Asterix na Índia

 

Noutro dia me peguei relendo o velho e bom Asterix, que até na América esteve, mesmo antes de Colombo. Não era de se estranhar então que uma visitinha à Índia fosse incluída em seu currículo. Se chama As mil e uma horas de Asterix. E apesar do deslize de mostrar uma suposta muçulmana (pág. 29) na Pérsia muito antes de Maomé ter nascido, o roteiro é bom e o desenho, um dos melhores.

 

Nesta aventura, Asterix, Obelix e o bardo da aldeia vão à Índia a fim de acabar com a seca que dizima o Rio Ganges e põe em risco a vida da princesa local, que será sacrificada então ao deus da chuva (Indra). O mais interessado nisso é um dos malígnos gurus do reino, que deseja usurpar o trono. A turma do bem corre contra o relógio para que a chuva venha antes e não seja derramada uma só gota de sangue. Ensina. Diversão garantida.

 

 

Dil to pagal hai

 

E como estamos de bom humor, outro recomendável é o DVD do filme Lagaan, (Columbia Tristar, 2001). Este filme, que concorreu ao Oscar (e não ganhou, uma pena) é ambientado na Índia em 1893. Os britânicos dominam os reinados em troca de proteção armada contra possíveis invasões. Cobram impostos por isso (o "lagaan" do título). A questão é que não chove (esse Indra!!!) e os camponeses não tem colheita para dar em pagamento. Até que um jovem local se insurge e resolve enfrentar os tirânicos colonizadores numa batalha inusitada.

 

Para agradar aos indianos, há o romance intricado entre o galã e as mocinhas (uma inglesa e outra indiana), o jogo de cricket (paixão nacional, estilo futebol no Brasil, sabe?) e as músicas coreografadas. Já me explico: em média, os típicos filmes indianos (de Bollywood) têm 3 horas e meia de duração e são recheados de canções, danças, ação e romance. Lagaan porém é uma produção mais bem cuidada, não é um modelo característico, daqueles deliciosamente kitsch.

 

Outro mérito é o de mostrar que só uma Índia unida (hindus, muçulmanos, sikhs e até intocáveis — a mais baixa casta indiana) poderia derrotar os ingleses. E isso não é pouco, em vista das tendências segregacionistas emergentes.

               

Contagiante, divertido e politicamente correto. Vale uma tarde de domingo, recheada de gulabs. Muitos!   

 

 

 

panditgaram@yahoo.com.br