Há quem busque em poesia um fundo hipotético no qual reconheça uma suposta realidade feita de valores legítimos (os ditos elevados), e por essa leitura possa distinguir a obra, referendada como "profunda", de outras menos profundas, até as de profundidade nenhuma, numa escala descendente, consideradas "superficiais", para não dizer que estas, no fundo (sempre o fundo), nada dizem de relevante. Para esse leitor há que se ler com a lupa discriminatória do profundo e do superficial, separando decerto o joio do trigo, ou o verdadeiro do falso, o interior do exterior ou ainda, a essência ideal da aparência promíscua, já que aqui não se faz outra coisa senão reproduzir essa dicotomia universal dos modos de apreensão dos sentidos pela linguagem, apanágio de muitos discursos e saberes instituídos, não apenas os éticos e religiosos, mas também os estéticos. Desse modo, segundo essa ideologia, o que é superior em cultura está encoberto, dado o poder de ocultação próprio das verdades essenciais e/ou espirituais, e o que resvala à flor da pele é suspeito, cheira mal e por vezes desemboca na obscenidade. Por isso, talvez se deva advertir esse leitor que em matéria de literatura todo fundo é ilusório, já que tanto fundo quanto superfície são efeitos de significação produzidos pela leitura, ilusões bem reais, por sinal, dos fatos da linguagem e da sensibilidade de quem lê com os poros abertos e olhos de longo alcance. Assim sendo, fundo e superfície deixam de ser considerados termos duros, categóricos, de um método operatório de exclusão, o do "isto ou aquilo", tão inibidor das potências do simbólico (do que fala em nome do real e o intensifica ao designá-lo), e tanto "as superfícies do fundo", quanto "as profundezas do superficial", podem ser vistas como singularidades e diferenças, fazendo com que a leitura funcione, não como um modo de reiterar verdades originárias (o lugar de todas as verdades), mas como modalidade de uma operação em que pensamento e linguagem se efetuam potencializados pela experiência do corpo na materialidade vibrante dos signos, entre perdas (inevitáveis) e ganhos de significante, isto é, daquilo que, potencializando a leitura, faz a vida mesma dos signos e sua festa, produzindo o "prazer do texto" na expressão já clássica, isto é, sempre atual, de Roland Barthes.

É assim que a leitura deste Minimoabismo pode ajudar a desfazer o mito da profundidade por exibir os plenos da superfície, revelando, por que não, o que o plano vil do dia a dia tem de profundidade extrema, bem como explorando aquilo que o mais fundo apresenta de poroso à pele, fibra por fibra, enfim, o que a pele tem de suor, e de bílis o fígado, entre outras urgências dos órgãos de "fora" ou de "dentro". É desse modo que os lexemas acima aludidos, do profundo e da superfície, podem se rearticular embaralhando os naipes sem risco de contradição, a começar pelo belo título do livro, minimal que seja, apelando ao que há de mais profundo na terra, o abismo, quando a própria noção de fundo chega propriamente ao limite. Não é à toa que em grego há uma tensão entre Byssós (fundo) e Ábyssos (sem fundo), já que está implícito em todo fundo aquilo que o abole, fazendo a palavra diferir em si mesma, conservando em sua base os contrários, já que, no limite, o fundo pode ser falso. E se há uma medida para ele (qualquer fundo), ela não opera sem excesso, sem hybris, a desmedida que aflora da própria noção, de modo que o sem fundo se manifesta em cores vivas como a potência imemorial do fundo, ou seja, o princípio que atualiza a profundidade como um não-lugar de acontecimentos extremos, que se erguem como substância poética, luz vertiginosa de palavras e pélagos. Isto porque o sem fundo é a instância mesma do poético, sem a qual nenhuma escrita se instaura. Portanto, em todo fundo que se preze, insinua-se o sem fundo, como fonte primordial. Daí, talvez, o nosso horror às regiões abissais, acordados ou dormindo profundamente, onde a própria noção de espaço vacila e o olhar mergulha na vertigem. O sono, por sinal, é onde (é quando) a vida se renova por dentro, como região inominável da qual o termo "sono" não deixa de ser genérico. É assim que em "abismo" o prefixo se faz valer como suplemento, escavando fundo, até o nada. Ou então caindo, na ação que imediatamente associamos ao termo, no qual "abismo" é o próprio ser da vertigem, quando não há repouso nem comodidade, e todo plano é instável e oscilatório, plano este em que o eu lírico submerge e a poesia se mostra na violência dos signos, sem a qual os signos não sobrevivem, não vigoram num mundo em que a imagem impera generalizada, a imagem que, disseminada por toda parte até a exaustão (até o paroxismo), reserva pouca margem (ou nenhuma) à linguagem poética.

Todo este preâmbulo talvez não seja inútil para uma primeira aproximação com a poesia de Priscila Merizzio, neste primeiro livro, cujas tintas, se ainda não secaram, já soam fortes, tirando o leitor de seu lugar de conforto, senão causando ardor em seus olhos, pois é com este ímpeto que funcionam muitas de suas sentenças declarativas: "você beberica minha bílis tóxica / numa taça de café". Decerto, face à poesia (ou qualquer outro gênero literário), vale mais a leitura que não nos deixa indiferentes, do que aquelas em que os olhos grudados na carne, como diria Santo Agostinho, sem concupiscência (termo do santo), reiteram apenas a repetição do mesmo, fazendo com que a sensibilia resvale no óbvio como um parafuso numa porca espanada: gira, gira, e não sai do lugar, quando não há para onde ir, enfraquecendo e anulando a potência do sentido (adynamia). Em Minimoabismo, pelo contrário, a autora já avisa que suas "mãos pequenas e morenas", "debaixo das unhas", têm "terra de cemitério". Pois a dimensão poética pede mais (assim como a própria matéria da poesia e seu leitor), a fim de que, no delicado deleite do olhar, nossos dias e noites encontrem o aditivo necessário para a afirmação da vida e seus esplendores, ainda que nesse movimento se deva reconhecer os sinais desse tempo, não isento de violência, muito pelo contrário, tempo em que diversas formas de violência encontram um viés de expressão. E se a poesia tem outras finalidades, esta é ao menos aquela de que não se pode abrir mão, ou seja, não perseverar no mesmo, em suas ilusões e estereótipos, mesmo que a comunhão com o belo passe pelo reconhecimento de um terreno árduo, extremamente perigoso (e por isso, talvez, terrivelmente sedutor), fazendo a lira reverberar como um tiro de escopeta, tão certeiro quanto sublime: "afundo a adaga / nas cartas do tarô / você cospe sangue / vísceras eclodem [...] danço de rosto colado com a pá que o enterrou". E aqui, em que pese (ou afunde) o clamor da arma branca, o tempo (o nosso tempo) é o atingido em cheio, não por adivinhação mágica ou mística, mas por uma reconstrução trágica de realidade, no que esta tem de hiper, vale dizer, na experiência-limite de suas possibilidades, não destituída de sarcasmo, decerto, naquilo que a palavra grega, derivada de sarx (carne) contém de canibalismo civilizatório, no mordaz atrevimento de quem morde o próprio lábio até sangrar. A tática do vampirismo é beber o próprio sangue (e o de outrem), e renascer no seio do trágico, quando não há mais saída pelas vias ordinárias da existência, sobretudo nesta época disposta a "vivenciar sete mortes distintas / [paixão, cicuta, revólver, oceano, penhasco, trilho de trem, cianureto]". O sangue, no extremo, mas que também faz destilar outros fluxos não menos vitais, afinal, "literatura é urina / gozo, saliva, sangue". Fala-se aqui em tempo (o nosso), pois é justamente sintonizada nele que Merizzio reflete sobre o bem, o mal, colocando-se acima deles (no sentido nietzschiano), com o corpo em excesso, de modo que o sujeito lírico dos poemas clame em alta voltagem: "rock and roll melancólico / liberta meu coração do tórax / para ser esmagado por um ônibus / — feito a cabeça de meu primo Johnny". Talvez porque se exija hoje afirmar o trágico como um estilo de vida para melhor se situar no imponderável, tentando se equilibrar na vertigem, num mundo em que muitos valores tradicionais da ética já não fazem sentido e a vida em sociedade é levada aos tapas e beijos (mais os primeiros que os últimos). Daí, a constatação algo desalentadora da poeta: "o pouco de amor ao próximo que me resta / gira enlouquecido num liquidificador". Mas é a dor, justamente, assumida em carne viva, com um suplemento de "arsênico-placebo", que este livro parece celebrar, pois o "corpo humano é frágil como as esposas do joão-de-barro", ainda que neste novo século essa fragilidade seja o estopim para a eclosão de outras formas de ação nas quais não se exige pouco do corpo. Não, decerto, à maneira romântica de um Werther, quando o indivíduo, ao se consumar no suicídio, faz do sofrimento um topos literário consagrado pelo século, sucumbindo de desolação ante a voragem do mundo. Na era de Priscila Merizzio, o sujeito lírico assume outras personae e prerrogativas, bem como disposições diferentes perante a vida: "aos 20 e poucos / já passei da idade de suicidar-me". O mesmo, aliás, que em vez de alardear a condição solitária como uma nuvem sombria de ressentimento sobre a própria sepultura, exclama, potencializado, que "a solidão eriça meus pelos", assinalando a continuidade da vida, afinal, feita de altos e baixos (e não poucos remendos), das pequenas e grandes mortes que, vividas no limite, com amor fati, como diria Nietzsche, promovem a força necessária, a saída a jato do fundo do poço. Talvez seja isso que a nossa época veloz e promíscua fornece como solução, embora não sem percalços, arrebatando o corpo e conduzindo-o ao abismo, o qual ela também reverte a céu aberto, pelo viés do erotismo por certo, em planetária aceleração e reincidência, abismo que, minimizado, exorta o corpo naquilo que ele pode mais, por querer sempre mais, tal o movimento excessivo que dele se apodera: "lambi meus dentes. o gosto? sua saliva / temperada por muitos batons". É desse modo que se prefere purgar o sofrimento com a própria lira usada como antídoto ou placebo, sua "vitamina de vulcão": "tomei muito arsênico-placebo para camuflar sua ausência". Tais expressões tão jocosas quanto irônicas, contêm em chave hiperbólica o sentido do excesso, que para Georges Bataille se define como aquilo que excede a si mesmo, ultrapassado por outra força maior, e que só pode ser seu próprio devir, sendo esta a razão pela qual a violência que assusta é aquela que zomba dos limites estabelecidos em seu gênero, nesse ranking do terrível em que é derrubada a barreira da tolerância (o que é isso mesmo?). Pode-se pensar no esporte, qualquer que seja, em que se superam marcas, e a analogia é válida. Do mesmo modo, o que viabiliza as relações de intensidade é o poder que tem o corpo de ir além, o corpo em excesso, tanto para agir, quanto para suportar, já que no enfrentamento do que está próximo do insuportável, se exige maior poder de superação da parte de quem sofre, mesmo que se reaja com ironia, eironeía, o manto da "ignorância fingida", para minimizar a dor (o abismo), e ressaltar o triunfo do corpo, subterfúgio da voz que fala neste Minimoabismo. De fato, quando se vive em regime de grande intensidade, qualquer gesto, mínimo que seja, pode deflagrar uma hecatombe (a tempestade num copo d'água): "o cheiro de grama cortada / é um lisérgico nostálgico / que tortura". Talvez por isso a poeta lance mão das potências do falso: "falso vinho / falso sexo", nessa estratégia em não fazer para assinalar melhor as possibilidades infinitas da potência: "bebo suco de uva como se fosse vinho / não posso me render ao álcool / nem a outro vício qualquer". Claro, pois tudo é motivo de sobra para as operações do excesso, em que ao menor vacilo (mas também por vezes com a ajuda do desejo, esse grande perverso), tornam o corpo um dispositivo para a vida em voltagem máxima, sem se importar com a ruína. Este mote, aliás, parece aludir à magistral cena do belíssimo A noite, de Michelangelo Antonioni, em que Monica Vitti, na pele de uma milionária entediada, a certa altura desabafa: "tenho todos os vícios, mas não pratico nenhum". Ora, quem assim procede ou se embriaga de suco de uva, para não se render ao álcool, conhece sobejamente os estados da potência, seja por ter atualizado em demasia suas chances antes, seja por sentir intimamente a potência à flor da pele, no infinito de suas possibilidades, de medo talvez que um pequeno impulso baste para atirá-lo (de volta?) ao abismo. Em todo caso, tudo se passa como se a poeta dissesse: "seu corpo é necessário ao gozo do meu" (o gozo do próprio órgão, segundo Lacan, e não o da relação, que a rigor não há), "mas tome cuidado com o que você faz ou deixa de fazer". O corpo em estado de potência (para agir ou não). Como alerta a canção de Chico Buarque: "qualquer desatenção, faça não, pode ser a gota d'água".

Registre-se que nessa lírica fatal o corpo em excesso de que ela é porta-voz, "hipnotizando a todos com lança-perfume de secreção vaginal", se expande nos signos, levando a cabo o sentido da beleza terrível mancomunado com o erotismo, quando o efêmero, o provisório, o instável, alimentam as relações, tornando-as breves mas intensas, instrumentos de um corpo que morre no outro a cada minuto, não exatamente por ele, o outro, mas por si (e em si mesmo) como desejo de gasto e consumação de si. O erotismo está em tudo, mesmo nos signos que designam a natureza (natureza, o que é isso?), ou as coisas, quando "cravos rivais disputam o tesão do sol", "fêmeas de lagartos da família Teiidae / trepam com os próprios cromossomos", e "o retrato de Josephine Baker alimenta / a língua de fogo da vela de sete dias". Mas essa velocidade do tempo e das relações entre os seres, nesses corpos vitaminados por vulcões (para retomar a imagem do livro), também tem reveses que não escapam à poeta, que os expõe em diversos momentos. Pois a vida se faz e se desfaz na intensidade, de maneira que os corpos que dela participam também sucumbam neste movimento: "meus lábios já tocaram tantos lábios / são tristes pirâmides egípcias / orgasmo agonizam / subterrâneos / tornados de minha libido". Isto porque, sentencia Georges Bataille, "o erotismo é a aprovação da vida até na morte". De modo que no reino dos seres, cada vez mais estreito no âmbito de suas relações, dificilmente se escapa do alvoroço de alguma tragédia. Na lógica (ou antilógica) dessas relações, os amantes têm um peso extra, malgrado a velocidade com que passam pela vida, pois tal aceleração produz feridas igualmente imensas, tal a incisão do efêmero, sobretudo quando se vive no extremo, e o que é superficial escancara seus abismos, a ponto do sujeito lírico clamar: "meu coração: cemitério de elefantes". Eis uma linha de efeito (abissal) em profundidade, e que no entanto é vivenciada ao suor dos poros, já que nas aventuras e desventuras das relações, os amores e suas inevitáveis mortes somam-se (e multiplicam-se) para subtraírem-se, ou mesmo se dividirem paradoxalmente, desfazendo-se aos pedaços. Eis o peso descomunal do amor, que a terra não poupa e o ar concentra em miasmas. Daí, as máscaras da morte que em diversos momentos a poeta usa, do corpo (zumbi) que é feito da própria morte como uma espécie de premissa para uma existência em alta voltagem: "sou feita de ossos funerários / estrelas mortas e flores ardidas / mormaço febril e desertos". A morte, que nessa lírica adquire as feições que o transitório (e sua exuberância) traduz nos rótulos e marcas do contemporâneo. A morte, certamente, — "essa dama bissexual que desfila / de vestido preto e perfume Givenchy". Ou em outras circunstâncias ("emergências"), tem que se conviver com a ela, — "29 anos arrastando o caixão do pai / Complexo de Electra em gengivas cafajestes".   

De todo modo, nos poemas de Priscila Merizzio, o profundo adquire outros pesos e medidas, e por desmedida (hybris) opera-se em recalcitrante superfície, explorando dobras e relevos, tantas são as peles sobrepostas na escrita. Afinal, o profundo, aqui, digamos, resulta da própria vocação das peles, desse fulgor de superfície que lhe revela os segredos, mesmo quando parece escondê-los. Tática eficaz esta que se exprime nas micronarrativas de Minimoabismo, nas quais se transfigura o cotidiano, e o sujeito do poema, às vezes, degola sem piedade a própria cabeça "no oceano aberto em colchas-camadas / na cripta de meus excessos". E ainda por cima, como se não bastasse, "Netuno puxa a tampa do ralo". A propósito, na recorrência ao mito, os deuses zombam tanto dos homens, nesses poemas, quanto os homens dos deuses. Ou mesmo entre eles: "Plutão faz guisadinho de Vênus".    

         Ainda uma última palavra sobre um tema recorrente em Priscila Merizzio: a mulher. Afinal, como figurar o feminino em nosso tempo? Do ponto de vista moral, político, estético? Não mais aquela certamente, cujo "cérebro raciocina na mesma / frequência do aspirador de pó". A mulher na qual este mesmo aspirador ("Eletrolux © / suga sonhos / esquecidos na lua de mel". Mas outra construção se mostra em Minimoabismo. A mulher ressurge no olho do furacão, na linha de frente dessa configuração desenhada às pressas e com rasura pelo corpo em excesso, sem tempo para se aprofundar nas relações porque o que sustenta o gozo, para ele, está em outros patamares: na rapidez e na multiplicidade. Se assim é "o que fazer para que me vejam em forma de mulher?", indaga uma persona do livro. E ela assoma as linhas "com seios escamosos e brilhantes / e um cajado de anêmonas", para melhor atualizar a potência do falso, de modo que a fantasia produza seu suplemento em simulacro, e Eva dê a volta por cima, "arrancando com os próprios dentes os / pomos de Adão". É assim que o corpo em excesso de nosso tempo responde, travestido de Joana d'Arc, sobre o que vem a ser seu órgão sexual: "o clitóris é um portal para paraísos celestes / portal de espadas afiadas / atravessando tropas inimigas". Desse modo, tanto faz morrer de amor ou de sexo, porque alguma morte por certo haverá, não como forma de vingança, mas como percepção irônica de que o sexo considerado "frágil" em nossa cultura se mostra aqui bem alerta para as tragédias do cotidiano. E minimamente falando, essa mulher "de útero desabitado" sabe que seu corpo não se reduz às funções estabelecidas, e quer muito mais. Ela quer aquilo que o corpo em excesso pode dar.    

         Com efeito, um dos segredos dessa poesia é que os peixes respiram, sim, fora d'água, os peixes que se sentem maiores do que o oceano, assim como às vezes o corpo parece maior do que sua existência pode suportar. Que os acontecimentos que ele vive na profundidade ou na superfície, suas pequenas e grandes tragédias, possam então ser expiados e celebrados, como se faz neste livro. Afinal, o abismo, máximo ou mínimo, é aqui mesmo, onde o seu indicador ou o meu podem apontar ou não, dentro ou fora do corpo, nessa terra de todos e de ninguém.

         O leitor tem assim, ao alcance de seus cinco ou mais sentidos (o sexto é o do erotismo), mais um biscoito fino da Patuá, fino e apimentado, sem dúvida, mas sem perder a doçura.

  

 

 

Paris, 22 de junho de 2014.

 

 

 

           [Posfácio do livro Minimoabismo, de Priscila Merizzio]

 

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O livro: Priscila Merizzio. Minimoabismo. São Paulo: Patuá, 2014.
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dezembro, 2014
 

 

 

 
Contador Borges. Poeta, ensaísta e dramaturgo. Publicou, entre outros, os seguintes livros: Angelolatria (1997), O Reino da Pele (2003), Wittgenstein! (2007), A Morte dos Olhos (2007), Insônia ou A Sombra da Lua (2011) e A cicatriz de Marilyn Monroe (2012). Traduziu livros como Aurélia, de Gérard de Nerval, O Nu perdido e outros poemas, de René Char, e A Filosofia na Alcova, do Marquês de Sade. Deste mesmo autor coordena a coleção Pérolas Furiosas da Editora Iluminuras, dedicada às suas obras.
 
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