Em agosto de 2013, Homero Gomes lançou seu primeiro livro, Solidão de Caronte, que reúne dez poemas. Com apresentação de Vicente Fraz Cecim, posfácio de Edson Cruz, tem orelha de Carlos Felipe Moisés, que classifica a poesia encontrada no livro como "às vezes discreta, às vezes ostensivamente impregnada de seriedade e de filosofia, com a mediação da tradição bíblica ou do recurso à mitologia", resultando em "uma linguagem circunspecta, que tende ao sublime e ao elevado, para fazer frente à desumanização que assola este nosso tempo de penúria".

Ficcionista, ensaísta e poeta, Homero Gomes "surge, maduro, na poesia nova que o Brasil está produzindo com um acento de sofisticação", afirma Fernando Monteiro. O livro é composto por poemas focados na vida, na natureza e nas angústias do ser humano, entretanto "não esconde sua predileção pelos grandes temas universais e, por isso, passa ao largo da corrente dominante nas últimas décadas", escreve Carlos Felipe Moisés, referindo-se à coloquialidade presente na corrente dominante da poesia atual.

Embora contraditório, o poeta não se desprende da contemporaneidade, expressando-o por meio do imagético, do encantatório, "num jogo de cena em que a narratividade ocupa um lugar de destaque", como esclarece Micheliny Verunschk. Ou como disse Fernando Monteiro na quarta-capa de Solidão de Caronte, numa "poesia reflexiva que caminha para o cinzento da angústia contemporânea".

Vendido pelo site da Editora Patuá, o livro foi publicado após oito anos de trabalho e marca o início de uma carreira que já tem dado mostrar em publicações em periódicos e na internet. Pela primeira vez em livro, parece reafirmar a que veio, para incomodar, para nos tirar da zona de conforto. Pois, como alerta Fernando Monteiro, "não abra Solidão de Caronte esperando outra coisa senão a ressonância de uma 'terra desolada' cujo cinzento não combina (?) com os nossos verdes campos de futebol".