AS MULHERES
GOZAM PELO OUVIDO
Poemas eróticos de Sylvio Back
Gravuras de Géza
Heller
80 páginas R$ 20,00
Investindo numa
vertente incomum e rala na lírica brasileira, a poesia
erótico-fescenina, o selo Demônio Negro, está lançando AS
MULHERES GOZAM PELO OUVIDO, de Sylvio Back, a
quarta incursão do cineasta-poeta no gênero. O livro é ilustrado com
xilogravuras inéditas do arquiteto e artista plástico húngaro
Géza Heller (1902-1992). Back retoma neste livro sua
vocação pelo verso desmetaforizado para discorrer, como diz, sobre
partes erógenas, os precipícios do corpo e as estrupulias do ato sexual
sem rebuços ou meios-tons. E arremata: "a poesia empurece qualquer
palavra. Não há palavra impura para o poeta".
EROS
& FESCÊNIA
Chamada de erótico-pornográfica ou,
pejorativamente, poesia pornô e de sacanagem, ela freqüenta toda uma
linhagem de ilustres cultores na história da literatura ocidental (de
Bocaccio, Chaucer, Quevedo, Ronsard a Goethe; de Baudelaire, Rimbaud,
Whitman, Apollinaire, Valéry, Verlaine aos lemericks ingleses; de Pierre
Louÿs, Boris Vian a Neruda, etc.). Termo associado à cidade etrusca de
Fescênia, o verso obsceno (literalmente, fora de cena), tem explícita
origem na cultura popular. São estrofes lúbricas, picantes e de crítica
moral que desde os clássicos romanos Catulo, Ovídio e Marcial, passando
pelas medievais CANTIGAS D'ESCÁRNIO E DE MAL DIZER, pelo veneziano
Aretino, pelo "Boca do Inferno" Gregório de Mattos, pelo português
Bocage, aos nossos Bernardo Guimarães, Oswald de Andrade, os capixabas
Paulo Vellozo, Jayme Santos Neves e Guilherme Santos Neves (autores do
antológico CANTÁRIDAS), Manuel Bandeira e a Carlos Drummond de Andrade
de AMOR NATURAL, representam — para muitos críticos — uma espécie de
não-poesia. Até de negação do próprio fabro
poético.
VERSO
PROSCRITO
Por recorrer a um jargão cassado pela sua crueza,
humor e nonsense, pelo tônus licencioso e bestialógico dos versos, e no
entanto prática oral, de cordel e erudita de todos os povos civilizados,
a poesia erótico-fescenina via de regra é censurada e censurável, quando
não literalmente proscrita. Mesmo nestes tempos de extrema
permissividade e exposição erótico-sexual. No Brasil de hoje poucos são
os poetas (dentre eles, Augusto de Campos, Sebastião Nunes, Affonso
Romano de Sant'Anna, Armando Freitas Filho, Glauco Mattoso, Affonso
Ávila, Décio Pignatari, Douglas Diegues, Luiz Roberto Guedes, Rubens
Rodrigues Torres Filho) que se arriscam nesse registro sem temer pela
repercussão junto ao restante de sua obra.
SYLVIO BACK é cineasta, poeta e escritor.
Autor de trinta e seis filmes (o mais recente, LOST ZWEIG) publicou, em
1986, O CADERNO ERÓTICO DE SYLVIO BACK (Tipografia do
Fundo de Ouro Preto, Minas Gerais), seu primeiro livro de poemas.
Depois, MOEDAS DE LUZ (Max Limonad, São Paulo, 1988),
A VINHA DO DESEJO (Geração Editorial, SP, 1994),
YNDIO DO BRASIL (Poemas de Filme) (Nonada, MG, 1995),
BOUDOIR (7Letras, Rio de Janeiro, 1999);
EURUS (7Letras, RJ, 2004), TRADUZIR É POETAR ÀS
AVESSAS (Langston Hughes traduzido) (Memorial da América
Latina, SP, 2005), EURUS BILÍNGÜE (português-inglês)
(Ibis Libris, RJ, 2006) e KINOPOEMS (@-book) (Cronópios
Pocket Books, SP, 2006). Tem igualmente editados livros de contos,
ensaios e dez roteiros de seus filmes.
O Selo DEMÔNIO NEGRO é um projeto
editorial de Vanderley Mendonça, sócio da Amauta
Editorial, editora voltada para o intercâmbio literário entre o Brasil e
demais países de línguas ibéricas. Além de escolher os autores, o editor
desenha, imprime, costura, cola e monta cada exemplar. O acabamento
varia a cada edição, do uso de papéis especias, com fibras metálicas ou
emborrachados, a montagens artesanais que dando aspecto diferenciado às
edições: capas duras impressas com clichês e tinta tipográfica
(substituindo tipos móveis por fotopolímero), hot stampping, offset ou
impressão digital. As tiragens são sob demanda, por isso as edições
nunca se esgotam. Os exemplares podem ser adquiridos diretamente com o
editor pelo mail vanderleymeister@gmail.com, pelo site www.sebodobac.com e no b_arco (brasil_artecontemporânea, tel 3081-6986), em São
Paulo.