Contos inefáveis, de Carlos Nejar

Consagrado poeta Carlos Nejar lança seu primeiro livro de contos 

Nova obra da Editora Nova Alexandria reúne vários estilos do escritor que desde 1989 é membro da Academia Brasileira de Letras

 

O consagrado poeta e escritor Carlos Nejar, membro da Academia Brasileira de Letras, está lançando seu primeiro livro de contos pela editora Nova Alexandria. A obra, denominada Contos inefáveis, traz uma profunda reflexão sobre a condição humana, seus limites, perplexidades, penúria e grandeza. Os 97 contos reunidos percorrem vários estilos, do realismo ao surrealismo, da sátira ao drama. O conteúdo relata a batalha cotidiana enfrentada pelo homem e sonda os mistérios de Deus, da vida e da morte. Para Nejar, o livro é irônico, poético, dramático, mágico, fabulista, real, mas sempre marcado pelo sonho. "Somos os nossos mais altos sonhos", considera.

 

 

Da poesia ao conto

 

"Ninguém sabe por que passou a escrever — ainda mais contos, sendo poeta", diz Nejar. "O fato é que os contos começam a pedir passagem na imaginaçãoo e não me preocupo com os gêneros, que sofreram ruptura na contemporaneidade. Preocupo-me apenas com a linguagem. E foi ela que se impôs, com visão pessoalíssima e os leitores poderão descobri-la, o que também me descobriu", explica. O autor começou a escrever os contos quando estava morando no "Paiol da Aurora", em Guarapari, no Espírito Santo, há sete anos. Após uma pausa, eles continuaram sendo redigidos no Rio, no bairro da Urca, a partir de 2010.

 

 

Obra de estrutura livre

 

O formato de Contos inefáveis mostra quão livremente as estórias "pediram passagem na imaginação" do escritor. "Regras Ancestrais", por exemplo, tem apenas três linhas. Já "O Aventuroso Cavalo Olivério" tem cinco páginas. "Essa estrutura não foi postulada por mim. Foi-se tecendo. Só no final, tive ideia do que formou. O conto tem o tamanho de sua respiração. A vida na ficção só se esgota, ao se esgotarem suas palavras", acrescenta Nejar. Ao longo da obra, vão se descortinando diversos temas como eternidade, morte, imortalidade, normalidade, diferenças, linguagem e mistérios da vida. Alguns contos apresentam traços autobiográficos, como aqueles que acontecem no cenário dos pampas gaúchos e que destacam os cavalos na vida dos meninos e dos homens. "Em toda a criação não se foge do autobiográfico. A lei de Lavoisier também se aplica à arte: 'Nada se perde, tudo se transforma'. Ou se encanta, na medida em que alcança ser mágico. O cavalo é um laço de infância, desde o pampa, onde o homem e o corcel são corpo e alma", explica Nejar.

 

Algumas das estórias de Contos inefáveis são ambientadas na cidade de Assombro, a mesma que aparece em vários romances de Nejar, como Carta aos loucos e Jonas Assombro. "É uma cidade que inventei. Com seres que me foram inventando", revela. Uma delas é a estória de um juiz de direito, que não gostava nem de processo e nem de audiência e, assim, passou a defender a lei do menor esforço. Outro caso que se passa também em Assombro é o do bibliófilo Jeronimus Linch, no conto "Vasos Comunicantes", em que misteriosamente o acervo da cidade começa a desaparecer.

 

A edição de Contos inefáveis da Nova Alexandria traz ainda um texto de orelhas escrito por Nelly Novaes Coelho, que é pesquisadora, ensaísta, crítica literária e professora titular da Universidade de São Paulo. 

 

 

Dados do autor


Luís Carlos Verzoni Nejar, poeta, ficcionista, crítico e tradutor, nasceu em Porto Alegre (RS), em 11/01/1939. Seu primeiro livro de poesias, Sélesis, foi publicado em 1960. Nessa época, trabalhava no "Diário de Notícias", de Porto Alegre, como colaborador da página literária "Nossa Geração". Formou-se Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica/RS, em 1962. Entre 1966 e 1974, foi professor da rede pública estadual em Itaqui (RS) e Promotor de Justiça em várias cidades do interior gaúcho, além de Procurador da Justiça em Porto Alegre. Desde 9 de maio de 1989, é membro da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira nº 4. Ao longo de sua carreira, Nejar publicou mais de 50 livros, entre poemas, personae-poemas, prosopoemas, romances, infantojuvenis e ensaios. Seus poemas figuram em mais de 30 antologias, publicadas entre as décadas de 60 e 90. Recebeu inúmeros prêmios. Entre eles, em 1970, o Prêmio Jorge de Lima, pelo livro Arrolamento, concedido pelo Instituto Nacional do Livro. Em 1979, ocorreu a gravação de seus poemas para a Biblioteca do Congresso, em Washington (EUA). Em 2000, recebeu os prêmios Jorge de Lima, da União Brasileira de Escritores e Machado de Assis, da Biblioteca Nacional. No ensaio do crítico suíço Gustav Siebenmann, Poesía Y Poéticas del Siglo XX En La América Hispana Y El Brasil (Madri: Ed. Gredos, Biblioteca Românica Hispânica, 1997), Nejar figura como uma voz emblemática e universal, de original e abundante produção lírica, ao lado de Octavio Paz, Jorge Luis Borges, César Vallejo e Nicanor Parra. O estudo analisa as vertentes da poética espanhola e latino-americana, resgatando seus movimentos e tendências. Da literatura brasileira, 14 nomes são mencionados, de Cruz e Sousa a Carlos Drummond de Andrade. Entre os poetas brasileiros, além de Nejar, integram a antologia o pernambucano João Cabral de Melo Neto e o concretista paulista Haroldo de Campos.

 

 

Projetos atuais


Nejar reside no Rio de Janeiro há cinco anos, no bairro da Urca. Ele sente que foi a cidade que o escolheu. "Tenho o privilégio de estar perto do mar", diz. Além de sua atuação na ABL, Nejar prossegue com uma ampla produção literária. Nos últimos 10 anos, ele vem se dedicando a vários livros de poemas. Alguns já estão prontos, como, por exemplo, Fúria azul, que está no prelo. Possui romances inéditos, que vão se aperfeiçoando. Também está trabalhando na 3ª edição da História da Literatura Brasileira, com novos autores. Além disso, ele já tem mais dois livros de contos inéditos.

 

Contos inefáveis

Formato: 14 cm x 21 cm - Número de páginas: 120 - Preço: R$ 28,00

ISBN: 978-85-7492-338-3

Nova Alexandria

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