Eu queria
ter…
Eu queria ter um pau imenso.
Não para
impressionar mulheres,
agitar poder por aí ou acabar de
vez
com minha baixíssima auto-estima.
Eu queria ter um pau imenso.
Tão grande o
bastante para enfiar
no meu próprio cu
e não precisar nunca
mais
de nenhum filho da puta
para me dar prazer
ou me
sentir completo.
Um pau imensíssimo,
para dar fim na eterna
mania
de idealizar pessoas
que vêm com filosofias,
esporram
grotescamente em mim
e se evaporam como a carruagem
da
Cinderela que sempre
volta a ser abóbora.
Se a dor é
inevitável…
Se a dor é inevitável,
fecho os olhos para não
ver
todos os buracos do meu corpo
serem arrombados.
Se a dor é inevitável,
prefiro
imaginá-la,
prefiro potencializá-la
subjetiva, torná-la
poesia.
Não por desejo de evasão,
mas estratégia de
auto-estima.
É menos humilhante sentir
dor poética do
que
ser violentada
e sentir-me agradecida
por continuar
viva.