Luz câmera ação!


Cena 1:
Quem resiste ao mito com tetas grandes?
Loiro e sensual? Acima do bem e do mal?
Quem resiste ao pecado que mora ao lado?
Ao inferno vaporizado com Chanel nº 5?


Cena 2:
Que importa se o pau é judeu
Ou católico quando o sotaque
É gutural e a loira não é... Gelada?


Cena 3:
Mania de citar perguntando:
Sexo deixa a gente otimista?
Quanto mais quente melhor?
Gable mais sexy que Jack?



Cena 4:
O quadril da starlet à mostra: os peitos a boca os trejeitos:
A sessão de fotos: a garotinha de ouro em preto e branco!


Cena 5:
Abriu o zíper da calça dele e
Tomou-lhe o pau na boca.
Como agarrar um milionário!


Cena 6:
Deu no Daily News:
Uma da madrugada: na
55 com a Lexington:
E o vento não levou!


Cena 7:
Se essa calcinha branca falasse!


Cena 8:
A vela sobe à altura dos ombros.
A deusa atira a cabeça para trás...
Luta para baixar a saia plissada:
Instantâneo nº 1 de Hollywood.

O diretor vê navios estrelas
E um bando de passarinhos!



Cena 9:
A saia ergue-se na vertical:
Cadê o triângulo púbico que
Estava aqui, as nádegas
Claramente delineadas o nu
Visto de todos os ângulos?

A tropa (se) borrou de leite!



Cena 10:
O mito de quatro diante de nós!

 

 

 

 

 

 
 

Umazinha aí?

 

Sabe a sal marinho

Contém frutose; é

Forte como vinho!

 

Rica em proteínas

Fosfatos cloretos

E prostaglandinas!

 

Nitrogênio a jato;

Ácido cítrico no ponto;

Ph entre 8,1 e 8,4!

 

A colher de chá

Menos calórica que a fatia

De bolo de fubá!

 

Seja diet ou light

A porra é uma farra;

Já tem copyright!

 

Com sanduíche?

Só se for do tipo bem

Natural, capisce?

 

Engula de vez

A gelatina sensacional

E vire freguês!

 

 

 

 

 

 

Cio:

 

Ócio é a puta que pariu!

Menos preguiça mais

Sol-idão!

 

Óbvio é a mãezinha!

As licenças poéticas

São mais explícitas...

 

Negócio é o ânus do

Ofídio! Do gigante!

 

Mais psicologia, por

Favor! Mais Freud!

 

Meu advérbio predileto

É intrinsecamente

 

Silêncio é o cacete!

 

Os grandes lábios,

Ciciando de tesão,

Exigem love, mel,

Melaço, chiclete,

 

Que é tudo farinha

do "mermo" saco!

 

 

 

 

 

 

Cu-doce

 

A nova estética é anal/gésica!

 

 

 

 

 

 

 

Diminutivo

 

Saudade desgraçadinha

Boca vermelhinha

 

Distância mineirinha

Atração peladinha

 

Noite baianinha  

Tez moreninha

 

Rima pobrezinha

Boceta molhadinha

 

 

 

 

 

 

Imperativo

 

Dorme comigo

Que mijo contigo

 

Sonha comigo

Que trepo contigo

 

Fuck comigo

Que rest contigo

 

Sol comigo

Que lua contigo

 

Ti comigo

Mim contigo

 

 

 

 

 

 

Me too!

 

Se apoiava 

Sobre e cu

Eternizava   

Turma e lina

Preparava 

Vagem e gina

— Misturava

Eu e tu —

Apreciava 

Cruz e credo

Amarrava 

Tênis e pênis

Viajava em 

Déjà e vu

 

 

 

 

 

 

Tomando...

 

No cu!

 

Pegando...

Buzu!

 

Gritando...

Uhu!

 

 

 

 

 

 

 

Versões

 

Sintética: Gozar e esparr/amar

Analítica: Gozai e esparramai/vos

 

 

 

 

 

 

!?

 

Ereta como uma exclamação:

Dor prazer atentado ao pudor!

 

Na entonação se revela inteira:

Fala mansa discurso indireto livre

 

Palavraparábolafraseparáfrase:

Dá sentido à improvável paixão

 

Elo perdido entre a alegria de

Viver mim comigo e ti contigo

 

Machuca feito interrogação em

Dia de acerto de conta, sabia?

 

Vai a fundo mesmo quando

Não faz boca nem boceta

 

Lugar-comum ou surpresinha:

Eta vidinha desnecessária!

 

 

 

 

 

[imagens ©lailya / nelson]

 

 

 
 
 

Almir Zarfeg, ou simplesmente A. Zarfeg ou ainda AZ, é poeta, jornalista e ficcionista. Autor dos livros de poemas Água Preta, Respublica etcétera, Sutil, pero no mucho e Jan(eu)ce i outros poemas à flor da pele, Zarfeg publicou também livros de contos, crônicas, reportagens, infanto-juvenil e uma novela literária, Uma besta plena de palavras. Vive em Teixeira de Freitas (BA).

 
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