o inventor

 

 

para dorival feliciani

 

 

Estou indo. O que faço agora?

Foi tanto o que acumulei aqui dentro! Os segredos que construí. O nó duplo que inventei pra rede de pesca eu ensinei pro Dair, mas ele já morreu e não repassou. Não ensinei pra ninguém mais. Não encontrei outro que quisesse fazer redes e, menos, que percebesse a utilidade do nó duplo.

E tem o jeito de amolar broca. E tem o jeito de bater prego sem que voe longe. E o jeito de passar a lima sem marcar a peça, de serrar sem travar a lâmina. E o lugar das arruelas na oficina. E o das juntas. E o das colas. E o jeito de colecionar os lugares.

É tanto jeito e tanto lugar!

O que faço agora com tudo isso?

Não escrevi, que não saberia como. Não sou de escrever como esse meu filho. Mesmo que fosse, não creio que anotar faria permanecer tudo isso. O papel é plano! Não cabem nesse plano as coisas com corpo. Meu filho diz que em dois papéis cabem, dois desenhos. Mas e o mecanismo das coisas? Dois papéis pra cada movimento? Muita confusão pro mecanismo, que é simples. Mais simples fazer, e mais vivo, do que botar nos papéis, calhamaço deste tama-nho.

Isso pros mecanismos, que, já disse, são simples. Fiz dezenas, mas tinha muitos ainda na cabeça pra fazer. Nos últimos anos fazia menos, fazia os inevitáveis, não era preguiça, era vontade ocupada com a contemplação. Coisa simples também, mas danada, a contemplação. Que encanta a gente.

A contemplação e o encasquetar com uma coisa, como é que eu ia deixar escrito ou desenhado? Tudo o que eu encasquetei. As horas de insônia, de olhos fechados, encasquetando. Tantas descobertas!

O que faço agora com tudo isso?

E o jeito que inventei de driblar a dor no estômago? Demorei muito na invenção desse drible. Drible que não se filma, como os do Garrincha. Nem se pode filmar, que o adversário não tem corpo, nem o drible tem caminho. Drible de dor. Fiz ficar mais fácil levar a vida. Era grande a bagunça da dor antes da invenção. Vou levar o drible daqui para o outro lado, se pra lá eu nem acho que vai a dor? Pra que levaria o drible sem a dor? E é certo isso, eu levar co-migo, sem passar pra ninguém, o drible da dor que inventei, se muitos que não sabem inventar precisam dele? Cada um tem que inventar o seu e, se não souber, tem que sofrer a dor? Não é justo isso, sofrer por não saber inventar.

Tem também o truque de deixar pra lá o medo do futuro. Também foi dos mais difíceis. Saber como largar esse medo no cantinho da vida, sem que ele interfira, até chegar seu momento de presente. Queria ensinar esse pro meu filho que escreve. Ele já precisa dele. Melhor seria ensinar também o drible da dor, que ele vai precisar um dia.

Eu também descobri como saber o que cada um precisa. O jeito de perceber as necessidades, como o de notar a coluna torta ou o pisar enviesado.

O que faço agora com tudo isso?

Ele lê muito, esse meu filho. Quem sabe ele me diz?

Só me disse que não faça nada, que ele cuida de tudo, que eu apenas relaxe, fique quieto, de olhos fechados, pois sou bom nisso. Não sou mais bom nisso, eu lhe disse. Mas disse errado, eu acho. Queria dizer que não quero isso no momento, pois tenho que inventar o que fazer com isso tudo, agora que vou.

Estou cansado pra explicar e só posso fingir que concordei. Ficar quieto, de olhos fechados, como ele disse, mas, sorrateiro, tentando inventá-la. E ele nunca vai saber o que eu inventei nesse momento final.

Essa última vai comigo apenas, a invenção do que fazer com tudo isso que inventei.

 

 

 

 

o sono que a bicha dá

 

 

para deolinda sebastião varo

 

 

Sentava a gente no banquinho que era do pai dela. Bisavô que não vi. Banquinho que tenho agora de suporte do moedor de café, de alavanca quebrada e sem a gaveta, que meu pai usava pra moer bosta seca de galinha pras orquídeas. Lavaram e pintaram e eu trouxe pro aparta-mento, que meu pai detestava, "esse elevador faz barulho a noite inteira". Mas não era tia dele. Era tia de minha mãe. Minha mãe sabia do meu gosto pelo banquinho, pegou quando ela morreu, sem pedir autorização, mas ninguém notou, ou se notou não reclamou, que tinha marcas das comidas dos cupins. Matei ou não com querosene, nunca se sabe. Está na minha sala com o moedor.

Era tia-avó enérgica, mas doce. Tinha sorriso de dentadura, todos os adultos tinham sorriso exato de dentadura. Sentava a gente no banquinho, "tá com dor de barriga, tia", dizia minha mãe. Devia ser bicha. A gente não comia terra, que o respeito pela mãe não deixava, se comesse era sinal inequívoco, menino que come terra tem bicha. Talvez a bicha tivesse saudades da terra, talvez porque bicha gostasse mesmo era de viver na terra, fazia menino comer terra pra pôr terra no bucho pra ela. Mas menino de mãe zangada como a minha não comia terra nem por ordem das bichas. Os sinais eram outros. A causa era a vontade, não era verdura mal lavada, que a mãe lavava tudo direitinho, "esse menino nem come verdura", nem água mal tratada. Era a vontade. "Vontade do doce que não pediu na casa da outra tia". "Você não deixa os meninos pedirem o que querem". "Eles têm que saber que não devem pedir, têm que ser educados". Mas depois a gente ficava com bicha.

Sentava a gente no banquinho, que era baixinho, mas deixava os pés balançando, os dos menores. Calava e olhava pra baixo. Concentrada. Se a gente falasse, a mãe olhava firme e a gente sabia que era hora de silêncio. Que uma coisa séria ia acontecer. Coisa de gente grande. Coisa de gente grande (a tia-avó) da gente grande (a mãe). Coisa de gente muito grande. Todo mundo calava. O primo que morava com a tia-avó calava também. Esse, acho que nunca ficava doente, que já morava com a benzedeira. Coisa prática morar com a benzedeira. Morava com a outra tia-avó que aplicava injeção, irmã da benzedeira, mas isso eu não achava bom. Não era muito bom morar com quem aplica injeção. Benzer não doía. Depois dava até pra brincar com o primo. Embaixo do pé-de-louro. Era pé-de-louro que se dizia. Mas louro não era fruta. Louro era folha. Não achava muito certo falar pé-de-louro como se fala pé-de-ameixa, se ameixa é fruta e louro é folha. A tia-avó fazia feijão mais gostoso porque punha louro. Meu pai não gostava e o gosto que mandava era o dele. Não gostava de alho também. O feijão da minha mãe não ficava tão gostoso.

Sentado no banquinho, a gente sentia os dedos da tia-avó roçando a barriga. Muito séria. Rodava a mão pra cá e pra lá. Não dava cócegas, porque era muito importante. A mãe ficava com o rosto abaixado também. A gente podia ouvir uma lagartixa andando na parede. Tinha muita lagartixa nas casas. Uma vez uma lagartixa caiu do batente da porta bem quando a tia-avó passou embaixo. Entrou no vestido dela. Ela contava com um sorriso um pouco enojado. "Olha o que passei! é gelada!". Mas é limpinha, os homens gente-grande diziam. Mas as mulheres não acreditavam muito não. Mulher tem o costume de não acreditar que uma coisa ta limpa só porque parece limpa. É assim com as balas sequinhas que caem no chão. Se a gente já chupou e estava molhada e caiu no chão, ta suja. Mas se tava seca como ia sujar? Mas a mãe dizia que sujava.

E ela ia roçando os dedos e murmurando uns segredos que só ela sabia. Só ela e as outras pessoas que benziam. Um só contava pro outro que também quisesse e tivesse jeito pra benzedeiro. Profissão que não ganhava dinheiro. Só presente. Dizia meu pai que só se ensinava benzedeiro em véspera de natal, eu acho. Ou de sexta-feira santa. Não lembro bem. Mas era dia importante. E era segredo pros outros. Não ensinavam muita gente e os benzedeiros tinham muito trabalho. Se ensinassem mais, trabalhavam menos. Já que não era profissão de ganhar dinheiro não fazia mal se tivessem pouco trabalho. Mas não ensinavam mesmo assim. Talvez porque não tivesse muita gente com jeito pra benzedeiro. Talvez porque eles gostassem de ser pouca gente que benzia. Talvez porque as outras pessoas gostassem que eles não fossem muitos. Sei que eram poucos. E minha tia-avó era, como o pai dela também era. Aquele que eu nunca vi.

E além do roçar dos dedos na barriga e os segredos murmurados que não adiantava apertar os ouvidos que não dava pra entender, tinha os bocejos. Ela ia murmurando, roçando e bocejando. Tinha dia que bocejava muito e tinha dia que bocejava pouco. Punha a mão na frente da boca, que era educada. Durava muito tempo. E a gente ficava quietinho, que menino ficava quietinho nas coisas importantes.

Quando ela acabava, fazia um sinal da cruz na gente, gente grande fazia sinal da cruz nos pequenos de vez em quando, sorria e se erguia pra falar com a mãe. Se tinha bocejado muito, ficava com uma cara de quem acordou depois de muitos pesadelos. Com um sorriso lindo, isso ela não sabia evitar, mas muito cansada. Se tinha bocejado muito, dizia "esse menino tem muita bicha". Combinava que a gente voltasse mais dois dias. Se fosse sarando, cada dia tinha menos bocejos. Até o dia que dizia que não precisava mais voltar. Mas um ou outro bocejo sempre dava. Nunca senti os dedos da tia na barriga sem algum bocejo. Acho que sobrava alguma bicha no fim do tratamento. Vai ver que uma ou outra bicha, que dava ainda um pouco de sono na tia-avó, não fazia mal pra gente. Ou depois morria sozinha.

 

 

 

 

planos de cadela velha

 

 

O sol de inverno manchava aquele pedaço de chão com sombras e luzes. O melhor canto da praça. Aquele que ainda não se decidira por se esquentar ou refrescar tinha partes da pele recebendo umas e partes recebendo outras sensações.

Os ruídos também eram de dois tipos.  O de fora, logo esquecido pelos ouvidos treinados, era contínuo, de pneus e muitos motores das ruas em torno. O de dentro era de conversas esparsas, gritinhos de crianças e brados de gol de uma partida de futebol, meninos compenetrados contra meninas muito sorridentes do prazer da geração sem limites no corpo.

Sob as árvores, numa mesa de tabuleiro de damas, um homem rabiscava cruzadas no jornal. Era de meia idade, forte, e tinha aos pés uma cadela muito gorda e velha.

Por perto, vigiada com cuidado e orgulho, uma netinha lhe gritava às vezes e corria pelas vielas.

A menina correu tanto que veio esbaforida para o colo do avô que deixou cair a caneta nas cruzadas que, de novo, não concluiria. Falava em turbilhão, puxava o rosto do homem para o seu, com as duas palmas nas bochechas, "presta atenção, não olha pra lá, vooooô", gesticulando muito em um ritmo primeiro alucinante, aos poucos decrescente e coroado, por fim, com o sono no peito do homem. Sorriso.

Com o pezinho em tênis novo pôs-se a roçar uma orelha da cadela, que não reagiu ao incômodo e continuou girando a cabeça para um e para outro lado, balançando as orelhas como que movidas pela brisa.

Para o homem, todo o movimento da praça desapareceu e todos os sons foram encobertos pelo resfolegar da adormecida.

Cuidadosa — quem não se soubesse que era sempre assim diria que para não despertar a menina — a cadela se ergueu e deixou os dois em direção ao portão da avenida movimentada. Ia em passo de matrona pesada, seguida pelo olhar do dono que girou o tronco para vê-la, mas também com grande lentidão, para não despertar a dorminhoca.

O corpo da velha companheira, livre da coleira largada sobre a mesa como sempre, parecia decidido a atravessar o portão e buscar a morte na avenida impaciente.

O homem sabia do risco e assobiou de leve a melodia que, ano após ano, tinham combinado como comunicação à distância.

Por um segundo a cadela parou, ou, nem isso, reduziu ainda mais o passo.  Esboçou um levantar de orelha, mas o assobio não se seguiu da voz de comando e continuou um pouquinho mais depressa. O dono percebeu e nada fez além de olhá-la, agora como parte da paisagem.

As ancas da cachorra balançavam e com ela a cauda em curva de interrogação. Os que a viam caminhar sozinha para o perigo e a conheciam da praça logo se tranquilizavam pela presença do dono ao alcance de uma pequena caminhada para trazê-la de volta à segurança. Não sabiam da hesitação do homem.

A cadela já estava a poucos passos do portão quando um sonho de queda despertou a menina, que esfregou os olhos e viu o animal prestes a atravessar o portão da avenida.

Pulou do colo e, correndo com os braços em avião, alcançou a descuidada, pegou seu rabo e deu nele tamanho puxão que derrubou a cachorra das pernas de trás. Tudo sem perceber que o avô não se movera.

Dando cascudos na fujona, voltou para o homem rindo muito e falando alucinada sobre o tombo engraçado da velha cadela.

De mãos dadas e coleira caída nos dedos do avô, solta do pescoço do bicho cheio de planos, foram ao almoço que já devia cheirar na cozinha.

 

 

 

 

o telepata

 

 

As coisas não andavam boas para suas mãos. Não correspondiam mais a seus desejos e planos.

Antes de cada encontro imaginava toques de enlouquecer. Lentos até a aceitação da mulher, acelerados no embalo do corpo feminino e alucinantes quando a respiração da amante fosse entrecortada pelos espasmos finais. Além do avanço da velocidade, haveria o avanço da ousadia, o respeito do toque de ponta de dedos, o imiscuir nos cabelos, o roçar na nuca, o envolver das costas e dos seios, o arrebatar com força, até o auge do devassar desrespeitoso dos cantos proibidos.

Mas as mãos, e menos ainda o resto do corpo, não correspondiam mesmo quando iam bem e, depois de muito fracasso, deu de olhar.

Olhar pra roubar.

Olhos de águia, ao ver mulher que viesse em sua direção, preparava o embate. A quinze metros, mirava os olhos da outra com firmeza. Se a moça sustentasse o olhar, sustentava o seu e diminuía o passo para esticar esta fase, até que por recato ela desviasse a mirada, senha pra ele baixar os olhos para os seios ou as curvas das coxas, berço da vagina. Notava nesse momento que a mulher ainda não encarava, mas sabia que era vista com atrevimento e seu próprio olhar indireto espreitava a ira crescente nos olhos da desejada. Vinha, então, o golpe fatal: subia de novo os olhos para os dela, chamava-os e os encarava novamente agora com claro desejo até que se dissipasse a reprimenda.

Aprimorou a técnica também para aquelas de olhares não francamente frontais, periféricos, e comemorava o sucesso quando as fazia virar o pescoço para receber o olhar de clímax.

Algumas levou pra cama depois da sequência, mas novamente confirmou que as mãos não correspondiam. Desistiu de vez de tocá-las.

Um dia estava sentado a sudeste de uma mulher de cabelos encaracolados e rebeldes, que eram sua preferência. Ela não podia vê-lo e folheava uma revista colocada sobre a perna esquerda, na espera de ser atendida na repartição. Mirou os caracóis e deixou cair a pasta para, com o barulho, chamar a atenção da moça. Vários olharam, menos a desejada, muito concentrada, e pensou  que perderia aquela presa.

Mas estava encantado e, conformado, sustentou a paquera não correspondida. Embaraçou o olhar como dedos nos cabelos e lhe pareceu que eles se moveram um milímetro em resposta. De início pensou ser movimento do sopro do ventilador, mas a moça tomou os cachos mexidos com a mão direita e os acarinhou como se os dedos de seu amor — quem seria o felizardo? — estivessem entre eles. Assustou-se com o que viu, desviou os olhos com medo de ser surpreendido e a mulher novamente pousou a mão direita no braço da poltrona. Cismou. Teria ela sentido seu desejo distante?

Foi embora sem saber.

Era época de cofrinhos. Gracioso apelido de uma nova ousadia feminina de vestir calças muito baixas, que expunham o início do vale da bunda, alternativa moderna do decote, à retaguarda. Algumas, principalmente as mais jovens, abusavam do comprimento do caminho entrevisto, para fúria das maduras.

Colocado atrás de um desses cofrinhos mais longos em uma fila de banco, pôs-se a admirá-lo de cima pra baixo e, sem se importar se alguém notava o atrevimento, demorou  na contemplação, como que mergulhando ali um olho, pois dois não caberiam naquele poço. Um encanto que queria perpetuar.

De repente, foi interrompido pela moça que se virou enfurecida pelo atrevido que lhe enfiava o dedo por dentro da calça. Mas, de irada, logo ficou perplexa: o único homem próximo o suficiente para a grosseria era aquele pacato, que tinha as mãos no bolso. Não podia ser ele, pois ainda sentia o dedo nas carnes, e não podia ser nenhum outro, pois nada via além do cós da calça e o início da nádega direita um pouco deformados pela passagem forçada de... nada!

O homem tinha desenvolvido um novo talento.

Andava pelas ruas fazendo as moças se defenderem de fantasmas que as tocavam. Por meses, as mulheres da pequena cidade andaram vítimas dessas estranhas sensações, mas não as relacionavam com o observador. O que estaria havendo com a água do lugarejo que as deixava assim acesas?

Mas foi em um ônibus intermunicipal que ele juntou as pontas das duas artes.

Uma mulher de quarenta e poucos, sentada em banco em frente do seu, usava um vestido de pano leve, pouco acima dos joelhos. O telepata primeiro passou os olhos na parcela exposta da perna o que a fez menear a cabeça, mas não se mover, pois via claramente que ninguém a tocava. Avançou e, ao enfiar os olhos sob o vestido, o pano subiu e teve que recuar, pois a contemplada se apressou a puxá-lo pra baixo.

Mudou então o caminho. Passou a desbravar com os olhos o vão entre as pernas cruzadas e a mulher desta vez não se moveu, surpresa, mas satisfeita. Quando acabou seu campo de visão, uma perna protegida pela outra, enviou para seu objetivo final a vontade da conquista daquilo que não podia ver.

Como já não precisava deles para o avanço, ergueu os olhos para o rosto da outra e a viu respirando quente entre os lábios afastados, com o olhar perdido, por acaso em sua direção. Seus dedos de vontade chegaram, enfim, ao fundo da calcinha, afastaram-na para o lado e tomaram a mulher de pernas ainda cruzadas com rigor. Lento, dedicado, olhava fixamente para os olhos da passageira, que se sentia invadida e retribuía o olhar. Viu-a ofegar fundo demais para quem sofre solavancos de ônibus e, bem mais tarde, relaxar o rosto em descanso.

Ela se levantou, caminhou os dois metros que a separavam do telepata e, sem perder seus olhos de vista, o esbofeteou sem perdão.

Desde então muito tem sido esbofeteado.

 

 

 

 

 

 

 

[imagens ©adam j long] 

 

 

Mario Rui Feliciani é contista e fotógrafo brasileiro. Publicou Histórias de Amor e Nem Tanto, contos, Programa de Ação Cultural da Secretaria do Estado da Cultura (PROAC), 2011, Selo Sebastião Grifo e Dobra Editorial; Dobras, contos, Selo Sebastião Grifo; O Livro das Combinações, infantojuvenil, Scipione; e Quando o Carteiro Chegar, fotografia, Oficina do Livro Rubens Borba de Moraes e Imprensa Oficial do Estado. Tem elaborado com suas fotos capas de livros de vários autores. Realizou as exposições fotográficas: "... e um pouco das pessoas", "uma casa e uns outros cantos", "telas casuais, "quando o carteiro chegar". Mantém os sites: www.mruifotos.com | aratemdo.blogspot.com.br | http://marioruicancoes.blogspot.com.br.