Trem da MRS Logística S.A. na antiga Estação Ferroviária da Cia. Paulista de Estradas de Ferro. Valinhos/SP, 2014. Atualmente, a MRS Logística S.A. administra uma malha ferroviária de 1.643 km nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, e a companhia está entre as maiores ferrovias de carga do mundo. A sigla MRS significa Malha Regional Sudeste.

 

 

 

 

 

 

"Comecei a trabalhar na ferrovia aos 16 anos de idade e em 1973, com 18 anos, entrei para a recém fundada Ferrovia Paulista S/A - FEPASA, onde fiquei até 1994. Passei muitas vezes por esse trecho que havia pertencido à Companhia Paulista de Estradas de Ferro, entre Jundiaí e Campinas, é um caminho muito bonito mas cheio de curvas, dava muito susto na gente, principalmente quando cruzávamos com outro trem em sentido oposto. Havia muitos trens circulando em diversos horários, as estações são bem próximas uma das outras e o sistema catenária de distribuição e alimentação elétrica das locomotivas demandava muito mais atenção e responsabilidade ao conduzir um trem. Depois que aposentei ainda sonhava com trens e fui realizar outras atividades para esquecer um pouco. Perdi meu pai quando tinha oito anos de idade e a ferrovia foi uma verdadeira escola da vida para mim, nela eu aprendi a ter disciplina, respeitar os horários, os superiores e os colegas de profissão e aquilo que você não sabia fazer, como por exemplo, cozinhar, você aprendia na marra". [Orlando Donizete Clemente, 61. Valinhos/SP, 2016].

 

 

 

 

Vagão do tipo gôndola próximo à antiga chaminé da cerâmica da família Spadaccia.

Valinhos/SP, 2015.

 

 

 

 

"Minha avó veio de Ribeirão Preto e dos anos 1970 só tenho boas lembranças que passei sobre esses trilhos. Viajei muito com ela e minha mãe. Fiz muitas viagens para as cidades de Jundiaí e

São Paulo e o caminho era muito bonito. Nessa época já eram os trens da Ferrovia Paulista S.A. - Fepasa". [Eder De Gasperi, 54. Valinhos, SP, 2016].

 

 

 

 

Agora pode buzinar maquinista!.

 

 

 

 

Olhares atentos e uma certa empolgação em mais uma passagem do trem.

 

 

 

 

Nada como um brinquedinho novo para alegrar o meu dia.

 

 

 

 

Eu já estou com 35 anos trabalhados na ferrovia, fiz concurso público e fui funcionário da RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.) e após a privatização eu retornei a trabalhar com as empresas concessionárias. Atualmente, fazemos manutenção em pontes em todo o Brasil e sempre digo que ponte está no sangue, está na veia, é uma coisa bem interessante, específica, é um ramo que tem que ter muita criatividade pois cada ponte tem uma história e um problema a ser resolvido. Em 2017, faremos manutenção em aproximadamente 10 pontes nesse antigo trecho da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, reformaremos estruturas que estão aí há mais de 100 anos suportando as cargas, e isso nos mostra a qualidade do serviço e projeto que o pessoal

executava antigamente. [Paulo Getúlio de Freitas Costa, 58. Valinhos/SP, 2017].

 

 

 

 

Nasci em 1943 e com 13 anos de idade comecei a trabalhar em cerâmicas do distrito de Valinhos . Em 1963, entrei para uma empresa terceirizada da ferrovia. Em 1965, me tornei funcionário da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, na turma 118 do bairro Capuava. Meu primeiro trabalho na ferrovia foi com troca de trilhos, comecei em Louveira e fui até Campinas trocando trilhos, eu era jovem e quando a gente é jovem é outro espírito para trabalhar. Eram 16 homens arrancando o trilho velho, de 12 metros, e 16 colocando o trilho novo. O pessoal mais novinho pegava na tenaz, um de cada lado, prendia-se na sapata e depois era tudo no grito, para sincronizar o serviço — ohhh vamos, ohhh vamos, e tinha o feitor de linha na frente gritando. Acabava de trocar o trilho, apertava as garras e o trem já passava, não podia atrasar, tudo era muito pontual. Passaram-se alguns anos, fui morar na turma 117 e trabalhar como guarda de cancela. Eu trabalhei por pouco tempo na estação de Valinhos, na área de expedição de cargas. Me aposentei em 1984 e a ferrovia dá muita saudade na gente, principalmente dos companheiros de serviço.

[Maurilio da Silva, 73. Valinhos/SP, 2017].