Fernando Pacheco nasceu em São João del Rey, MG, em 5 de maio de 1949. Reside em Belo Horizonte, MG. Ainda criança, convive com o pintor Domenico Lazzarini, no Rio de Janeiro, RJ. Na adolescência, descobre a literatura, influenciado pelo escritor Carlos Heitor Cony. Na década de 1960, freqüenta o atelier do pintor russo Wladimir Obrescoft. Na década de 1970, ingressa na Escola de Engenharia Metalúrgica da UFMG. Abandona o curso em 1974. Retoma as artes plásticas (Pintura) sob influência de Arlinda Corrêa Lima. Expõe pela primeira vez no ano de 1975, numa coletiva no Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG. Recebe o prêmio "Cave", em 1977, de pintura na I Mostra de Arte Universitária Mineira, Juiz de Fora, MG. Premiado seguidas vezes no ano de 1982: "Xerox do Brasil", Prêmio "Cidade de Recife, etc. Participa do V Salão Nacional de Artes Plásticas do MAM (Museu de Arte Moderna do Rio De Janeiro) e do Panorama de Arte Atual Brasileira - Pintura, no MAM de São Paulo, SP. Em 1983, inicia uma nova série - "O Pianista" - apontada pela crítica como a série mais importante, e que lhe dá projeção internacional. Recebe em 1985, o primeiro lugar, em pintura no I Salão de Arte Plásticas da Aeronáutica; expõe nas principais capitais do país e nas cidades de Atami e Kioto (Japão). Ganha sala especial no II Salão Nacional de Arte, Itajubá, MG. No começo dos anos de 1990, expõe nas principais galerias de artes de Minas Gerais, e participa da Art Miami, EUA (1994). Em 1998, recebe a "Sala Especial Fernando Pacheco" no Projeto Quatro Estações, na Galeria da Rede Minas de TV, Belo Horizonte, MG. Recebe o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte no ano de 2001. Em 2003, recebe o "Prêmio Especial Master" da Universidarte, na inauguração da Casa de Cultura Minas Gerais, da Faculdade Estácio de Sá, Belo Horizonte, MG. Em mais de 30 anos de carreira Fernando Pacheco passou pelos principais museus e galerias do Brasil e Exterior. Obteve 15 premiações em salões de arte, 35 distinções diversas e teve 10 salas especiais como artista convidado, num total de mais de 400 participações. Sua obra está representada em diversas e importantes instituições, fundações, acervos e coleções especiais do Brasil e Exterior, dentre elas a Fundação Reina Sofia de Madrid, Espanha. [José Aloise Bahia]

 

 

 

 

 

José Aloise Bahia - O que representa a inquietude do universo das cores em suas telas e painéis?

 

Fernando Pacheco - Dominar as cores é se deixar levar por elas. As cores ensinam o caminho pictórico ao Pintor que, inteligentemente, se entrega. A inquietude no universo das cores acalma a alma.

 

 

JA - Qual é a base do "pensamento" desenvolvido pelo Pintor em relação às artes plásticas?

 

FP - Sempre o desenvolvimento da linguagem da Pintura. Tal busca faz com que o pensamento se projete e se instale em uma outra e nova dimensão. Lá, o mesmo soma-se à emoção para diluírem-se, dando, então, lugar à intuição. Portanto: intuição e linguagem, ou linguagem e intuição. Essa é a base do "pensamento" do Pintor.

 

 

JA -  O seu trabalho como Pintor é uma recusa à arte abstrata?

 

FP - A Arte é abstrata. A concretização e materialização artística se dão ora através da Pintura, da Dança, do Teatro, da Música, de algo que ainda não foi nominado e/ou rotulado ou, até mesmo, de certas maneiras de Ser e de Viver, etc. Particularmente, minha pintura é considerada arte figurativa. Porém, como ela não trata da representação, reprodução ou repetição da natureza ou mundo material exterior e sim de um universo afetivo, concluímos que: tudo o que aparece - de forma explícita - de "figuras" nas minhas telas é pura ilusão. Portanto, por mais figurativa que pareça, na verdade, minha Pintura é abstrata - caligrafia pictórica - assim como a alma, o desejo, a fantasia, o sonho. Estes sim - e não as figuras -, além de abstratos, são reais, na vida e nas telas.

 

 

JA - Na sua opinião, o que existe de mais original na sua Pintura?

 

FP - Conter em si minhas experiências de Vida, e colocá-la em sintonia com o desenvolvimento da linguagem universal da Arte ou da Pintura - que pra mim, Arte e Pintura, são a mesma coisa. E ainda, por mais que técnicas, obras ou movimentos históricos de Pintura sejam divulgados e conhecidos, ressalto o instinto e o prazer de guardar a chama do primitivo, do inventar o "como fazer", no exato momento da criação, ou até mesmo da morte.

 

 

JA - Que artistas, movimentos, fatos e "coisas", você destaca em suas influências?

 

FP - Movimentos em Pintura, não: são demarcados - não elásticos -, datados, rotulados demais, políticos demais. Autores sim: Miró, Segall e Matisse, por exemplo. Porém, uma tampa de lata ou um bicho de borracha poderão influenciar-me mais que toda a obra de certo pintor. Fato? Fatos não são "ensinados" nas Escolas de Arte. Porém, podem sim determinar toda uma Vida de busca e investigação da "Verdade", através da linguagem artística. Fatos coleciono muitos, desde a infância, mas precisariam de um livro inteiro para serem abordados e interpretados.

 

 

JA - Quais temáticas, linhas e símbolos desenvolvidos e como eles dialogam entre si no seu trabalho criativo?

 

FP - Apesar de, em diferentes momentos, minha Pintura apresentar diferentes "caras estéticas" e tendências conceituais e/ou existenciais - através das séries Quarto de brinquedos, Figuras da Rua Direita, Modelos Com Cães, O Pianista, Anotações Primárias, Gráficos, Olhos de Vidro e Elásticos, por exemplo - a temática é, na verdade, somente uma: a busca da comunicação com a essência da alma, a verdade que cada desejo em nós contém.

 

 

JA - Como você situa a sua presença, como um artista que sempre busca a reinvenção da Pintura, na história recente da arte contemporânea brasileira?

 

FP - Sou pintor que sabe que a ética e a estética da Arte e da Pintura, respectivamente, são caminhos especiais para o crescimento. Portanto, reinvento a Pintura a cada dia, da mesma forma que acordo e renovo a esperança a cada manhã. O caminho é longo e sinuoso. Não tem o ontem, tão pouco o amanhã. Começa e termina sempre no hoje, no agora. No abrir do Atelier. Contemporaneidade e universalidade são intrínsecas.    

 

 

Mais referências sobre Fernando Pacheco e sua obra: www.fernandopacheco.com.br

 

 

 

 

junho, 2008
 
 
 

 
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José Aloise Bahia (Belo Horizonte/MG). Jornalista, pesquisador e escritor. Autor de Pavios curtos (poesia, anomelivros, 2004). Participa da antologia O achamento de Portugal (poesia, org. Wilmar Silva, anomelivros/Fundação Camões, 2005), que reuniu 40 poetas mineiros e portugueses. Autor de Em linha direta (dissertação no campo da comunicação social, no prelo, pela Quarto Setor Editorial). Também participa do livro Pequenos milagres e outras histórias (Grupo Galpão, Editoras Autêntica e PUC-Minas, 2007).
 
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