©photo vaqueiro
 
 
 
 
 
 

 

 

"Se vocês gostam de samosa, tenho algumas encomendadas aqui. Querem dar uma olhadinha?" A minha companhia me olhava com aquela cara de turista perdida. Afinal, a cena era no Consulado da Índia no Brasil, um órgão governamental!

 

Em poucos minutos, toda a pose diplomática se transformou numa Índia autêntica, com a recepcionista indiana nos vendendo suas samosas caseiras, uma espécie de pastel frito. Era quase um mercado aberto, os passaportes com cheiro de fritura.

 

Hesitei em contar, aqui, o fato. Afinal, poderia comprometer a moça e o seu emprego, tornando público o seu contrabando de salgadinhos. Dois dias depois, posando de chef num dos maiores jornais de São Paulo,  lá estava dona Catarina, esta indiana de Goa, sendo entrevistada no melhor estilo 15 minutos-Andy Warhol. E eu cheio de dedos...

 

Mas o tal artigo do jornal  mencionava também um restaurante que eu ainda não havia conhecido, o Delhi Palace. Na verdade, na última vez em que estive no Tandoor, um dos garçons me perguntou o porquê do meu sumiço, se era  o Delhi Palace o culpado. Nunca tinha ouvido falar, mas fiquei intrigado. Juntei a vontade de comer samosa com nenhum outro motivo —  um indiano nunca precisa de argumentos para comer — e lá fui conhecer o tal palácio.

 

Aberto há oito meses, pode-se gabar de preços razoáveis, bom serviço e comida indiana honesta. As samosas estavam no ponto, com recheio farto e ardência aceitável. O lassi é encorpado e o  naan é dos melhores. Mas o bônus do local são os vídeos de Bollywood (Bombay+Hollywood)  que ficam no ar, com som quase inaudível. O refinamento da dança clássica indiana se torna kitsch, moderno e ultracolorido, com atores e atrizes dançando e dublando os hits dos filmes. E o restaurante tem uma coleção que começa a ficar risível, quando entra nos anos 70 e 80. Eu deveria ter deixado mais  gorjeta, juro.

 

No dia seguinte, voltei para mais uma samosa.  E mais, igualmente boas. Decepcionante mesmo foi só o gulab jamun, este doce único indiano. Um tanto frio e de massa embolada, tinha dentro uma espécie de fruta  passa inidentificável, combinação que eu não conhecia e nem aprovei. Não é dos piores, como o do Maha Mantra, mas tá longe de ser o do Tandoor. Economize, então, o dinheiro da sobremesa:

 

Para a calda do gulab, prepare:

 

½ litro de água

½ kg de açúcar cristal

5 cravos da Índia

1 pedaço de canela em pau

1 pitada de raspas de noz moscada

1 xícara de café de xarope de rosas

 

Junte todos os ingredientes em uma panela, exceto o xarope de rosas, e ferva por 3 minutos. Desligue o fogo e acrescente o xarope. Reserve.

 

Para a massa do gulab

 

2 xícaras de leite em pó

1 colher de café de cardamomos moídos

1 xícara de água

 

Em uma vasilha, coloque o leite em pó e o cardamomo moído. Aos poucos, vá acrescentando água e mexendo, até obter uma massa consistente e macia para modelar bolinhas. Frite-as no ghee (manteiga clarificada)morno para que inflem, escorra em papel absorvente e coloque-as na calda. Os gulabs não devem ser conservados em geladeira. Sirva à temperatura ambiente.

 

 

 

 

Serviço

Delhi Palace

Av. Juscelino Kubitschek, 1132 - Itaim Bibi

Tel.: (11) 3168-4943  /  30731209

 

Sra. Catarina 

Tel.: (11) 3288-3093 / 7292-7028

 

Tandoor

Rua Rafael de Barros, 408 – Paraíso

Tel.: (11) 3885-9470

 

A receita do gulab jamun

DASI, Syamala Devi —  Culinária Vegetariana com Sabor da Índia. Pindamonhangaba, São Benedito Editora, 2000.

syamaladidi@yahoo.com.br

 

Os filmes de Bollywood

LATIT, Mohan Joshi —  Bollywood Popular Indian Cinema. London, Dakini Books Ltd, 2002

 

 

 

 

 

agosto, 2006

 

 

 

 

panditgaram@yahoo.com.br