pai s agem e s s encial

 

língua s ar
dem delirante s
no vortex
da zona s onhabortada
onde
o
poema vomita
um entre

cortado enigma
que di s s ipa
o
fervor
da s imagen s

corpo s afogam a noite
fragmentada
por
reflexo s
em
deva s s a convul s ão

paira s obre o s de s avi s ado s
um
torpe gemido
em forma de
S
barco bêbado
& carregado de injuria s
ra s gando
o
dor s o da realidade

olho s vendado s s obre
o
alfabeto
e
a re s piração exaurindo
o
oco
da s hora s

 

 

 

 

 

 

o convite

 

fomos convi
dados para a festa da morte
para dividir seu re
pasto e suplicar-lhe os restos
para per
seguir seu rastro de ódio
& sangue & conduzir seu re

banho de hum
ilhados até os com
fins do esque
cimento

fomos convi
dados para o cortejo dos aflitos
para tatuar seus an
seios no tórax do poema
com a lâmina gasta nossa voz oprimida
re
velar o animal con
sumido pelos d
entes do ocaso
antes que os ossos & as horas se trans
figurem
em embarcações vio
lentas

fomos convi
dados para o baile dos afogados
para roubar-lhes as pa
lavras submersas
em igara
pés rasgados pela imagin
ação doentia
como se nada restasse além de um canto
para os que calam
ante a curva
tura dos b

arcos

 

 

 

 

 

 

a língua do relâmpago

 

lábios & mãos con

somem o

oco das horas
sobre

vivendo à
escrita elétrica da luz
com navalhas
toc

ando as entranhas
do espírito
feito
sacra

rio entre

tecido na
fronte do poeta
ou voz petri

ficada
procur

ando
silabas azuis
que a res

piração dos páss

aros
leva
consigo

ó
solit

ária injuria

semeada no in

visível
frac

assadas as

cíclicas fugas dos

auto

móveis
rumo ao fogo
inconsumível do o

caso ress

urge
ante a textura das marés
de escárnio
um exército
de sombras vege

tais
per

seguindo relâm

pagos
muito além

das prom

essas

onde naufraga o
esqueleto das convicções
é que res

surge
a impiedosa voz da vi

lezatal altiva
embarc

ação deslizando
contra o fluxo
envene

nado das marés
ou edifícios
chicote

ando o
hímen ard

ente dos pesad

elos

o poeta indig

nado
exalta a morte
em suas pálpebras

petri

ficadas
recolhendo
cacos da real

idade
no peçonhento

poço do poema
como
quem coleciona

 insetos
por va

idade

 

 

 

 

 

 

máscara

consum

ido
pelo fogo da escravidão &
arrast

ando
o vital da existência
no corpo químico
do poema
o
poeta tece
uma más

cara
de quebra

diças folhas
caídas
da árvore da cegu

eira &
dobra
os joelhos
ante a
im

piedosa
tessitura
do
desprezo

resta um
rumor entre

laçado
ao
aniquilamento
dos peixes
de né

on

 

 

 

 

 

 

dor azul

um inst

ante morto
estende-se longa

mente
fortalecendo
a cabel

eira das árvores sacud

idas
pelo
vento
numa secreta fome sexual
lamentável
&
in

descritível
como
um final de dor azul
ou como
um gesto de desprezo
que
per

segue espelhos
ab

sorvidos
pelo

na

da

 

 
 

 

noite interrompida


não há
incêndios na noite inter

rompida


não há
sangue no pisoteado

cor

ação do porto

não há
cura para a cegu

eira dos
páss

aros oprim

idos


para
a sombra negra que
em

laça os cor

pos


para
o espantoso p

ulular dos
ratos de cristal


para
o ávido dês

figurar da
voluptuos

idade em

tornada
em
redes
de fosfor

escências
car

comidas

 

 

 

 

 

 

limite

 

"Ecrire, c'est entrer dans la solitude où menace la fascination.
C'est se livrer au risque de l'absence de temps,
où règne le recommencement éternel"

Maurice Blanchot


 

teu corpo
re
torna
ao horizonte de meu
en
torno
oco de signi
ficados

toco
fincado
na tosca super
fície
dos
sent
idos

copo
en
tornado
sobre a mesa
posta
do
acaso

voz
um
bertoecoando
nos corre
dores
da
alma
 
 
 
 
 
Pedro Vianna é músico, escritor e tradutor, autor dos livros de poemas Itinerário interno e Sementes da revolta.