerra: modo arcaico, pré-civilizatório, de suicídio ritual coletivo, para o qual se engendram exércitos, hierarquias, medalhas, máquinas mortais e táticas de extermínio; deve-se dizer que há guerras justas e injustas; quem não entender ou admitir a guerra é simplesmente covarde; quando se perde uma guerra, ela é lamentável e sangrenta; quando se vence (?), ela é gloriosa e heróica.

 

Guirlanda: bela palavra.